sexta-feira, 5 de julho de 2013
Ourique Desportos Clube não assegura continuidade da equipa feminina: Supertaça foi o momento supremo
O Ourique Desportos Clube teve na sua equipa de seniores femininos a expressão maior da atividade na última época desportiva. Mas a continuidade do projeto pode estar em risco.
Texto e foto Firmino Paixão
Depois da conquista da Supertaça em seniores femininos e da presença na Taça do Sul em que, a par da Casa do Benfica de castro Verde, foi uma das equipas presentes na competição organizada pela Associação de Futebol do Algarve, a equipa feminina ainda não tem confirmado a sua continuidade no quadro competitivo regional. José Costa, treinador que na época finda ajudou as atletas a levantar a Supertaça, mostra a sua disponibilidade para dar continuidade ao projeto.
Numa terra onde os homens não praticaram futebol, foram as mulheres que projetaram o emblema do Ourique Desportos Clube?Na verdade, não tendo havido segunda divisão distrital na época passada, a única equipa de seniores do clube foi a feminina. A formação também não teve muita expressão, mas os apoios também são muito reduzidos.
Um projeto que se iniciou há cerca de três temporadas e que procurava enraizar-se?O futebol feminino em Ourique começou há três épocas com a Inês Álvaro e eu vim este ano dar uma ajuda, acompanhei a equipa e trouxe algumas jogadoras que faziam falta para colmatar outras saídas. Temos evoluído nestas três temporadas e a prova disso é que, este ano, conseguimos estar na final da Taça Distrito de Beja e conquistámos a Supertaça.
A equipa ainda está numa fase de crescimento, notam-se algumas insuficiências?Em termos coletivos e táticos notaram-se algumas lacunas, individualmente as atletas também precisam de muito trabalho, mas no espaço de um ano não se consegue fazer tudo, fomos fazendo aquilo que era mais premente para as necessidades do campeonato, digamos que fomos formando com a própria competição a decorrer.
Que trabalho foi possível fazer tendo em conta que não estava diariamente em Ourique?Nós treinamos duas vezes por semana, pessoalmente preferia que os treinos fossem mais frequentes, mas a minha profissão também não me permite. Dedicamos um treino à condição física e trabalhamos com bola, no outro aperfeiçoamos a parte tática, as transições e as posições a ocupar dentro do campo, é essa a metodologia. Se tivesse pegado na equipa um ano antes esta época certamente já teria sido um pouco diferente.
A comunidade ouriquense aprecia e revê-se nesta equipa?Os poucos assistentes que normalmente vão aos nossos jogos são os adeptos das equipas que nos visitam, de resto são os familiares e amigos das nossas jogadoras que vão assistir aos jogos, porque a população de Ourique esteve completamente a leste da equipa, é isso que sinto e a direção do clube também.
O clube manterá esta aposta na equipa de seniores femininos, apesar da falta de apoios e dos preconceitos existentes?Quero acreditar que sim, pelo menos da minha parte existe a intenção de continuar a trabalhar com esta equipa, mas se não tivermos condições de o fazer em Ourique, será noutro clube. Quanto aos preconceitos, eles existem e hão-de existir sempre, mas as atletas, pouco a pouco, têm atenuado essa questão.
A classificação em que a sua equipa terminou o campeonato (5.º lugar) não corresponde ao valor que acabou por mostrar…Não correspondeu minimamente, em certos momentos mostrámos alguma instabilidade, intercalámos jogos maus e bons, não fomos constantes, depois criámos muitas oportunidades mas não temos quem finalize e quando sofríamos um ou dois golos a moral da equipa caía porque ia muitas vezes à baliza contrária, não marcava e acabava por sofrer.
A conquista da Supertaça “salvou a honra do convento”...Em três anos foi a primeira vez que a equipa conseguiu chegar a uma final, aliás, duas finais, e ainda representámos o distrito de Beja na Taça do Sul contra equipas do Algarve. Foi um orgulho para todas elas, para mim também, por estar a ajudá-las neste percurso, não só pela conquista da Supertaça, mas por termos representado a região.
Como acha que está o futebol feminino no distrito de Beja?Vejo que existem muitas equipas, muitas jogadoras com qualidade, talvez se existisse um pouco mais de apoio, mais envolvimento das pessoas que lideram o futebol regional, fosse possível disputar aqui um grande campeonato, talvez até formarmos equipas de futebol de 11 para participarem no campeonato nacional, com base num recrutamento das boas jogadoras que estão aqui e ali. Temos valores muito bons, capazes de ombrear com as equipas que disputam o nacional. Mas, cá está, a continuidade dependeria do recrutamento nas escolas.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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