O portal desportivo
Maisfutebol tem uma nova rubrica, intitulada Depois do Adeus e dedicada à vida
de ex-jogadores após o final das suas carreiras. O que acontece quando penduram
as chuteiras? Como passam os seus dias? O dinheiro ganho ao longo dos anos
chega para subsistir? Confira os testemunhos, de forma regular, no Maisfutebol.
José Soares trabalha
com moda, faz fotografias, anda pelas passerelles, participa em eventos, vai
para o campo quando é preciso e tenta exportar vinhos alentejanos. Faz de tudo
um pouco.
A partir de Elvas,
luta pela vida. No Alentejo, com a camisola do Campomaiorense, assinou uma
exibição que viria a marcar a sua carreira para sempre. A receção ao F.C. Porto
e a marcação a Mário Jardel fizeram correr rios de tinha.
"Joguei no
Benfica, fui campeão europeu com a seleão sub-18, estive no terceiro lugar no
mundial do Qatar, fui titular do Benfica aos 23 anos, fiz um bom trabalho no
Alverca, mas só me falam do Mário Jardel".
O antigo central
defesa com o Maisfutebol. "Continua a ser assim. De vez em quando, lá me
falam dele. E eu tento explicar que fiz mais coisas na carreira."
"Não foi um dia
bom, a arbitragem também não foi boa e claro que exagerei na altura. Não só eu,
o Jardel também me agrediu. Mas passado um mês, fui à casa dele no Porto, fomos
almoçar e ficou tudo resolvido. Entre nós ficou, mas fui massacrado com isso
durante anos."
José Soares, que
acumulara capítulos interessantes na carreira até então, começou a perder o
gosto pelo futebol nesse dia da temporada 1999/2000. Emigrou meses mais tarde,
andou por vários países mas não sentia a paixão de antigamente.
"Fui ficando saturado do futebol"
"Esse jogo
marcou-me para sempre. Fui ficando saturado do futebol. Não do jogo em si, mas
do mundo do futebol. Continuamos a ver exemplos de agressividade mas ninguém é
massacrado como eu fui na altura. Tanto que me cansei no futebol, anos mais
tarde."
Em 2008, o
defesa-central assinou o último contrato da carreira. O Badajoz motivou a
travessia da fronteira. "Já nem estava a jogar nessa altura mas as pessoas
respeitaram-me, pagavam-me bem mesmo sendo na II Divisão B de Espanha, e acabou
por correr melhor do que eu pensava."
A carreira terminaria
duas épocas mais tarde. "Foi pena porque ainda hoje podia estar a jogar,
com 37 anos, mesmo que fosse a um nível baixo. Mas perdi o gosto. Hoje em dia,
gosto de ver futebol sentado no sofá, quis afastar-me desse mundo."
"Curiosamente,
agora começo a recuperar alguma paixão pelo jogo. Tenho participado em alguns
encontros de solidariedade e sinto uma alegria que achava perdida para sempre.
Mas nada será como antes", remata José Soares, em conversa com o Maisfutebol.
(Maisfutebol)
(Maisfutebol)
Nice
ResponderEliminar