sexta-feira, 2 de junho de 2017

Velejadora bejense já pensa nos jogos olímpicos


Texto José Serrano

Margarida Gil Morais, atleta do Clube Naval de Portimão, iniciou o seu percurso, como velejadora, aos sete anos, na classe “Optimist”, e, aos oito, competiu pela primeira vez. Aos 12 anos estreou-se na classe “Laser 4.7”, na qual viria a participar em campeonatos europeus e mundiais e onde se sagrou, em 2007 e 2008, campeã nacional. Aos 17 anos mudou-se para o windsurf, onde passou, como campeonissima, pela classe “Formula”. Este ano foi convidada, pela Federação Portuguesa de Vela, a experimentar a classe “Olímpica RS:X”, com o objetivo de apurar Portugal para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que se vão realizar em 2020.

Depois de Vasco da Gama, natural de Sines e conde de Vidigueira, Cristóvão Colombo, que, a ser português, terá nascido na vila de Cuba, o Alentejo tem novamente mais uma distinta velejadora. Qual a razão para esta região dar ao mundo tão excelsos navegadores?
Quando era pequena fomos, eu e a minha família, viver para Faro. Comecei a velejar por incentivo do meu pai, que nasceu em Viana do castelo e sempre fez vela, e do meu irmão, que também é velejador. Desde logo gostei muito da experiência e a partir daí nunca mais parei. Muitas pessoas acham engraçado quando sabem que nasci em Beja, cidade de toda a família da parte da minha mãe, e faço um desporto náutico.

Tem um palmarés capaz de fazer corar outros desportistas, noutras modalidades, muito mais mediáticos. Sendo o mar, parte essencial da história de Portugal, considera que o País está, no que diz respeito ao desporto, de costas voltadas para o oceano?
Noto alguma evolução nesse sentido, há um interesse crescente nas atividades ligadas ao mar. Portugal tem sido palco de importantes eventos marítimos, como a Volvo Ocean Race ou a Extreme Sailing Series, seguidos, em todo o mundo, por um impressionante número de pessoas. Estas competições, assim como o mediatismo causado pela onda da Nazaré, têm ajudado muito à divulgação do nosso país. Mas, de facto, gostaria de ver mais gente, em Portugal, a praticar desportos náuticos. Principalmente jovens: no caso do windsurf a média de idades ronda os 40 anos. A nossa costa é, sem dúvida, magnífica. O nosso país tem potencial para ser uma grande referência nos desportos náuticos, a nível mundial.

Como se treina para se poder vencer o campeonato do mundo de windsurf ?

Desde os sete anos que pratico vela. Quando andava na escola apenas treinava aos sábados e domingos, mas, no 11.º ano, como tinha mais tardes livres, comecei a treinar quatro dias por semana. Quando fui estudar Design, no IADE, em Lisboa, passei novamente a treinar apenas ao fim de semana. No último ano de curso fui, num intercâmbio estudantil, viver para a cidade de Florianópolis, uma ilha no sul do Brasil. Como só tinha aulas de manhã aproveitava para treinar, praticamente, todas as tardes. Após terminar o curso, em 2014, comecei a dedicar-me exclusivamente ao windsurf. Treino no mar, sempre que há vento, cinco, seis dias por semana, normalmente em Tavira e Portimão. Complemento a minha preparação no ginásio, onde faço treinos cardiovascular e funcional, musculação e alongamentos, para evitar lesões. No inverno vou algumas vezes para a barragem de Alqueva, na zona que fica perto de Monsaraz. Lá encontro uma paisagem muito bonita, onde normalmente a água é lisa, o vento com refregas e alguns saltos.

Como é, do ponto de vista meteorológico, um dia perfeito para treinar ou competir?
Gosto de andar no mar em dias de sol e de vento fraco. Sentir a prancha “voar” debaixo dos meus pés.

A que velocidades costuma velejar em cima da sua prancha? 
A velocidade média a que ando ronda os 15, 20 nós, que equivalem a 30, 40 quilómetros por hora, mas chego a atingir 65 quilómetros por hora.

É possível, em Portugal, viver do windsurf ? 
O que eu mais queria era viver exclusivamente do windsurf, mas, infelizmente, não é possível. São os meus pais que me apoiam. Sou team rider da Severne e Starboard, que são marcas de velas e pranchas. Neste momento é o único apoio, externo, que tenho. No entanto, estou recetiva a propostas, de empresas, para publicidade na minha vela, roupa. Também sou designer e criei a marca Made in Ocean, com peças, essencialmente pulseiras e colares, feitas por mim a partir de verdadeiros cabos de barco, com nós de marinharia.

A que projetos se propõe, atualmente? 
Neste momento tenho como principal objetivo evoluir na classe “Olímpica” e conseguir o apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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