sexta-feira, 21 de julho de 2017

Desportivo de Beja

José Saúde

A biografia do desporto em Beja é consubstanciada em factos inolvidáveis. A sua longínqua existência remete-nos para os seus primórdios. Foi em 1906 que um grupo de rapazes que frequentava estabelecimentos de ensino em Lisboa, Colégio Militar e Escola Académica, que, nas férias de Natal desse ano, trouxeram para a velha Pax Julia “o vício do jogo da bola”. Manuel Gomes Palma, Frederico Durão Ferreira, José Candoso, Francisco Nobre Guedes, Joaquim Vilhena Freire de Andrade, Carlos Rodrigues Soure, Manuel Bravo e Albino Rodrigues Soure foram os grandes impulsionadores que fomentaram o futebol no burgo. Vivia-se, com brilho, esse momento fulgente por todo o País. Dezoito anos antes, em 1888, os irmãos Pinto Bastos, Guilherme, Eduardo e Frederico, estudantes num colégio em Liverpool, Inglaterra, transportaram para Portugal uma bola e o consequente vício. Sabe-se que o movimento futebolístico na urbe bejense seguiu a eloquente via ascendente. Formaram-se grupos, clubes, ou equipas avulsas, e que entretanto se defrontavam entre si, não obstante as cautelas que o polícia de giro recomendava. Eiras e terreiros eram os locais privilegiados para a jogatana. Ao longo dos anos Beja cresceu de paredes-meias com uma modalidade que se afirmaria na cidade. De entre os clubes que se afirmaram, destaco o Desportivo de Beja. É certo que o tempo vivido remete-nos para o campo da saudade. Somos, felizmente, conhecedores de temporadas em que o Desportivo se assumia como a bandeira da região. A matéria futebol era tratada de forma exemplar pelo emblemático grémio da rua do Sembrano. Estádio cheio, multidões de gentes que preenchiam por completo as bancadas, a azáfama de quem chegava para assistir ao jogo, o reboliço de pessoas que após o desafio se distribuíam pela cidade à procura de um espaço de comes e bebes, enfim, um elevado número de recordações que agora se consomem num mar de tristezas. Periclitante e impensável é observar a presente realidade do Desportivo como um dos clubes que na próxima época militará no quadro da segunda divisão da AF Beja. Resta deixar um bem-haja àqueles dirigentes que despretensiosamente ainda abraçam a sua evidente entrega num clube que é somente portador de uma inabalável história.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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