sexta-feira, 14 de julho de 2017

Até logo Manel!


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José Saúde

Nasceu na freguesia de Quintos, concelho de Beja, no dia 29 de dezembro de 1957, contava 59 anos, e chamava-se Manuel Francisco Rosa Ventura. Conheci o Manel desde os tempos de mocidade. Com ele dissequei momentos desportivos inesquecíveis. O mundo da bola encarregar-se-ia de uma aproximação recíproca e que se estendeu ao longo de várias épocas. A vida, porém, remete-nos para fins inimagináveis. No pretérito 4 de julho, terça-feira, chegou-me a fatídica notícia da sua morte. O seu estado físico estava debilitado, é verdade. Pressuponha-se que o seu fim não estaria longe. Deixou desmesuradamente de viver. Fixou-se numa opção pessoal e negou o futuro. A última vez que o vi, já numa cadeira de rodas e como utente do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, cravou o seu olhar na minha pessoa e remeteu-se ao silêncio. Não falava, tão-pouco esboçava a intenção de o fazer. Olhava para a infinidade do horizonte e fixava o seu olhar no vazio. Arrisquei: Manel, não me conheces? Perguntei! A recetividade da minha aproximação foi negativa. Compreendi que a coisa estava feia. Ele que jamais recusou dois dedos de conversa agora virava-me as costas. Pareceu-me um resignado vivendo numa outra galáxia onde a vitalidade tinha, entretanto, findado. Mas, neste deambular permanente da nossa presença terrena, existem sempre réstias de esperança, pensei. Contudo, o Manel recusou piamente em fazer parte do reino dos mortais. Falar de Manuel Ventura é centralizarmo-nos num homem para quem o futebol foi um estandarte que mui dignamente venerou e ao qual se entregou de alma e coração. Recordo a sua azáfama em redor do futebol dos mais novos, por exemplo. O seu reconhecimento para com os modernos craques era suprema. O seu currículo como dirigente diz-nos que foram 27 os anos como diretor da AF Beja, logo, não foi por mero acaso que na última Gala dos Campeões, embora pessoalmente ausente, a direção tivesse a honra em atribuir-lhe o diploma de sócio honorário, um desígnio justo e sobretudo merecedor. Estivemos presente no seu funeral. A família futebolística  bejense prestou-lhe a última homenagem. E foram muitos os amigos que o acompanharam à sua última morada. Sobre a sua urna lá seguiu a bandeira da AF Beja. Resta trazer sempre à liça o seu nome e o muito que trabalhou para bem do futebol associativo. Até logo Manel!

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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