sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O resto são recordações...


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Se alguma vez aconteceu, perder-se-ão na memória do tempo outros encontros entre os históricos Despertar e Desportivo de Beja, a disputarem o Campeonato Distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja.
Texto e fotos Firmino Paixão

A tarde até estava apetecível. À mesma hora, ali ao lado, no sintético do Complexo Fernando Mamede, jogava-‑se uma partida do Nacional de Juniores e, no centro da cidade, o movimento “Que se lixe a troika” manifestava-se contra a austeridade no País, nada que fizesse imaginar a concorrência com um dérbi citadino que outrora exacerbava as grandes paixões desportivas e reacendia a chama da rivalidade.
Na bilheteira do estádio, um quarto de hora depois do início do jogo, estavam vendidos 40 bilhetes (20 de sócio, a 1,50 €, e 20 normais, a 2,50 €) que renderam 80 euros aos cofres do Despertar. Uma fortuna! Acrescentando as entradas de livre-trânsito de alguns agentes desportivos, estaria no recinto uma centena de espectadores, que viram o Despertar ganhar por 2-0. Entre eles, Augusto Termentina Santos, 71 anos, sócio que tem um largo passado de dedicação ao clube, como adepto e muitos anos de dirigente, e que sublinhou: “Custa muito assistirmos a isto, sobretudo se recordarmos o historial do Desportivo nos campeonatos nacionais e até na 2.ª Divisão de Honra, se calhar estaremos a pagar essa fatura. Isto dói muito a quem gosta do Desportivo, mas não há dinheiro, as pessoas só apoiam quando o clube está bem, existe um grande divórcio entre a cidade e o Desportivo”. Para inverter esta situação, diz Augusto Santos, “seria preciso uma grande colaboração das empresas, da autarquia, sem isso nada se conseguirá, e repare que nesta equipa ninguém ganha um cêntimo”. Se era capaz de voltar a colaborar na recuperação do clube? “Claro, por tudo aquilo que vivi no Desportivo, mas era preciso saber como e com quem, porque, nestas coisas, quando se deixa uma certa imagem, não se pode destruí-la mais tarde”.
Leonel Serafim é uma referência no Despertar, clube onde foi campeão de juniores na época 65/66. Hoje, com 65 anos, é ainda um dos rostos que anda com o “rasga” ao colo: “Sou despertariano desde os meus 13 anos, altura em que comecei a jogar com esta camisola”. Dirigente do clube nos últimos sete anos, Leonel, fazendo as vasas de porteiro, facultou-nos a estatística de bilheteira e lembrou: “Isto é sempre um grande dérbi da cidade, embora os clubes estejam onde estão, é sempre salutar estarem aqui duas equipas de Beja a competirem”. Melhorar este estado de coisas passa pelo apoio das pessoas, diz o dirigente do Despertar, lembrando: “Sem público não há espetáculo, as pessoas de Beja têm que apoiar mais o futebol. Estão aqui duas equipas a custo zero”. Sem augurar grandes voos ao seu clube, Leonel afirma que “se pudéssemos andar na primeira divisão distrital já não seria mau, depois, se o País melhorasse e o futuro fosse mais risonho, logo se veria”. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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