sexta-feira, 13 de julho de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 13 de julho de 2018

José Saúde
Crianças
O mundo das crianças é simplesmente deslumbrante! Os putos, qual bando de pardais à solta, arquitetam fantasias, falam dos seus ídolos, elaboram imaginações, constroem núcleos de amigos, discutem os pormenores do futebol, sentem-se craques, não obstante as suas tenras idades, e atuam proficuamente em clubes ou associações. Para que a simultaneidade do acontecimento seja perfeita, envergam equipamentos de marca, botas e bolas da última geração, têm técnicos qualificados, entre outros adornos que os deixam extasiados. Numa reflexão a um passado onde fui ator, recordo outros tempos e dou por mim a viajar, a pé, para lugares onde a finalidade era um superabundante prélio. Peregrino pelos dóceis anitos de existência e revejo os desafios entre os bairros de Beja, ou numa visita a Santa Clara do Louredo, Boavista como sempre fora conhecida, ou a Vale de Vargo, freguesia situada nas proximidades da minha Aldeia Nova de São Bento, sendo que evoco, com enfâse, os combates corporais travados com as chuvadas de inverno, ou a canícula no verão, obstáculos literalmente vencidos. Os “estádios” eram pequenos campos em terra batida, duas pedras que sinalizavam as balizas e a tática era tudo ao monte e fé em Deus. Com uma bola de trapos debaixo do braço, roupa domingueira, sapatos finos, para aqueles que os tinham, e lá partia a moçada estrada fora. Agora, ao rever essas configurações, detenho-me perante novas realidades que deixam antever êxitos encantadores. A liberdade conquistada com Revolução do 25 de Abril de 1974, consagrou o crescimento de novos atletas, multiplicaram-se os clubes, assim como as construções de infraestruturas e a vida desportiva caminha no trilho presumivelmente certo. Presenciei, recentemente, no Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, e nos seus confinantes relvados sintéticos, ao V Torneio de Futebol Infantil Cidade de Beja – Beja Cup 2018 – um evento promovido pelo Desportivo, apoiado pela autarquia e AF Beja, entre outros patrocinadores, que teve como patrono o antigo futebolista bejense Francisco Agatão, e que me encantou. Numa sumária apreciação ao evoluir do contagiante facto, opino que as crianças foram, no seu todo, enormes vencedores. Segundo informações recolhidos junto a fontes fidedignas da Comissão que gere os destinos do Desportivo de Beja, ter-se-ão movimentado 914 atletas, distribuídos pelos escalões de Sub 7, 9, 10, 11, 12 e 14 e cujo orçamento rondou os 50 mil euros. Acrescesse, porque é justo que o façamos, que a cidade esteve ao rubro tendo em conta as muitas famílias dos jovens jogadores que fizeram da velha Pax Júlia o local privilegiado para uma estadia. Bem-haja a brilhante iniciativa, bem como a despretensiosa ajuda prestada pelos pais dos atletas. Que venha o próximo porque as crianças de hoje serão os homens de amanhã!
Fonte: Facebook de Jose saude.

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