Pedro Miguel Faria Caixinha
41 anos, nascido a 15 de outubro de 1970, em Beja
1999/2002 Treinador do Clube Desportivo de Beja (escalões de sub-15, sub-17 e sub-19)
2003/2004 Clube de Futebol Vasco da Gama
2004 a 2006 Adjunto de José Peseiro no Sporting Clube de Portugal
2006 a 2010 Adjunto de José Peseiro no Al Hilai (Arábia Saudita); Panathinaikos (Grécia); Raapid Bucuresti (Roménia); e seleção da Arábia Saudita
2010 a 2011 Treinador principal da União de Leiria
2011 a 2012 Treinador principal do Nacional da Madeira
A equipa do Nacional da Madeira fez uma escala em Beja (terra natal do seu treinador Pedro Caixinha) a caminho da cidade de Combrit, na Bretanha francesa, onde estagia até ao próximo dia 8.
Texto e foto Firmino Paixão
a capital do Baixo Alentejo a equipa madeirense defrontou o Vitória de Setúbal (venceu por 2-0), num jogo de solidariedade para com a Cercibeja. No final da partida, o técnico bejense teve uma conversa franca e desinibida com o Diário do Alentejo, durante a qual falou do seu percurso no futebol, perspetivou a época dos nacionalistas e analisou o atual momento do futebol português.
Este jogo solidário teve a assinatura de Pedro Caixinha?A ideia partiu do José Hilário, presidente da Cercibeja, meu amigo de infância, e que eu aceitei dentro daquilo que era o nosso planeamento. Mas a ideia que tínhamos para Beja era diferente. Primeiro pensámos vir num domingo e fazer um jogo com uma seleção de Beja para que as pessoas entendessem que existe aqui alguma qualidade e depois fazer outro com uma equipa da 1.ª Liga. A outra seria ficarmos em Beja mais alguns dias em estágio, porque sabemos qual a realidade do nosso distrito, não me lembro de duas equipas da 1.ª Liga virem a Beja, mas estamos satisfeitos pela resposta das pessoas a este gesto solidário.
O Pedro está longe da terra mas tem-na perto do coração?Sim, e aproveitando a nossa estadia falámos para os treinadores locais a pedido da Associação de Futebol de Beja. Falar para os nossos amigos e para as nossas gentes dá-nos outro prazer, apesar de há cerca de oito anos não estarmos aqui com tanta regularidade, mas é sinal que não nos esquecemos daquilo que são as nossas origens e das nossas gentes.
A sua carreira desportiva está no sentido ascendente?Está a começar. Tenho praticamente duas épocas como treinador principal, é certo que na primeira alcançámos o 4.º lugar na viragem do campeonato, o que foi muito bom, depois terminámos no décimo, mas este ano a equipa já conseguiu o 7.º e esperamos continuar a crescer em termos daquilo que são as classificações finais.
Os treinadores portugueses precisam de emigrar para que no próprio país lhes reconheçam valor?Penso que não tem a ver com isso, eu tive foi a sorte de as pessoas, no momento certo, acreditarem em mim e na minha competência. Primeiro num papel mais subalterno, e depois tive a felicidade de através do meu trabalho, e dessa mesma competência, reconhecerem que eu poderia ter uma oportunidade como treinador principal.
Este ano vai lutar por um lugar na Europa?Há um conjunto de fatores. Primeiro, o passado recente do clube que já exige esse objetivo; depois, a estrutura do clube, a diretiva e as infraestruturas que nos permitem trabalhar quase 24 horas por dia com qualidade no espaço que temos. Juntando esses aspetos favoráveis à qualidade que temos no grupo temos fatores que abonam a favor daquilo que são os nossos objetivos.
O Nacional é a ponte para um projeto mais ambicioso?Nunca pensei nisso, mas tenho essa ambição. Tal como preparo a equipa jogo a jogo, preparamos também o futuro baseado no presente, de uma forma sólida, segura, bem estruturada, para que quando isso um dia acontecer possamos estar ao nível desse patamar de rendimento.
Qual a sua cadeira de sonho?A minha cadeira de sonho é ganhar títulos, é para isso que trabalho. No ano passado estivemos perto de chegar à final da Taça de Portugal e lembro que não era só esse troféu que estava em disputa, era também, ganhando esse troféu, irmos diretamente a uma fase de grupos da Liga Europa e começarmos esta época a disputar outra competição.
O céu está ali tão perto?Não sei se está perto ou longe mas tenho-o como limite.
O Pedro procura insistentemente a sua valorização como profissional...Tenho essa necessidade. A partir do momento em que pus a mochila às costas e fui para Inglaterra, o país onde o futebol nasceu, ver como é que as equipas têm rendimento, uma organização estrutural e profissional fantástica, a partir daí senti uma necessidade tremenda de, pelo menos, saber se estou a pensar no caminho certo. Continuo com uma necessidade extrema de pelo menos de dois em dois anos receber alguma informação. E não será por treinar o Nacional ou treinar na 1.ª Liga que me deixarão de ver nos bancos da formação, assim eu tenha oportunidade.
Tem escolhido para o seu lado técnicos como Acácio, Arlindo Morais, Óscar Tojo, gente da região…As escolhas devem-se única e exclusivamente ao modelo de organização das equipas que treino. Primeiro tem que existir um espírito de missão, depois tem a ver com a competência e a lealdade, e ainda por cima existe a amizade e o conhecimento. Trabalhei com o Acácio com quem trabalhei no Vasco da Gama, com o Arlindo andei desde os sub-14, o Óscar foi meu aluno na Escola Superior de Educação de Beja, o Pedro foi meu aluno na Universidade de Évora.
No plantel também se fala o dialeto alentejano...Temos o João Aurélio, o Márcio Madeira foi emprestado nesta época e temos o Mateus que, não tendo esse dialeto, passou por Beja algum tempo.
Que opinião tem sobre o estado atual do futebol português?Tenho muita dificuldade e sinto uma certa tristeza em analisar o futebol português, pelo menos na forma como ele está organizado e estruturado. Acho que se vive muito além daquilo que são as possibilidades reais dos clubes e se houvesse um controlo mais exigente e rigoroso muito provavelmente, em vez de falarmos em alargamentos, estaríamos a falar em encurtamentos e seria talvez a decisão mais acertada.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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