quinta-feira, 30 de abril de 2015

5 Perguntas a ... Teixeira Correia

António Teixeira Correia foi o último árbitro da Associação de Futebol de Beja a arbitrar na 1ª Divisão e um dos poucos que conseguiu chegar ao topo.
Recordemos alguns desses momentos.
Leia a entrevista.



1 - Já se passaram 39 anos desde que o Teixeira Correia iniciou a atividade na arbitragem quando completou 18 anos em 1976 como árbitro auxiliar de Rosa Santos num Vilafradense - Aljustrelense (Juvenis). Ainda se recorda como entrou neste mundo? O que o fez ser árbitro?
Teixeira CorreiaTinha subido a júnior na ACR Zona Azul e num jogo de preparação com o Sporting de Cuba, não gostei de uma substituição efectuada pelo treinador e decidi, deixar de jogar no clube que ajudei a fundar. Nos jogos de futebol de 5 no Jardim Público já tinha apitado alguns jogos e sentindo que tinha "algum jeito para o apito" decidi inscrever-me no Curso de Árbitros de Futebol, era na altura, Mário Alves, o presidente do Conselho de Arbitragem. Como havia falta de árbitros mesmo como candidato a árbitro fiz nessa temporada 50 jogos, todos como fiscal-de-linha. O meu primeiro jogo em Vila de Frades, ficou para sempre na minha memória. Fiz equipa com o Rosa Santos e o seu auxiliar Francisco Lobo. Os balneários eram no Convento e fizemos alguns 300 ou 400 metros a pé para o campo. O treinador do Mineiro era uma velha glória do Belenenses, Serafim das Neves.

2 - Faça um pequeno resumo da sua carreira, número de épocas no ativo e quantas épocas na FPF?
T. C. : Até à data do meu licenciamento foram 27 anos que andei na arbitragem, dez dos quais sempre com os mesmos auxiliares, Orlando Azedo e Dores Martins, mas tive a ajuda de muitos outros. Tudo excelentes colaboradores a quem fiquei a dever a carreira. Nos quadros Nacionais, como árbitros e como fiscal-de-linha do Veiga Trigo e do José Fernandes, terei feito seguramente 20 épocas. Consegui o principal objectivo que era ser árbitro da 1ª categoria. Honrei a arbitragem de Beja.
 
  
3 - As duas épocas que esteve na 1ª Categoria e arbitrou nos campeonatos profissionais foram o seu ponto mais alto? Como as descreve?
José Estrela, Teixeira Correia e António Pardal num Sporting - Estrela da Amadora
T. C. : Permitam-me uma correcção, foram quatro épocas que estive na primeira categoria, entre 1997 e 2001. Já houve um "poeta" que intencionalmente num livro sobre o futebol distrital "escreveu" que tinha sido uma época, não estava a falar de mim, que me chamo António, mas vamos esquecer anedotas. Todos os árbitros tem como objectivo chegar ao escalão máximo, nem sempre se consegue, por várias razões, uma delas o "esquema" de classificações que muitas vezes se apontam aos delegados, mas os dirigentes no Conselho Nacional (CA) têm sempre a "faca" na mão, para cortar como mais lhes dá jeito, por todas e mais uma razão "o sistema". Foram quatro épocas onde lutava em desigualdade de circunstância. Primeiro estavam os "tubarões" Olegário Benquerença, Duarte Gomes, Bruno Paixão, que subiram comigo e que tinham outras "armas" para rapidamente subirem e foi o que veio a suceder. A minha estreia foi nm Sporting-Estrela da Amadora e quando os principais jornis desportivos escreveram que "Veiga Trigo tinha sucessor", fiquei marcado, muita gente dentro do CA não gostou. Nessa época fui o primeiro nos Prémios Melhor Árbitro do Record e da Renascença, mas não ganhei porque só fiz quatro jogos e o regulamento indicava cinco. Fui sempre EU. Irreverente, sem amochar e sem fazer favores e há coisas que se pagam caras.
 
 
4 - Como analisa no geral o atual estado da Arbitragem Portuguesa? E especificamente a arbitragem do nosso distrito?
T. C. : Ao nível nacional, muito mau. O dirigismo, começando por Vitor Pereira, é ZERO. O caso de Dinis Gorjão, diz tudo sobre o senhor e a sua gestão na arbitragem. Não estão os melhores na 1ª categoria, mas os do "sistema". A arbitragem portuguesa precisa de gente com capacidade de dirigismo. O ter historial como árbitro nada significa como dirigente. O Apito Dourado não foi aproveitado para "LIMPAR" a arbitragem. Comigo muitos dos que são internacionais e que estão na primeira categoria, não o eram GARANTIDAMENTE. Ao nível distrital, desculpem a franqueza, mas "desliguei a ficha". 

5 - Deixou de arbitrar em 2002 e pediu o licenciamento em 2003, desde aí não enveredou nem pela carreira de Observador nem de Dirigente, ainda poderemos ver o Teixeira de volta ao mundo da Arbitragem?
T. C. : Como Observador ?  Ia fazer testes nacionais e o "sistema" chumbavam-me, como fizeram a outros que não alinhavam em "filmes". Como Dirigente ? Só ao nível Nacional, mas com gente do "Comboio dos Duros": Como disse o Veiga Trigo há alguns anos, a arbitragem "precisa de uma vassourada", cada vez mais urgente. Qualidade precisa-se, porque o chamado profissionalismo não muda nada e o Vitor Pereira não mexe.

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