sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Despertar


José Saúde
Leva-me o encanto da saudade a caminhar por atalhos apertados, esmiuçando, quando oportuno, a atual realidade das coletividades que nem sempre foram haréns de intensos prazeres. Numa busca profícua a verdades deixadas por saudosos homens que fizeram história no prodígio desportivo regional de Beja, Melo Garrido é um exemplo inquestionável. Detenho-me com a emancipação de uma agremiação que bateu forte na minha carreira futebolística desde os primeiros pontapés na bola: o Despertar. Os seus princípios não foram fáceis. O velhinho “rasga” nasceu de uma fusão entre o Libertário e o Infantil, grupos formados por rapazes dos 13 aos 15 anos. Consta que os miúdos, já operários, reuniam-se, à noite, sob a luz ténue de um candeeiro público a petróleo existente junto à estalagem da Bárbara Meneses, lá para as bandas onde hoje se localiza a avenida Fialho de Almeida, em Beja. Tratando-se de gente oriunda maioritariamente da plebe, no seio das suas animadas conversas decidiram formar uma coletividade cujo nome foi Despertar. Um nome que significava exaltar a sua presença social. Mas faltava o resto para completar o pomposo desígnio. Os miúdos, uns adeptos do Sporting outros do Benfica, dividiram-se, acabando por prevalecer a opinião da maioria, sendo que no dia 24 de junho de 1920 fundou-se o Despertar Sporting Clube. Um clube com histórias ancestrais. Um emblema que sempre honrou uma mística singular. A formação de jovens atletas é um dado adquirido e a sua filosofia eclética reconhecida. O Despertar dimensionou-se física e estruturalmente. As suas infraestruturas cresceram desalmadamente no tempo. Dirigentes que outrora muito trabalharam em prol de objetivos coletivos. A obra está feita. Reconhecida. Resta enaltecer o espírito daqueles que no silêncio foram paulatinamente tornando o sonho realidade. Os seus nomes serão, literalmente, recordados num clube do qual guardo excelentes recordações.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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