sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Bola de trapos, edição de 15 de novembro de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
Fernando Mamede, o recordista
A causa capital que me leva a introduzir excêntricos temas desportivos no “Diário do Alentejo”, antes no jornal “O ÁS”, dá-me firmeza para a elaboração de narrativas que litigam o leitor a rever a sua sapiência nos assuntos propostos. Revêem-se histórias sobre astros que foram brilhantes protagonistas em modalidades às quais se dedicaram de alma e coração. Falar de Fernando Eugénio Pacheco Mamede, nascido em Beja a 1 de novembro de 1951, é citar o antigo recordista mundial dos 10.000 metros, um feito conseguido a 2 de julho de 1984 em Estocolmo, Suécia, com o tempo de 28:21’87’’. A nossa afinidade próxima reporta-se aos tempos de infância. Fomos companheiros de equipa nos juvenis do Despertar, alunos da Escola Industrial e Comercial de Beja e discípulos do professor de educação física Rony. Recordo a sua influente apetência para o universo das corridas. Nós, garotos, víamos no Mamede um ídolo. Nas tardes de quartas feiras e sábados cheguei a correr ao seu lado nas voltinhas interiores dadas à nossa escola. Voltas onde só raríssimos companheiros o acompanhavam. O Vítor Santos dava-lhe luta e os despiques entre ambos eram entusiásticos. A sua primeira vitória deu-se num corta mato distrital disputado em Beja. Uma vitória que forneceu auspiciosos indícios para um pecúlio que mergulharia numa imensurável carreira. Para trás ficava a competição na Mocidade Portuguesa e, com 18 anos, pela mão do professor Moniz Pereira, assumiu compromisso com Sporting Clube de Portugal. Articular o nome de Fernando Mamede é enaltecer o eloquente atleta que deixou gravado surpreendentes recordes individuais e coletivos: record mundial de 10.000 metros; três europeus de 10.000 metros; dois nacionais de 5.000 metros; dois nacionais de 3.000 metros; um nacional de duas milhas; dois nacionais de 2.000 metros; seis nacionais de 1.500 metros; um nacional da milha; um nacional de 1.000 metros; cinco nacionais de 800 metros; um nacional de 500 metros; dois nacionais nos 4x1500 metros; dois nacionais nos 4x800 metros e um nacional de 4x400 metros. Importa, ainda, trazer à estampa o seu curriculum como júnior: dois recordes nacionais de 4x400 metros; dois nacionais de 400 metros; um nacional de 500 metros; quatro nacionais de 800 metros; um nacional de 1.000 metros e um nacional de 1.500 metros. Para além deste vastíssimo currículo, participou nos Jogos Olímpicos de Munique, 1972, Monte Real, 1976 e Los Angeles, 1984, só que nestas competições o insucesso teimou em não o coroar como indubitável rei que verdadeiramente já o era. A mente não comandava o corpo, as pernas ficavam amarradas ao momento e essa mágoa protelar-se-ia no tempo. Fernando Mamede um recordista de enorme capacidade competitiva mundial e que será eternamente sempre lembrado onde as tertúlias desportivas têm literalmente lugar.
Fonte: Facebook de JOse saude.
 

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