sábado, 1 de setembro de 2012

Pagaia Sul de Beja com atleta no Mundial de kayak: Um bejense na elite do kayak polo



É no Cais da Planície que embarcam todos os sonhos do João Roque, um jovem bejense, no vigor dos seus 21 anos, feitos em maio último, que nos próximos dias estará na Polónia a competir no Mundial de Kayak Polo.

Texto e foto Firmino Paixão
Pagaiando aqui, pagaiando ali, mas sempre ancorado à Associação Juvenil Pagaia Sul e através do desporto, João Roque está a sair do anonimato e do marasmo que invariavelmente condena a juventude das terras mais interiores. É um jovem desportista bem sucedido, não deixou que a apatia generalizada na sociedade destes tempos lhe sentenciasse o futuro. Lutou com as armas que tinha, as competências que lhe são reconhecidas pelas instâncias superiores da modalidade que abraçou e através da qual vai projetando a Pagaia Sul, associação bejense que lhe permitiu este impulso para múltiplas vivências. Está no kayak polo há apenas quatro anos, e a sua presença em provas internacionais já é interessante. Primeiro num torneio na cidade alemã de Essen, em 2011 no Europeu de Madrid, e agora a gerir as emoções de uma convocatória para o Seleção Nacional de Seniores que, entre os dias 5 e 9 de setembro próximo, disputará o Campeonato do Mundo desta modalidade, na cidade polaca de Poznan.

E quem é o João Roque? O seu percurso desportivo começou naturalmente pelo futebol: Joguei durante quatro épocas no Despertar Sporting Clube, em Juvenil e Júnior, duas épocas no distrital e duas no nacional, fui campeão distrital nos dois escalões. No plano académico, fiz o 12.º ano na área da hotelaria mas optei, para já, por não seguir esse caminho. A opção pela hotelaria, refere o atleta, não foi nem sonho, nem vocação: Foi o que surgiu no momento e gostei da área e segui por aí durante cinco anos, porque o meu verdadeiro sonho era ser futebolista profissional, mas essa ideia desvaneceu-se quando comecei a estudar hotelaria. Entretanto, quando jogava futebol, descobri o kayak polo, que mais tarde passou a ser a minha modalidade de eleição. O abandono do futebol, depois dois títulos, tem uma história que o João quis partilhar: Tive um pequeno problema de saúde e prescreveram-me um medicamento a que era alérgico e essa incompatibilidade provocou um incidente que podia ter sido grave; deixei de ver, perdia as forças e desfalecia. O jovem confessou que fazia muito desporto, ginásio, futebol, kayak e, a conselho médico, optou apenas por uma das atividades:Deixei o futebol, escolhi o kayak polo, era o que eu gostava mais. Há males que vêm por bem, não é João? Foi uma opção feliz, cada vez gosto mais da modalidade e estou com bons resultados, referiu o atleta, explicando que começou a praticar kayak polo através de um ateliê de de verão na Associação Juvenil Arruaça: Eu, o Pedro Mestre e o Sandro Guerreiro, hoje todos atletas da Associação Pagaia Sul (APS).

Quando soube desta convocatória reagi com uma felicidade tremenda. Surpresa? Talvez não, pelo trabalho que tenho feito, confesso que estava um pouco à espera que pudesse acontecer. Existiu alguma indecisão quanto à minha inclusão na equipa Sub/21, ou na equipa Sénior, porque se lesionou um dos melhores jogadores Sub/21, mas deram-me os parabéns e disseram-me que o meu lugar era na Seleção de Seniores. Fiquei muito feliz por isso, é um passo enorme na minha carreira de atleta, mas também uma responsabilidade maior, sustenta o atleta. Mas fica também a certeza de que na comitiva se vai falar alentejano porque ao bejense João Roque vai juntar-se o atleta Bruno Leitão que representa o Fronteirense, ambos na equipa principal. Para eles algo será diferente no futuro, pelo menos a constatação de integrarem o grupo de elite entre os cerca de 150 atletas que a modalidade tem em Portugal.

Vou lá fora aprender e depois transportar esses ensinamentos à minha equipa para que possamos melhorar os nossos resultados, confidenciou João Roque sem esquecer: A Associação vai ajudar-me comparticipando com algumas despesas, outras seremos nós a suportar, na verdade, parece mal termos que pagar para representarmos a Seleção do nosso país, mas como temos amor à camisola, não podemos olhar para trás. São oportunidades únicas compreende o atleta, sublinhando que por causa dos Jogos Olímpicos a Federação está com algumas dificuldades, então cada atleta tem que ajudar. O Pedro Mestre e o Sandro Guerreiro, atletas que integraram os estágio, eram potenciais presenças no Mundial, mas, explicou João Roque, eles estão sem material, é uma modalidade cara, tenho um barco que me custou 600 euros e que teve que ser pago com o meu suor. O jovem fez questão ainda de realçar o que disse ser o apoio fantástico da direção da APS, flexibilizando os seus compromissos profissionais no Cais da Planície, onde trabalha atualmente. Porque afinal, o Associação Pagaia Sul é o seu clube mas, também, a âncora profissional que o prende ao Cais da Planície. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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