As infraestruturas desportivas em Beja (futeboleiras, entenda-se) estão a aumentar. O novo campo sintético emerge junto ao mais velhinho, que com 4 ou 5 anos de existência já aparenta algum desgaste, motivado pelo facto de ser pisado e repisado sem descanso os 7 dias da semana, desde horas do lanche até horas da ceia. O novo espaço já tem as “gaiolas da felicidade”, as balizas, sedentas por serem penetradas, violadas, comidas por avançados sedentos e defesas cabeçudos que também tentam molhar o bico. Uma vedação catita, verdinha, com entrada junto à piscina coberta, completando um complexo que ficará de facto bem bonito. Depois espera-se a electrificação! E que hajam balneários condizentes com o espaço, para evitar que 3 ou 4 equipas sejam obrigadas a utilizar a mesma cabine aos sábados de manhã, que os árbitros e as árbitras que agora aparecem e bem (dão um colorido bonito ao jogo as detentoras de outras “gaiolas da felicidade”, estas de mais difícil acesso, e onde poucas vezes surgem os golos de pontapé de sorte, para se marcar tem de se ter um jogo mais elaborado…) seja obrigados a dividir o mesmo espaço, com os problemas inerentes às mulheres e esposos dos homens do apito. E depois…depois vem o Povo pá! O tema da nossa anterior crónica e que, teimosamente, volta a ser esquecido. Continuarão de cabeça ao sol no Verão, e a apanhar com uma bela ventania e chuva no inverno. Continuarão a enlamear os pezinhos e a sujar os carros quando ousarem a ir à bola em tempos de chuva. Não se perspectivam mudanças ao nível do conforto dos visitantes, da criação de um bar de apoio, da construção de acessos em condições, de um parque de estacionamento digno, de uma cobertura nem que seja em meio peão. Depois queixamo-nos que as pessoas não aderem. Que a cidade não é bairrista e que a malta não vai à bola. Mas repare o estimado leitor neste pequeno pormenor : Está domingo em casa, acorda pela manhã, toma um bom banho quente. Vai ao Luís da Rocha beber um cafezinho e ver as modas. Troca 2 dedos de conversa e leva os putos à biblioteca, a brincar um pouco e ver as mamãs que por lá proliferam. No regresso, passa pelo Alemão e trás um frango assado. Quentinho para o almoço! Depois joga playstation com o puto e vê o Manchester dar duas ao Liverpool, enquanto convida o amigo para ir lanchar ao Pulo do Lobo e beber uma bejecas a ver o Benfica. Ou então…acorda, veste um oleado, carrega com os moços para o campo da bola, suja o carrinho todo que limpou na véspera à porta de casa com o aspirador ligado da janela e o balde de água (tudo isto com o seu impecável fato de treino adidas dos ciganos vestido) no lamaçal do sintético. Mal sai do carro mete os pés numa poça e o sacana do puto ao correr para ver o jogo, suja as calças todas com as alcaparras a baterem no rabo. Passa uma hora com um frio do caraças a levar com água nos olhos, e com as pernas encharcadas que o guarda-chuva só lhe tapa a careca. Ao intervalo se vai a barraca das bebidas aquecer ainda lhe chamam bêbado, e no regresso, os bancos de trás vêm todos sujos que o raio do gaiato resolveu brincar aos desenhos com os pés enlameados, leva uma rebocada da mulher porque com um frio destes foi à bola, que chegou atrasado e com o frango frio, estraga o fim de semana e 2ª feira vai com um resfriado trabalhar que até o nariz já ganhou ferrugem de tanto se assoar. Diga lá caro amigo, nestas condições, o que opta você? E depois…a cidade não quer, as pessoas não aparecem etc.
Nota final: Os clubes estão tesos, as dificuldades são muitas, a polícia está cara e a Associação leva o dinheiro todo mas…há quanto tempo não vemos à porta de jogo de camadas jovens dos clubes de Beja, as rifas para sortear um boné ou uma garrafa, que toda a gente contribui e que, quem sabe, davam para pagar uma parte dessas despesas?
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