sexta-feira, 23 de junho de 2017

Uma reflexão profunda


O Portimonense, os Luvas Pretas e a Académica de Santarém foram os clubes vencedores das diversas categorias da Beja CUP 2017. As equipas do Clube Desportivo de Beja conseguiram classificações modestas.

Texto e foto Firmino Paixão

Foi já em tempo de luto nacional, com as bandeiras do Complexo Desportivo Fernando Mamede a meia haste e as jovens equipas finalistas a respeitarem um minuto de silêncio em memória das vítimas da tragédia de Pedrógão Grande, que chegou ao fim a edição 2017 do Beja CUP, 4.º Torneio de Futebol Infantil Cidade de Beja. Mas também com algumas expressões de desalento no rosto dos seus principais promotores, pela ausência de apoio logístico durante a realização da competição que, durante três dias, trouxe a Beja cerca de dois milhares de visitantes.
O balanço desportivo, no que ao emblema anfitrião diz respeito, também não agradou aos seus dirigentes, e o lamento veio pela viva voz de Rui Carraça: “Penso que o torneio foi importante para o clube perceber qual é o seu enquadramento desportivo comparativamente com as outras equipas. Infelizmente para o clube não foi bom, tivemos resultados muito maus, e isto mostra que qualquer coisa não está bem ao nível da formação no nosso distrito”. E justificou: “Se conseguimos ter bons resultados nas provas distritais e chegamos a um torneio com equipas, de valor médio ou baixo, dos outros distritos, e não nos conseguimos impor, alguma coisa não está bem”. Uma conclusão perfeitamente assumida: “É um facto que isto nos revela que há muito a fazer da parte do Desportivo de Beja”.
Em termos de empenho da organização, as coisas foram diferentes, aí o clube saiu prestigiado, diz. “Pensamos que sim, para o clube e para os nossos atletas isto é muito importante, é por eles que desenvolvemos este esforço, para lhes oferecer uma competição que de outra maneira não tinham acesso, os pais dos atletas são fundamentais, são eles que se empenharam nesta organização e permitiram que isto fosse possível. Servimos mais de 1 700 refeições aos atletas, conseguimos ter sempre gente para trabalhar e tivemos uma bancada completamente cheia, como há anos não se via em Beja, foi muito positivo”.
Sobrará então vontade para que em 2018 tenhamos mais uma edição da Beja Cup? “Neste momento não é essa a nossa vontade, nem tudo correu bem, temos que refletir se valerá a pena. Terão que nos ser dadas condições para que se possa trabalhar, faltam-nos apoios, a cidade não se virou para o torneio, a hotelaria e a restauração estiveram completas, mas depois não se veem contrapartidas das empresas e da própria autarquia. Vamos refletir se valerá a pena continuar”, diz.
Será uma pena que o Beja Cup fique por aqui, até porque João Alves, o eterno “luvas pretas”, que esteve em Beja a enquadrar os miúdos da sua escola de futebol, reconheceu: “É sempre de enaltecer a organização destes eventos, o futebol é algo que faz parte da educação dos portugueses, faz parte do crescimento dos nossos jovens e tudo o que sejam iniciativas no sentido de os motivar para esta prática desportiva saudável é sempre muito importante. O futebol faz parte da nossa identidade e da nossa história, portanto, parabéns ao Clube Desportivo de Beja por esta grandiosa organização que teve um bom nível, com muita gente e muito entusiasmo e foi tudo excelente”.
Carlos Padrão, antigo guarda-redes do Desportivo de Beja, outro ilustre visitante, não teve dúvidas em afirmar: “Isto é semear para ir colher mais à frente. É importante que não se deixe morrer o trabalho que se faz na formação e que tão importante é para os miúdos e para os clubes. O futebol português deve muito a gente anónima, gente que ninguém sabe quem é, e são exatamente estes miúdos, estes treinadores e estes dirigentes que promovem este trabalho”, concluiu.
O Beja Cup 2017 trouxe à cidade 40 equipas, de 19 clubes, num total de 600 jovens atletas. No plano desportivo o Portimonense Sporting Clube venceu as categorias de petizes e traquinas, a Associação Desportiva Escola de Futebol Luvas Pretas, de Santiago do Cacém, ganhou no escalão de infantis e a Académica de Santarém triunfou na categoria de benjamins.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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