José Saúde
Numa visita pela essência do mundo
desportivo, deparamo-nos com um multicolorido de adereços que
transformaram por completo as reminiscências das modalidades. Detenho-me
com a evolução da bola de jogo e a sua exata adaptação aos novos
contornos amiúde deparados. Desato o fio de uma meada que, na minha
perspetiva, permanece imutável no tempo. Aliás, a obliquidade que me
levou a travar o desafio proposto carece de plausíveis alegações. A
bola, esfera saltitante e de agitações estrondosas, tem tido uma
evolução constante relativamente aos materiais utilizados na sua
feitura. Lembro que as primeiras bolas de que temos memória foram de
trapos, mais tarde de borracha e depois em coiro, isto é, de cautchou.
Estas últimas, em feitio de gomos, eram acabadas com uma rodela numa das
extremidades para salvaguardar o pipo que resguardava o balão interior e
enchido com uma bomba de ar. Na era presente tudo isto são puras
veleidades do passado. A beleza da bola rejubila os artistas e o público
rende-se às suas maquiavélicas ações. Os remates fortes dos craques
deixam o público em delírio. Recordo, com saudade, aquelas jogatanas em
tardes de invernia que levavam os atletas à exaustão face ao peso das
bolas de cautchou que se apresentavam encharcadas. Agora, já se pensa em
chips. A bola, alvo de eloquentes paixões, ser-lhe-á um dia atribuída
quiméricas funções que visam repor a verdade desportiva, relativamente à
sua transposição, ou não, do risco de golo. No próximo Campeonato do
Mundo de Futebol a realizar no Brasil, 2014, a FIFA, depois de uma
eleição, declarou a “brazuca”, marca Adidas, como a bola oficial do
jogo. A “brazuca” competiu com a “bossa nova” e a “carnavalesca”, sendo
que a escolhida teve 77,8 por cento, contra os 14,6 e os 7,6,
respetivamente, das restantes levadas a concurso. Como tudo mudou no
planeta de a bola. Realidades dos novos tempos.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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