1) B.I. Futebolistico Nome completo: Inês Margarida Rodrigues Miguel Nome Futebolístico: Inês Miguel Local e data de nascimento: Beja, 01-02-1990 Nacionalidade: Portuguesa Profissão: Professora de Educação Física Ano que iniciaste a prática futebol federado: 2010 Clubes que já representaste no futebol: CB Castro Verde Clube Actual: CB Castro Verde Posição especifica: Médio esquerdo/direito Títulos Colectivos Conquistados : Supertaça distrital AF Beja (2011/2012) Títulos Individuais Conquistados : - Número de internacionalizações: - Clube Favorito: Benfica Número Preferido: 9 e 16 Jogador preferido: Raul Meireles Jogadora preferida: Abby Wambach Uma virtude: Sinceridade Um defeito : teimosia
2)Como é que começaste a praticar futebol?
Comecei a jogar desde que me conheço. Não me recordo da idade certa mas a bola acompanhou me desde muito cedo. No entanto recordo me do percurso a partir 6/7 anos em que em todos os intervalos ia com os rapazes para o campo pelado que existe ao lado da escola. Eu respirava futebol. Era de manhã e de tarde no campo de futebol e de noite era numa rua específica que tinha uma boa iluminação e onde passavam poucos carros. Mas de vez em quando la tínhamos de parar o jogo para deixar passar um ou acabar porque alguém se lembrava de ir fazer queixas aos nossos pais por causa do barulho.
No 5ºano tive a oportunidade de entrar numa equipa de futsal do desporto escolar mas como estavam muitas raparigas inscritas deram prioridade às mais velhas. Cinco anos depois, quando tinha 16 anos, voltaram a criar equipa e ai foi parte de um sonho tornado realidade. O estar numa equipa, o ter treinos onde pudesse aprender e desenvolver e claro, os jogos. Depois em 2010, a Casa do Benfica de Castro Verde abre equipa feminina e lá estava eu, mesmo sendo a 30 km da minha casa.
3)Tiveste o apoio da tua família?
Sim, sempre tive o apoio da minha família até porque sempre soube conciliar os estudos com o desporto. Na altura do desporto escolar como jogava no sitio onde moro a minha mãe às vezes ia ver os jogos. Agora como jogo mais longe, raramente vai.
4)O futebol foi sempre a única paixão , ou gostavas de fazer desporto em geral?
Sempre gostei de desporto, tanto que a minha área de formação é desporto. Mas além do futebol cheguei a praticar natação também no desporto escolar e passei pela canoagem. Sendo de Mértola e tendo o Guadiana aos pés, era óbvio que tinha de passar por essa modalidade. A canoagem faz parte do processo de desenvolvimento desportivo de todos os jovens do concelho. Praticamente é obrigatório experimentar. Uns acabam por ficar, outros infelizmente abandonam. Funciona mais ou menos como o futebol em relação aos rapazes, todos experimentam. Mas posso dizer que o futebol sempre foi a minha maior paixão.
5)Qual foi o melhor e o pior momento que viveste no futebol até hoje e porquê?
O melhor momento foi sem dúvida quando ingressei na Casa do Benfica de Castro Verde. Foi um sonho tornado realidade. Seguidamente a este e falando de vitórias foi quando vencemos a Supertaça contra o favorito.
O pior momento, e que ainda hoje permanece, foi inicialmente ter tido de abdicar dos jogos e mais recentemente dos treinos, sempre por motivos profissionais. Agora vou aos jogos porque o treinador me deu essa possibilidade mas obviamente com muito menos oportunidade de jogar.
Há alturas em que temos de fazer escolhas e abdicar daquilo que mais gostamos por aquilo que será o nosso futuro.
6)Como te descreves como jogadora?
Considero-me uma jogadora persistente que luta sempre em prol da equipa, com boa capacidade na cobrança de bolas paradas e que não sendo uma jogadora rápida sabe-se posicionar corretamente dentro de campo nas várias situações de jogo.
Acima de tudo sei que tanto no futebol como na vida devemos estar sempre disponíveis para aprender.
7)Tens alguma superstição ou ritual antes ou depois dos jogos?
Entrar com o pé direito.
8)O que te motiva para continuares a jogar futebol?
Jogo por gosto, por puro prazer e porque me orgulho de vestir a camisola que visto em prol do futebol feminino e da sua evolução.
9)Alguma vez sentiste que o futebol te prejudicava nos estudos ou na tua vida profissional?
Em relação aos estudos sempre fui muito organizada e preparava tudo para que à hora do treino pudesse ir treinar. Em relação à vida profissional quando foi altura de tomar decisões, foi difícil mas teve de ser. Não sou uma jogadora de elite para poder viver apenas do futebol. Não me dando “nada”, apenas o prazer e a escapatória para descarregar energias de um mau dia, tive de abdicar dele.
10)A falta de condições e de reconhecimento do futebol feminino é só um problema de dinheiro?
Não é só um problema de dinheiro, mas hoje em dia também passa muito por aí. É obvio que os clubes ainda preferem apostar nos escalões masculinos do que apostar numa equipa feminina e aí entra a questão das mentalidades. Mas penso que estamos a evoluir nesse aspeto.
11)Achas que o futebol feminino ainda está ligado a preconceitos?
Sim, ainda está ligado ao preconceito. Mas cada vez mais as pessoas vão estando interessadas neste mundo e percebendo que as raparigas também sabem jogar, que têm muita qualidade e que se forem assistir aos jogos não vão perder tempo e vão ver bons espetáculos de futebol.
12)Achas que num futuro próximo vamos ter uma liga profissional em Portugal?
Não sei. No entanto já se ouvem por ai rumores de uma equipa profissional ou semi-profissional para a próxima época, que sinceramente espero que avance. Alguém tem de começar e pode ser que a partir daí mais equipas comecem a apostar nisso… talvez os grandes clubes. Seria algo extremamente positivo e que iria abrir imensas portas. Temos muito talento em Portugal e a prova disso são as inúmeras jogadoras lusas a jogar no estrangeiro.
13)Qual a liga estrangeira que mais te atrai?
Sem dúvida a americana. Por toda a história e cultura associadas ao futebol feminino. Todas as estruturas educativas possuem grandes alicerces de formação tanto no futebol como no desporto em geral.
14)Se te aparecesse uma oportunidade para ser profissional em Portugal ou no estrangeiro aceitavas?
Eu já não sonho com isso. Ninguém joga futebol a vida toda, seria sempre necessário ter um emprego complementar, uma segunda via.
15)Até quando pensas jogar futebol?
Deixarei de jogar quando as minhas capacidades físicas não permitirem isso, no entanto gostaria de ficar ligada ao futebol feminino e contribuir para o desenvolvimento do mesmo.
16)Como é vestir a camisola da selecção portuguesa?
Infelizmente não tive essa oportunidade. Mas certamente que é uma sensação única e um orgulho imenso.
17)Qual a sensação antes de entrar em campo na 1ª internacionalização ? As pernas tremem muito ?
As pernas já tremem bastante quando vemos amigas e colegas de equipa lá chegarem.
Fonte: http://futebolfemininoportugal.com
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