Na semana em que decorre a 27ª
edição da Baja Portalegre 500, Alentejo e Desporto recorda aquele que foi o fundador
da prova e o “Pai” do todo o terreno em Portugal.
Nascido a 26 de Março
de 1942, em Lisboa e formado em engenharia mecânica, José Megre desde cedo se
começou a interessar por automóveis.
Depois de efetuar um
Curso de Engenharia Mecânica com especialização em Automóveis em Londres,
Inglaterra (1963-66), Megre decidiu participar nalgumas competições automóveis.
Nos anos 70, o antigo piloto somou três participações no Campeonato do Mundo de
Ralis. A partir de 1982 passou a dedicar-se exclusivamente à disciplina de todo
o terreno onde se destacam as participações pioneiras no rali Paris-Dakar ao
volante dos UMM de construção portuguesa. Participou ainda no rali Paris-Cidade
do Cabo e no Paris-Moscovo-Pequim.
"Pai" do todo o terreno em Portugal
Como organizador foi
o responsável pelo aparecimento da Maratona de Portalegre, em 1987, e da Baja
Portugal, em 1988, prova que é hoje conhecida como Rali Transibérico, a mais
importante competição europeia da modalidade, integrando a Taça do Mundo de
Todo-o-Terreno. Dentro de seu leque de organizações inclui-se ainda as 24 Horas
de TT e o Transportugal.
Desde 1987 foi o
responsável pela criação e organização de várias expedições
intercontinentais
em África, Ásia e Américas, todas elas com um mínimo de 15 mil
quilómetros. É o
sócio número 1 e co-fundador do Clube Todo-o-Terreno, criado em 1982, e
presidente e co-fundador do Clube Aventura, iniciado em 1984.
O viajante
Viajante compulsivo,
esteve em 193 dos 194 países soberanos reconhecidos no planeta - só lhe faltava
o Iraque. De notar que, as viagens de José Megre não eram feitas, de maneira
nenhuma, unicamente para conseguir o carimbo no passaporte. A sua norma era
fazer vários quilómetros, em todas elas, para conhecer o melhor possível os
países que visitava, tendo percorrido cerca de um milhão de quilómetros em
automóvel fora de Portugal. Mesmo nas últimas viagens que fez a países fechados
ao turismo, alguns dos quais bastante instáveis e com restrições à circulação,
percorreu de automóvel várias centenas de quilómetros em cada um deles.
Nos últimos dois anos
visitou cerca de 20 países, entre os quais a Libéria, o Afeganistão, a Coreia
do Norte, a Nigéria, o Zaire, a Somália, os minúsculos Nauru e Tuvalu no
Pacífico, o Tadjiquistão e a Arábia Saudita, onde José Megre se deslocou por
três vezes, fazendo aí um total de 12 mil km em automóvel, tendo esta sido a sua
última e importante descoberta.
Em 2007 fez a sua
terceira viagem em automóvel desde Portugal ao Sul de África, desta vez com
destino a Maputo. Mas, anteriormente já tinha atravessado 15 vezes o deserto do
Sahara em seis itinerários diferentes. Assim, conhece todos os países de África
através destas e de várias outras viagens que fez neste continente, sempre em
automóvel.
José Megre começou a
viajar de automóvel no estrangeiro com 13 anos, na altura com os pais, e nunca
mais parou. Desde então, para além dos itinerários no continente africano
anteriormente referidos, cruzou a Europa e a Ásia por três vezes, fazendo duas
travessias entre o Atlântico e o Pacífico, uma no rali Paris-Pequim, outra no
comboio Transiberiano e ainda outra que o levou de Lisboa à Índia, ao Nepal,
Butão e Tibete de automóvel.
Nos dois continentes
americanos, atravessou por duas vezes os Estados Unidos e uma vez o Canadá,
ambos de costa a costa. Percorreu também todos os países da América Central e,
por quatro vezes, a América do Sul em viagens de cerca de 15 mil km cada, sempre
em itinerários diferentes.
Efetivamente, o
objetivo de José Megre como viajante não era só conhecer todos os países do
mundo, mas também fazer todos os grandes itinerários dos sete continentes,
cruzando-os de Norte a Sul e/ou de Leste a Oeste. Assim, para cumprir este
objetivo deslocou-se também à Antárctida no navio Explorer, recentemente
afundado durante uma expedição idêntica. Percorreu, ainda, cerca de 20.000km na
Austrália, para além de ter estado em todos os países independentes da
Oceânia-Pacífico.
José
Megre deixou-nos aos 66 anos, a 21 de Fevereiro de 2009, vítima de cancro do
pulmão.