sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A bola

José Saúde

Numa visita pela essência do mundo desportivo, deparamo-nos com um multicolorido de adereços que transformaram por completo as reminiscências das modalidades. Detenho-me com a evolução da bola de jogo e a sua exata adaptação aos novos contornos amiúde deparados. Desato o fio de uma meada que, na minha perspetiva, permanece imutável no tempo. Aliás, a obliquidade que me levou a travar o desafio proposto carece de plausíveis alegações. A bola, esfera saltitante e de agitações estrondosas, tem tido uma evolução constante relativamente aos materiais utilizados na sua feitura. Lembro que as primeiras bolas de que temos memória foram de trapos, mais tarde de borracha e depois em coiro, isto é, de cautchou. Estas últimas, em feitio de gomos, eram acabadas com uma rodela numa das extremidades para salvaguardar o pipo que resguardava o balão interior e enchido com uma bomba de ar. Na era presente tudo isto são puras veleidades do passado. A beleza da bola rejubila os artistas e o público rende-se às suas maquiavélicas ações. Os remates fortes dos craques deixam o público em delírio. Recordo, com saudade, aquelas jogatanas em tardes de invernia que levavam os atletas à exaustão face ao peso das bolas de cautchou que se apresentavam encharcadas. Agora, já se pensa em chips. A bola, alvo de eloquentes paixões, ser-lhe-á um dia atribuída quiméricas funções que visam repor a verdade desportiva, relativamente à sua transposição, ou não, do risco de golo. No próximo Campeonato do Mundo de Futebol a realizar no Brasil, 2014, a FIFA, depois de uma eleição, declarou a “brazuca”, marca Adidas, como a bola oficial do jogo. A “brazuca” competiu com a “bossa nova” e a “carnavalesca”, sendo que a escolhida teve 77,8 por cento, contra os 14,6 e os 7,6, respetivamente, das restantes levadas a concurso. Como tudo mudou no planeta de a bola. Realidades dos novos tempos.

Fonte: http://da.ambaal.pt/

Sem comentários:

Enviar um comentário