Menos de meio ano depois de ter decidido suspender todo o futebol
sénior, o centenário Lusitano de Évora - mergulhado numa profunda crise
financeira, com uma dívida superior a 800 mil euros - continua a
alimentar a esperança de recuperar o lugar que já ocupou no panorama
futebolístico nacional, com 14 presenças na I Divisão.
O clube alentejano mantém, a custo, a formação, dependendo em grande
medida da boa vontade de dirigentes e técnicos... que procuram driblar
problemas aparentemente simples como a falta de bolas.
Com efeito, o coordenador e treinador Rui Carvalho enviou 60 mails a
clubes - inclusivamente à própria Liga Portuguesa de Futebol
Profissional - pedindo uma pequena contribuição, em géneros, que tanto
pode ser um par de
bolas ou equipamentos. Coisas supostamente banais para muitos, mas
absolutamente vitais para os miúdos do Lusitano.
A expectativa de Rui Carvalho não era muito elevada, embora acreditasse
que uma dezena dos clubes contactados respondessem e se
disponibilizassem a ajudar. Mas a indiferença e o distanciamento
fizeram-se sentir. A exceção
veio do Norte, de Barcelos... juntamente com algumas bolas por estrear.
Bolas que podem fazer toda a diferença no futuro de alguns dos jovens
que os principais emblemas nacionais já começaram a observar para
alimentarem as equipas B, embora continue a ser o Juventude de Évora o
destino da maioria
que ascende a seniores.
«Por incrível que pareça, só o Gil Vicente se dispôs a ajudar-nos,
respondendo ao mail e enviando-nos material.
As pessoas só precisavam ver os olhos dos miúdos ao pegarem nas bolas
novas», lamenta Rui Carvalho, que esta semana acompanhará os treinos da
formação gilista, tendo já assistido ao jogo com o SC Braga.
Ontem, enquanto o plantel do Gil Vicente treinava, António Fiusa
conversou com Rui Carvalho e prometeu mais bolas, equipamentos para
treino e outras ajudas, até de sensibilização da opinião pública.
«Não somos um clube abastado, mas somos sensíveis a estes problemas e
sempre que possível somos solidários», disse o líder do Gil Vicente.
A Bola / Augusto Bernardino
Sem comentários:
Enviar um comentário