sábado, 10 de novembro de 2018

Bola de trapos, Diário do Alentejo, edição de 9 de novembro de 2018

José Saúde
Caixinha
O futebol e os touros foram as suas grandes paixões. E se no futebol a sua entrega se pautou substancialmente pela afirmativa, na arena o antigo forcado foi um nome sonante na festa brava. João Maria Marujo Caixinha nasceu em Santa Clara do Louredo, Boavista, a 27 de agosto de 1947, e muito jovem rumou a Tomar onde foi aluno interno do Colégio Nuno Álvares Pereira. O cosmos futebolístico mexia com o seu ego, sendo certo que o União de Tomar ainda lhe endossou um convite, onde, aliás, chegou a treinar nas camadas de formação. Todavia, foi como jogador sénior que aconteceu a estreia oficial na cidade de Ovar. “O treinador da Ovarense era o Di Paola, sendo que num treino do União observou-me e ter-lhe-ei dado boas indicações. Quando acabei o 7º ano o Di Paola convidou-me e estive uma época na Ovarense”. Na temporada de 1967/1968, já radicado em Beja, ingressou no Desportivo, emblema que defendeu até à época de 1982/1983. Defesa esquerdo exemplar, Caixinha tinha a particularidade de assumir a marcação dos cantos que a equipa conquistasse na ala direita. Fazia-o de tal forma perfeita que no seu currículo constam alguns golos obtidos de canto direto. As recordações com o emblema do grémio paxjuliano ao peito são inolvidáveis. “No Desportivo vivi momentos inesquecíveis. Fiz, na época de 1969/1970, parte de uma equipa que esteve mais de 20 jogos sem perder. Eram só vitórias. Estive, também, numa subida à segunda divisão nacional. Enfim, foram muitos anos ao serviço do Desportivo”. Jogador do tipo antes quebrar que torcer, Caixinha lembra um convite que chegou do Belenenses. “Este convite aconteceu quando estava na tropa e o treinador da equipa de Belém era o Joaquim Meirim. Comigo estava o Quinito, que jogava no Belenenses e foi ele que me indicou aos responsáveis azuis uma vez que a equipa precisava de um defesa esquerdo. Nesses tempos os clubes exerciam o direito de opção e o Desportivo não me libertou”. Numa viagem ao seu longo historial observa-se um dado curioso: “Nos muitos anos que joguei futebol fui apenas expulso por duas vezes. A primeira no dia em que o meu filho Pedro nasceu quando agredi, de propósito, um adversário cuja finalidade era sair mais cedo do jogo; a segunda contra o Lusitano de Évora em que me envolvi com o meu amigo Januário, o “Foguete”, como lhe chamávamos”. O autor desta crónica partilhou o balneário do Desportivo com ele e recorda as nódoas negras no seu corpo após mais uma tarde, ou noite, de tauromaquia onde o mundo dos forcados ditava, por norma, momentos de glória. Depois de arrumar as botas Caixinha foi, ainda, treinador.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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