Fundado em setembro de 1995, o Clube de Natureza de Alvito tem conhecido um percurso de progressiva diversificação das modalidades e valorização dos seus atletas.
Texto e foto Firmino Paixão
Tendo a orientação como modalidade mãe de todas as suas atividades, o Clube de Natureza de Alvito abraçou, desde a sua fundação, o significativo lema "Desporto, Natureza e Aventura no Alentejo" e diz ter as suas portas abertas a quem se preocupe com a vida e com os outros, queira praticar desporto e colaborar com um projeto do tamanho do mundo. À atividade principal, já acrescentou o triatlo, o pedestrianismo, o BTT, o badmington, a natação, o ténis de mesa e o atletismo, sendo esta, a segunda modalidade do clube e aquela que lhe tem oferecido melhores resultados. O rosto mais visível do projeto é Joaquim Patrício, 63 anos, e que há cerca de 20 chegou ao Alentejo e fez nascer este projeto. Atleta, técnico e dirigente é quem melhor conhece o percurso deste exemplo desportivo na região.
O clube atravessa um bom momento, tem sempre os seus atletas entre os primeiros?Sim, mas não é o mais importante para o clube, gostamos de ter sucesso, mas ele está muito dependente do querer dos atletas. Temos outros sucessos bem mais importantes, nomeadamente ter a população de Alvito e arredores a praticar as modalidades que oferecemos. Temos um projeto que evolve os miúdos entre os sete e os 11 anos, com as escolinhas desportivas, e isso é que é mesmo a essência do desporto que nós queremos. Claro que também temos as outras atividades. No atletismo estamos sempre mais ou menos bem e fazemos um grande esforço, quer no triatlo, quer na orientação. São modalidades modernas, ligadas à natureza e com outra abertura que, além de mais, são individuais e no Alentejo são as modalidades que devemos privilegiar porque a população é tão pequena que temos que ir por aí.
Um conjunto de modalidades que têm a natureza como denominador comum e que também é o desígnio do clube?Tentamos usufruir da natureza de uma maneira desportiva, daí que tenhamos atividades como o BTT e o pedestrianismo. Até já temos ativo um grupo de caminheiros e no BTT aproveitamos como preparação para a orientação em BTT ou para o triatlo. Fazemos algumas maratonas e colaboramos muito com autarquias e com outras associações desportivas do concelho.
Com a natureza em pano de fundo existe um laboratório de campeões?Não será bem um laboratório. É outra coisa que não se pode designar assim. Diria que é a formação desses homens enquanto atletas e a formação coletiva dentro deste clube, que faz com que aqueles que têm capacidades intrínsecas tenham sucesso no futuro. Efetivamente, tem acontecido inúmeras vezes, mas isso requer muito trabalho, quer da parte dos dirigentes e técnicos, quer da parte dos atletas. E tem sido gratificante para nós, daí que eu esteja há quase vinte anos nesta região a fazer este trabalho e mantenho-me ligado a ele porque vale a pena trabalhar com esses moços que depois se fazem homens. Agora já temos vários licenciados por aí que continuam a praticar, alguns a alto nível.
O João Figueiredo é um desses exemplos?Sim o João "Mega" será, certamente, o melhor orientador nacional. Ao mesmo tempo está a fazer o seu curso de engenheiro mecânico no Instituto Superior Técnico e isso é muito gratificante para mim. Infelizmente o rumo que o País está a levar é que é algo que me deixa deprimido. Ainda esta semana realizamos o Dia do Atletismo com todos os miúdos das escolas e tive a colaboração de seis atletas e ex-atletas que são licenciados mas que estão todos desempregados.
Os recursos procuram-se, aperfeiçoam-se e tornam-se campeões, ao mesmo tempo que se fazem engenheiros, médicos, gestores. É um orgulho...Olhe, muito orgulho e um grande gosto, porque esses jovens são excecionais, conseguem fazer os seus cursos e continuam a fazer desporto nestas condições, daí que eu tenha um grande orgulho porque consegui que eles crescessem dessa maneira saudável e profícua, porque completam rapidamente os seus cursos. Ainda há algum tempo eram tão pequeninos e agora já são licenciados. Faço isto com muito gosto e por me sentir útil à sociedade, não é bem numa vertente de missão, mas lá no fundo está esse objetivo de mudar o mundo.
Os apoios foram sempre escassos e agora vão rareando?Felizmente aqui em Alvito não acontece muito isso. As coisas estão bem coordenadas em termos económicos e financeiros nestas autarquias e, apesar das grandes quebras nas receitas vindas do Estado, as nossas autarquias vão garantindo um apoio suficiente para podermos cumprir a nossa missão. Gasta-se aquilo que é possível mas para fazer muito e ao menor custo.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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