quinta-feira, 31 de outubro de 2013

José Megre. O "Pai" da Baja Portalegre

Na semana em que decorre a 27ª edição da Baja Portalegre 500, Alentejo e Desporto recorda aquele que foi o fundador da prova e o “Pai” do todo o terreno em Portugal.
Nascido a 26 de Março de 1942, em Lisboa e formado em engenharia mecânica, José Megre desde cedo se começou a interessar por automóveis.
Depois de efetuar um Curso de Engenharia Mecânica com especialização em Automóveis em Londres, Inglaterra (1963-66), Megre decidiu participar nalgumas competições automóveis. Nos anos 70, o antigo piloto somou três participações no Campeonato do Mundo de Ralis. A partir de 1982 passou a dedicar-se exclusivamente à disciplina de todo o terreno onde se destacam as participações pioneiras no rali Paris-Dakar ao volante dos UMM de construção portuguesa. Participou ainda no rali Paris-Cidade do Cabo e no Paris-Moscovo-Pequim.
"Pai" do todo o terreno em Portugal
Como organizador foi o responsável pelo aparecimento da Maratona de Portalegre, em 1987, e da Baja Portugal, em 1988, prova que é hoje conhecida como Rali Transibérico, a mais importante competição europeia da modalidade, integrando a Taça do Mundo de Todo-o-Terreno. Dentro de seu leque de organizações inclui-se ainda as 24 Horas de TT e o Transportugal.
Desde 1987 foi o responsável pela criação e organização de várias expedições intercontinentais em África, Ásia e Américas, todas elas com um mínimo de 15 mil quilómetros. É o sócio número 1 e co-fundador do Clube Todo-o-Terreno, criado em 1982, e presidente e co-fundador do Clube Aventura, iniciado em 1984.
O viajante
Viajante compulsivo, esteve em 193 dos 194 países soberanos reconhecidos no planeta - só lhe faltava o Iraque. De notar que, as viagens de José Megre não eram feitas, de maneira nenhuma, unicamente para conseguir o carimbo no passaporte. A sua norma era fazer vários quilómetros, em todas elas, para conhecer o melhor possível os países que visitava, tendo percorrido cerca de um milhão de quilómetros em automóvel fora de Portugal. Mesmo nas últimas viagens que fez a países fechados ao turismo, alguns dos quais bastante instáveis e com restrições à circulação, percorreu de automóvel várias centenas de quilómetros em cada um deles.
Nos últimos dois anos visitou cerca de 20 países, entre os quais a Libéria, o Afeganistão, a Coreia do Norte, a Nigéria, o Zaire, a Somália, os minúsculos Nauru e Tuvalu no Pacífico, o Tadjiquistão e a Arábia Saudita, onde José Megre se deslocou por três vezes, fazendo aí um total de 12 mil km em automóvel, tendo esta sido a sua última e importante descoberta.
Em 2007 fez a sua terceira viagem em automóvel desde Portugal ao Sul de África, desta vez com destino a Maputo. Mas, anteriormente já tinha atravessado 15 vezes o deserto do Sahara em seis itinerários diferentes. Assim, conhece todos os países de África através destas e de várias outras viagens que fez neste continente, sempre em automóvel.
José Megre começou a viajar de automóvel no estrangeiro com 13 anos, na altura com os pais, e nunca mais parou. Desde então, para além dos itinerários no continente africano anteriormente referidos, cruzou a Europa e a Ásia por três vezes, fazendo duas travessias entre o Atlântico e o Pacífico, uma no rali Paris-Pequim, outra no comboio Transiberiano e ainda outra que o levou de Lisboa à Índia, ao Nepal, Butão e Tibete de automóvel.

Nos dois continentes americanos, atravessou por duas vezes os Estados Unidos e uma vez o Canadá, ambos de costa a costa. Percorreu também todos os países da América Central e, por quatro vezes, a América do Sul em viagens de cerca de 15 mil km cada, sempre em itinerários diferentes.

Efetivamente, o objetivo de José Megre como viajante não era só conhecer todos os países do mundo, mas também fazer todos os grandes itinerários dos sete continentes, cruzando-os de Norte a Sul e/ou de Leste a Oeste. Assim, para cumprir este objetivo deslocou-se também à Antárctida no navio Explorer, recentemente afundado durante uma expedição idêntica. Percorreu, ainda, cerca de 20.000km na Austrália, para além de ter estado em todos os países independentes da Oceânia-Pacífico.

José Megre deixou-nos aos 66 anos, a 21 de Fevereiro de 2009, vítima de cancro do pulmão.

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