sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Bola de trapos, edição de 16 de novembro de 2018 no Diário do Alentejo

José Saúde
Vítor Madeira
Goleador com créditos reconhecidos, Vítor foi o irmão mais novo de uma linhagem de jogadores de futebol que honraram a modalidade onde o clã Madeira ortografou irrepreensíveis páginas de glória. Tudo começou com o mano Joaquim, estendeu-se ao Nói, Rui e João, fechando o ciclo em Vítor Manuel da Graça Madeira, nascido a 5 de setembro de 1953, em Beja. Oriundo de uma escola onde o jogo de rua acicatava a juventude, o seu primeiro “estádio” foi um espaço no Terreirinho das Peças. Eram os tempos em que as forças policiais multavam sem dó nem piedade uma miudagem que se entretinha a chutar uma bola. Desse grupo faziam parte o Delfim Agatão, o Marques, o Zé António, de entre muitos outros condiscípulos que mais tarde representaram o Desportivo de Beja. Numa auto-observação aos desafios travados entre os bairros, o Vítor puxa pela memória e evoca uma indubitável fidelidade: “Jogávamos contra a malta da Praça de Touros onde estavam os “Bajujas”, os “Sardinhas” e os “Ameixas”, ou com o Bairro do Pelame e ainda com a rapaziada do Jardim da Rampa. Eram sempre grandes jogos”. Na época de 1968/1969, Vítor Madeira iniciou-se no Desportivo. “Fui para o Desportivo como juvenil. O treinador era o Dionísio. Fiz, depois, uma época como júnior e na temporada seguinte ingressei no Vasco da Gama de Sines, como sénior”. Pelo meio da aventura ficou a hilariante história que envolveu um substancial aumento de ordenado. “O presidente era o Tavares, um homem de Beja, e propôs-me uma mensalidade de dois mil e 500 escudos e estadia paga, ora como ganhava 500 na Junta Autónoma de Estradas, não olhei para trás e assinei contrato”. E foi a defender as cores sineenses que Vítor Madeira recebeu memoráveis elogios de um jovem talhado literalmente para o futebol. Avançado temível, era a faturação de golos que o diferenciava dos demais, razão que o conduziu à cidade do Sado. “A minha ida para o Vitória de Setúbal foi um grande salto para o futebol profissional. O treinador era o Fernando Vaz e consegui conquistar um lugar na equipa principal. As minhas prestações suscitaram interesses do Benfica e Sporting”. O onze habitual do Vitória na época de 1987/1988 era o seguinte: Neno; Crisanto, Eurico, Aparício e Quim; Roçadas, Hernâni e Kazar; Jordão, Manel Fernandes e Vítor Madeira. Após cinco épocas pautadas pela fama, eis a inesperada saída de Setúbal. Seguiu-se uma temporada no Estoril e uma outra no Marítimo, verificando-se, entretanto, o seu retorno a Setúbal. Catalogando a sua exemplar carreira, Vítor Madeira somou dez épocas com a camisola do Vitória. Para encerrar o périplo do profissionalismo a estrela bejense viajou ao Canadá onde representou o First Portuguese. Voltou a Sines na temporada de 1991/1992 como jogador/treinador.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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