sexta-feira, 2 de junho de 2017

Bola de trapos


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Mina de São Domingos


José Saúde

Divagando sobre um passado que ficou descrito em memórias que jamais se evaporarão na infinidade de um horizonte onde os mistérios teimam em lisonjearmo-nos com ávidas recordações, recorro ao meu arquivo desportivo e dou por mim a concluir mais uma etapa da minha crónica semanal intitulada, agora, “Bola de trapos”: a Mina de São Domingos. Em cada recanto existem resquícios de saudade. À labuta quotidiana de outrora, travada nas entranhas da terra na procura do precioso minério, existem, paralelamente, espaços desportivos que nos fazem reviver épocas de ouro do São Domingos Futebol Clube. O decrépito campo de jogos Cross Brown, palco de tardes de brilhantismo futebolístico, lá continua imune às opções que o homem porventura sustente. Longe vão os tempos em que os ingleses, funcionários da firma Mason and Barry, deliciavam a plebe com a majestosa arte do jogo da bola. Narra a história que o futebol chegou ao povoado no ano de 1918, sendo Manuel Revez Pereira um dos seus grandes impulsionadores. Fundou-se, então, o Guadiana Foot-Ball Club, com sede numa das ruas do Bairro Alto. Tendo em conta a rivalidade existente entre adeptos do Benfica e do Sporting, em 1922 deu à estampa o São Domingos Foot-Ball Club, um grupo formado na base de aficionados benfiquistas. A sede do São Domingos fixou-se na Casa dos Ingleses, onde ainda se mantém. Numa observação aos tempos idos, constata-se que o Guadiana equipava à Sporting e o São Domingos à Benfica. Todavia, o clima encarregar-se-ia em fazer do São Domingos o emblema mor que ficaria para a posterioridade. Do lote de craques que nas décadas de 30, 40 e 50, no século passado, elevaram o nome do lugarejo, assim como de um grémio que deu brado em solo lusitano, cito Alfredo Valadas e Domingos Lopes, jogadores que atingiram o padrão de internacionais. É óbvio que foram muitas as estrelas que brilharam a nível nacional em clubes de renome e que tiveram como origem a emblemática coletividade, mas essa é uma outra matéria que um dia dissecaremos. Resta, pois, aplaudir aqueles que atualmente motivam as suas gentes para que o fenómeno desportivo permaneça ativo na Mina de São Domingos.


Fonte: http://da.ambaal.pt

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