sexta-feira, 14 de julho de 2017

Centro de Cultura Popular de Serpa: A motivação supera lacunas


O Centro de Cultura Popular de Serpa passou, recentemente, por grandes momentos de sucesso. Numa primeira fase, a promoção da equipa principal à 2.ª Divisão Nacional, acompanhada da respetiva manutenção. Mais recentemente, a promoção dos juvenis à 1.ª Divisão.

Texto e foto Firmino Paixão


São feitos tanto mais relevantes quando conhecidas as dificuldades que o clube tem em reunir, diariamente, os atletas seniores para a preparação dos jogos de andebol. O trabalho psicológico, os apelos motivacionais recebidos do treinador e a forte unidade e coesão do grupo são os fatores a que António Baião, treinador da equipa sénior, atribui o sucesso coletivo.


Se a promoção tinha sido inédita, a manutenção na 2.ª Divisão confirmou o percurso de sucesso do CCP Serpa?Sim, se a subida foi história, a manutenção não o foi menos. Por vezes diz-se que o mais difícil é lá chegar e quando estamos em competições acima do que é habitual para a nossa condição tudo se torna mais difícil. A manutenção, para mim, foi tão difícil como a subida. Até às últimas três jornadas andámos na luta, sabendo que já seria difícil não conseguirmos o objetivo, mas as condições eram realmente adversas e fizemos um percurso de muita luta, de muito sacrifício, para conseguirmos as nossas metas. O grande mérito desta manutenção deriva das dificuldades que ao longo da época tivemos que superar, trabalhando sempre com poucos atletas durante a semana. Foi um calvário difícil que conseguimos levar a bom porto, com o mérito de todos, atletas, equipa técnica e dirigentes.


O plantel vai ser reforçado?Neste ano vamos ter mais três jogadores que saíram dos juvenis. São reforços que teremos que potenciar, naturalmente, com um trabalho psicológico sobre eles, porque estes miúdos, às vezes, não sabem esperar, querem jogar logo, mas é muito difícil um miúdo sair dos juvenis e pegar logo na equipa sénior. Esse terá  de ser o nosso trabalho, fazê-los entender que terão de esperar pela sua oportunidade. Vamos ter 18 jogadores, estamos a mês e meio do início da nova época, vamos ver.


A experiência e as rotinas competitivas ganhas na última época podem tornar a próxima mais fácil?Depende daquilo com que pudermos contar. Na última época tínhamos meia dúzia de jogadores permanentemente fora de Serpa. Só vinham ao fim de semana. Neste ano esse cenário manter-se-á, mas com os que cá estão as dificuldades podem aumentar. Mas sabemos o que queremos, que é a manutenção, vamos tentar fazer o melhor que nos for possível, potenciando ao máximo os jogadores. Os nossos juvenis subiram à 1.ª Divisão e podemos ter mais gente a trabalhar durante a semana.


Essa promoção dos juvenis facilitará o vosso trabalho ou, pelo contrário, dividirá o foco pelas duas frentes?A subida da equipa de juvenis foi um grande êxito. Um clube do interior, nos dias de hoje, alcançar esse patamar foi algo importante. Acontece que mais de metade da equipa subiu à categoria de juniores e temos aqui um dilema que a curto prazo teremos que resolver. Ou vamos realmente disputar a primeira divisão ou continuaremos na segunda com os poucos jogadores que temos. A subida prestigia o clube, mas ficamos com menos margem de recrutamento para a equipa sénior, no entanto, temos que pensar na base do clube, nos bambis, nos minis, nos infantis, temos que manter esses escalões, senão cria-se um vazio nas equipas de iniciados e juvenis e, num futuro próximo, não teremos equipas nestes escalões.


O que obriga a terem um quadro técnico mais alargado …Continuamos com algumas dificuldades nessa área. Já disse isto várias vezes, a Associação de Andebol de Beja tem que fazer sentir à federação a necessidade de organizar cursos de 1.º grau. Tem que fazer formação para outros técnicos, porque se quisermos unidades de crédito temos que ir para outras regiões. Não é nenhuma crítica, é uma sugestão, promovam formação que nos permitam ter créditos para, no futuro, não sentirmos problemas.


Ponderadas as dificuldades, a equipa apresentar-se-á com atitude, ambição e com o pensamento em manter-se neste patamar?Sim, não se pode pedir mais. Os jogadores sempre demonstraram muita dedicação, mas, para mim, enquanto treinador, é difícil, porque andei dois ou três meses a preparar a equipa com 12 ou 13 jogadores e depois de janeiro fiquei sem hipótese de o fazer. Trabalhei apenas por setores, não conseguia fazer trabalho global, em equipa, não tinha atletas em número suficiente. Mas o grupo é muito forte, é muito unido, tudo isso supera as restantes lacunas e suporta a nossa presença no lugar onde estamos. Por isso, não vamos garantir mais do que uma forte ambição para nos mantermos a este nível.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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