quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Futebol rico, futebol pobre

Há dias, no meio de uma qualquer pesquisa banal na net,encontrei um editorial de Luís Avelãs, editor chefe de um dos principais jornais desportivos diários do nosso país,datado de 8 de Junho e que penso ter sido publicado na edição desse dia. Estávamos à beira do início do mundial. Qual crise - na qual quase ninguém pensava - o tema do editorial eram os prémios e apoios que a FIFA ia distribuir pelas Federações e clubes cujas selecções e jogadores estariam representados no evento.
351 milhões de euros! Terá sido o "bolo" distribuído pela FIFA! Para começar, as Federações participantes receberam, cada uma, 800 mil "euritos" para  "o auxílio" na preparação do Mundial. Globalmente, os clubes que "forneceram"  jogadores receberam 33 milhões de euros... o que é isso, quando se compram jogadores a quase 100 milhões! A modesta "particpaçãozita" da nossa selecção rendeu 7,5 milhões aos cofres da FPF. Pois é um número que até parece modesto quando falamos de uma entidade pública (...sem estatuto) que gere um orçamento anual de mais de 33 milhões de euros e que se dá ao luxo de pagar um  prémio de mais de 700 mil a um treinador, que de seguida saneou. E os jogadores? Coitados, receberam trocos! 50 mil para cada um; sempre terá dado para uma semanita bem passada,sem grandes abusos nos gastos.A propósito do futebol rico,sem crises, podíamos continuar a conversa e seguir pelas quantias astronómicas que valem os direitos televisivos, a publicidade e os direitos de imagem, entre outras fontes de receitas que continuam a ser esbanjadas e que podiam ser afectadas em parte(bastava uma pequenas parte) a apoiar quem luta diariamente na contagem dos tostões, para manter vivo o gosto pela modalidade enquanto ajuda na ocupação dos tempos livres da miudagem.
Falemos agora do futebol pobre.Aquele que vive da carolice, do esforço, da dedicação e que qualquer dia pode ter os dias contados.O que dá a o Estado, a FIFA, a FPF e/ou as Associações aos clubes e praticantes de base? Aos que continuam a alimentar nos miúdos o gosto pela modalidade e que, não raras vezes fornecem o futebol rico.Não veio CR7 do futebol pobre?  E à nossa escala donde vieram o Tiago Targino e o João Aurélio,só para falar dos mais recentes alentejanos a singrar no desporto rei?.
Até há pouco tempo a autarquia de Beja apoiava as Associações desportivas com 1250 euros anuais por cada escalão de formção. Mesmo com muita contenção, aquele valor mal dava para as inscrições e para o arranque da época (há que comprar equipamentos, pagar a técnicos, assegurar transportes); directamente do Estado, o apoio é nulo. Convenhamos que é pouco. E é muito pouco porque os clubes se sustituem ao Estado num dos seus deveres para com os cidadãos: a promoção da prática desportiva.
Mas vejamos o que dá a FPF: distribui meia dúzia de tostões por ano pelos clubes, referentes às verbas do totobola. Pior, continua ver no futebol de base uma fontes de receita: filiação anual, inscrições, taxas de organização e arbitragem.
O que é feito das quantias astronómicas de que falávamos há pouco? Porque +e que nunca ninguém se lembrou que sem o futebol de base não tínhamos Cristianos Ronaldos e Messis? Será que o futebol rico passava dificuldades se uma pequena fatia das verbas que movimenta fosse afectada ao tal de futebol pobre? O quê? Ninguém tinha pensado nisso? Óptimo! Temos uma boa oportunidade para inovar e não andar sempre a reboque do que se faz lá fora!
Senhores dirigentes da FIFA e da FPF, Senhores Governantes, parece-me que valia a pena pensar nisto.

Cronica de António Gonçalves Romão.
Fonte: SportAlentejo

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