sexta-feira, 21 de julho de 2017

Joaquim Catrapona: dirigente, árbitro, delegado e comentador


Texto e foto Firmino Paixão

O primeiro a ser “vacinado” foi mesmo o irmão João, antigo guarda-redes, também colega de trabalho no mesmo departamento estatal de geologia e minas, nesta cidade. Foi a aldeia de Baleizão, no concelho de Beja, que viu nascer Joaquim Afonso Leandro Catrapona, no primeiro dia de outubro de 1952. Tem dedicado toda uma vida a esta modalidade e quando lhe perguntámos se sabia patinar, respondeu “Sei andar de patins”, vincando a diferença entre patinar e equilibrar-se sobre os patins. “Com uma ligação tão intensa à modalidade tive de aprender a andar de patins e ainda hoje sou capaz de o fazer”.
Comunicador, por excelência, recorda factos e datas longínquas com tanta facilidade e emoção como se as estivesse a viver. O primeiro contacto, mais a sério, com a patinagem, confessou, foi em 1974: “Cumpria o serviço militar quando soube que um grupo de atletas que habitualmente patinavam no ringue do jardim público tinham ocupado o pavilhão de Beja porque, antes do 25 de Abril, não era permitido os patins entrarem naquele recinto desportivo”. Recorda também que João Magalhães já o tinha convidado para ajudar na secção de patinagem do Clube Desportivo de Beja, e, uns anos depois, em março de 1976, envolve-se na fundação da primeira versão da Associação de Patinagem do Alentejo e Algarve: “Fui dirigente e um dos fundadores, tomámos posse nas instalações do antigo Grémio do Comércio, à praça da República, porque Francisco Pratas, colaborador dessa entidade, foi um dos homens que esteve também à cabeça da fundação da associação”.
Num segundo momento, em 1984, deixou a associação porque, “por insistência do António Marciano, à época presidente do Conselho Regional de Arbitragem, entrei para árbitro de hóquei em patins. Já antes tinha tirado um curso, apenas para fazer número, porque o conselho central só vinha dar formação a um número mínimo de candidatos e eu inscrevi-me e tirei o curso. Nunca tinha pensado ser árbitro de hóquei em patins, porque, entretanto, tinha também tirado um curso de juiz de corridas em patins e, aí sim, chegaria a juiz internacional, fui mesmo convocado para um campeonato da Europa”. Depois o hóquei falou mais alto: “Acumulei as duas funções mas, por imposições regulamentares, fui obrigado a optar e decidi-me pelo hóquei em patins. Cheguei à 1.ª divisão, patamar onde permaneci durante cinco anos. Apitei grandes jogos entre os melhores clubes nacionais”. Uma opção de que nunca se arrependerá, pelas amizades que hoje conserva nos quatro cantos de Portugal, incluindo as ilhas: “Valeu a pena. Deixei amigos em todo o País e até no estrangeiro”. E recorda: “Apitei um torneio internacional com um árbitro espanhol, Joaquim Varela, a quem me juntei, recentemente, em Sevilha, aquando da celebração das quatro décadas do meu aniversário de casamento. A patinagem, em geral, deu-me muitas amizades, mas a arbitragem foi a que melhor as cimentou”, sublinhou.
Nada admira, por isso, que o tenham convidado para delegado técnico em 2002, funções que ainda hoje mantém. Entretanto fez parte do Conselho Nacional de Arbitragem, tendo sido vice-presidente durante oito anos. Durante este invulgar percurso foi solicitado para analista e comentador em vários órgãos de comunicação social da região: “Uma experiência enriquecedora, porque eu não era jornalista, nem radialista, e acabei por escrever e falar nos principais órgãos da região. Tudo começou no ‘Diário do Alentejo’ e no jornal ‘O Ás’, durante muitos anos, depois no ‘Diário do Sul’, ‘Notícias de Beja’, ‘Sport Alentejo’, ‘Rádio Pax’, ‘Rádio castrense’, ‘Rádio Sines’, ‘Rádio Miróbriga’, ‘Rádio Vidigueira’ e ‘Rádio Diana’”. Pelo caminho e, pela enorme paixão com que vive a modalidade, foi sócio-fundador do Clube de Patinagem de Beja e foi criando, à sua volta, uma verdadeira dinastia. “A minha filha foi patinadora, é juiz e treinadora, a minha mulher é calculadora internacional e lidera o Conselho de Arbitragem e de Ajuizamento da Associação. Tenho um sobrinho árbitro, tenho uma sobrinha juiz de patinagem artística e o marido é árbitro de hóquei, já nem sabemos viver sem os patins, além de que o meu irmão foi jogador e hoje é dirigente”.
Expectante quanto a um futuro regresso à Associação de Patinagem, da qual é sócio de mérito, Joaquim Catrapona não esquece o enorme legado de João Magalhães nem o labor dos primeiros presidentes, Ramalho da Silva e Francisco Lourenço, bem como o único clube, entre os fundadores, que ainda se mantém filiado na associação, o Mineiro Aljustrelense.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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