medalhada em natação troca de desporto
Os
Jogos Paralímpicos já não são novidade para Susana Barroso, que em
quatro participações conseguiu meia dúzia de medalhas como nadadora,
regressando em Londres'2012 para competir no torneio de boccia, depois
de ter deixado as piscinas há sete anos.
"Quando terminei os Jogos Paralímpicos Atenas'2004 decidi acabar com a minha carreira de nadadora", conta Susana Barroso.
A
ex-nadadora diz que foi por por culpa de "um bichinho" que decidiu
voltar à alta competição. "Fiz um ano de descanso. Após esse ano achei
que me faltava algo, faltava-me o bichinho da competição e surgiu a
hipótese de começar a jogar boccia", explica a atleta, de 38 anos, que
em Londres vai competir variante de pares BC4, ao lado de Domingos
Vieira.
A troca da natação, que praticou 15 anos ao mais alto
nível, pelo boccia foi uma questão de opção, e não ditada pela doença
Charcot-Marie-Tooth, uma neuropatia periférica hereditária que causa
atrofia muscular e perda de sensibilidade e de movimentos nas
extremidades dos membros. Aliás, Susana Barroso considera que a
modalidade na qual Portugal tem mais medalhas paralímpicas é bem
diferente da natação, e até "mais complicada". "O boccia exige força,
direção e precisão, é um jogo de estratégia. Na natação, percorre-se uma
distância, naturalmente com muita preparação", explica.
A
dificuldade do jogo, aliada a outros fatores, como o de treinar "menos
do que desejava" com o companheiro de competição, Domingos Vieira,
"impedem-na" de perspetivar resultados.
"Vai ser um jogo de
cada vez, a BC4 é uma classe muito difícil. Vou tentar chegar o mais
longe possível", refere, admitindo que algumas pessoas podem ficar
desiludidas com os seus resultados em Londres.
"As pessoas
estão à espera de mim com expectativas, uma vez que fui sempre medalhada
nos Jogos em participei. Penso que isso pode desiludi-las um pouco,
porque o boccia é diferente, é um jogo mais difícil, não faço ideia o
que vai acontecer, apesar de a nível nacional ter tido muito bons
resultados", disse.
Tal como sucedia com a natação, Susana
Barroso treina todos os dias, antes ou depois do trabalho de há mais de
10 anos, no gabinete técnico de coordenação da piscina municipal de
Odivelas. Susana Barroso aprendeu a viver com a doença desde cedo, uma
vez que esta se manifestou quando começou a dar os primeiros passos, mas
garante que teve uma "vida igual à dos amigos".
Começou a
nadar aos 10 anos, por conselho médico, quando surgiram os primeiros
sinais de perda de força e de mobilidade. Completou o 12.º ano, fez um
curso de formação profissional em informática, tem carta de condução e
vai diariamente de carro para o emprego. Há algum tempo trocou
definitivamente o andarilho pela cadeira de rodas. Admite que a
expressão "a cadeira para mim foi uma questão de liberdade" talvez seja
difícil de perceber, mas garante que é verdadeira. Na cadeira, diz, faz
coisas que não conseguia fazer, ou faria com muito menos segurança e em
mais tempo com o andarilho. No boccia, Susana Barroso conseguiu uma
medalha, em 2005 no Canadá, mas diz que "não teve o sabor habitual,
porque era suplente de uma equipa" e nem chegou a jogar a final. Apesar
de esperar os resultados "jogo a jogo", sabe que a primeira medalha "a
sério" no boccia, para juntar às muitas da natação, pode estar em
Londres.
Fonte: http://www.record.xl.pt
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