sábado, 8 de junho de 2013

José Soares. Do Benfica para a moda


O portal desportivo Maisfutebol tem uma nova rubrica, intitulada Depois do Adeus e dedicada à vida de ex-jogadores após o final das suas carreiras. O que acontece quando penduram as chuteiras? Como passam os seus dias? O dinheiro ganho ao longo dos anos chega para subsistir? Confira os testemunhos, de forma regular, no Maisfutebol.
José Soares trabalha com moda, faz fotografias, anda pelas passerelles, participa em eventos, vai para o campo quando é preciso e tenta exportar vinhos alentejanos. Faz de tudo um pouco.
A partir de Elvas, luta pela vida. No Alentejo, com a camisola do Campomaiorense, assinou uma exibição que viria a marcar a sua carreira para sempre. A receção ao F.C. Porto e a marcação a Mário Jardel fizeram correr rios de tinha.
"Joguei no Benfica, fui campeão europeu com a seleão sub-18, estive no terceiro lugar no mundial do Qatar, fui titular do Benfica aos 23 anos, fiz um bom trabalho no Alverca, mas só me falam do Mário Jardel".
O antigo central defesa com o Maisfutebol. "Continua a ser assim. De vez em quando, lá me falam dele. E eu tento explicar que fiz mais coisas na carreira."
"Não foi um dia bom, a arbitragem também não foi boa e claro que exagerei na altura. Não só eu, o Jardel também me agrediu. Mas passado um mês, fui à casa dele no Porto, fomos almoçar e ficou tudo resolvido. Entre nós ficou, mas fui massacrado com isso durante anos."
José Soares, que acumulara capítulos interessantes na carreira até então, começou a perder o gosto pelo futebol nesse dia da temporada 1999/2000. Emigrou meses mais tarde, andou por vários países mas não sentia a paixão de antigamente.
"Fui ficando saturado do futebol"
"Esse jogo marcou-me para sempre. Fui ficando saturado do futebol. Não do jogo em si, mas do mundo do futebol. Continuamos a ver exemplos de agressividade mas ninguém é massacrado como eu fui na altura. Tanto que me cansei no futebol, anos mais tarde."
Em 2008, o defesa-central assinou o último contrato da carreira. O Badajoz motivou a travessia da fronteira. "Já nem estava a jogar nessa altura mas as pessoas respeitaram-me, pagavam-me bem mesmo sendo na II Divisão B de Espanha, e acabou por correr melhor do que eu pensava."
A carreira terminaria duas épocas mais tarde. "Foi pena porque ainda hoje podia estar a jogar, com 37 anos, mesmo que fosse a um nível baixo. Mas perdi o gosto. Hoje em dia, gosto de ver futebol sentado no sofá, quis afastar-me desse mundo."
"Curiosamente, agora começo a recuperar alguma paixão pelo jogo. Tenho participado em alguns encontros de solidariedade e sinto uma alegria que achava perdida para sempre. Mas nada será como antes", remata José Soares, em conversa com o Maisfutebol.


(Maisfutebol)

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