Treze de Novembro de 2016, três da tarde, Penedo Gordo: foi nesta
pequena aldeia do concelho de Beja que o senegalês Malick Sambou, de
apenas 20 anos, reencontrou a felicidade. Depois de mais de um ano sem
participar num jogo oficial de futebol, quando entrou no campo pelado
com a camisola do Milfontes o jovem pôde (finalmente) voltar a sorrir.
"Entrei em campo e parecia um jogador novo, foi muito bom para mim. Foi
especial", recorda o atleta ao "CA". "Digo sem vergonha que fiquei de
lágrimas nos olhos quando ele entrou", acrescenta António Friezas,
vice-presidente do emblema de Vila Nova de Milfontes.
Mas para se perceber a importância daquela tarde de Novembro para Sambou
é preciso recuar até Março de 2014, quando o jovem defesa central
Malick aterrou em Lisboa proveniente da cidade senegalesa de Kolda. Na
bagagem trazia roupa, umas botas e, sobretudo, o sonho de ser um craque
na Europa do futebol.
O seu destino foram os juniores do Oeiras, mas a realidade que encontrou
foi bem distinta daquela que lhe prometeram ainda em África. E quando
estava em vias de assinar contrato profissional com o clube partiu um
pé, o que inviabilizou o acordo. Viu-se sem contrato e sem visto para
continuar em Portugal. A solução foi fugir! "Pensei que se voltasse ao
meu país não conseguiria voltar à Europa. Não podia aceitar isso",
recorda.
Rumou então a Sines, para trabalhar nas obras. Ao mesmo tempo, tentou a
sorte no Vasco da Gama de Sines, mas o clube não conseguiu legalizá-lo.
Seguiu-se o Milfontes, onde o acolheram de braços abertos.
"Ficámos impressionados com a história de vida dele e não conseguimos
ficar indiferentes. A partir daí passou a pertencer à família Praia de
Milfontes e começámos a criar condições para ele ter uma vida digna",
conta António Friezas.
Entre a chegada a Vila Nova de Milfontes e a estreia com a camisola do
Praia passou mais de um ano. Mas hoje está tudo resolvido e Malick
Sambou, que fora do futebol trabalha numa empresa de plantas
decorativas, voltou a sorrir.
"Toda a gente gosta de mim. Parece a minha terra no Senegal, toda a gente fala comigo e gosta de mim", conta o atleta a sorrir.
Fonte: http://www.correioalentejo.com
Sem comentários:
Enviar um comentário