Não
eram supersticiosos os pioneiros do Mundial que, em 30, se abalançaram a
essa coisa olímpica de promover uma prova de tão largo alcance e não
menor responsabilidade. É que, na edição inaugural, foram precisamente
13 os participantes, número muito aquém do desejado, facto a que a
circunstância do torneio ter escolhido Montevideo para palco dos seus
jogos não terá sido estranha.
Na verdade, apenas quatro países europeus se prontificaram a atravessar o Atlântico, figurando, naturalmente, de entre eles, a França, para quem o exemplo de tenacidade e entusiasmo de Jules Rimet não poderia ficar esquecido. A este quarteto contrapunha a América do Sul com sete candidatos, aos quais se juntaram México e EUA. Durante 17 dias, a prova decorreu e a final reuniu, como se previra, o anfitrião Uruguai e a Argentina, reeditando assim a decisão dos JO Amesterdão'28. Nessa altura, já havia jogos de bastidores. O central argentino Monti, por exemplo, não quis atuar, depois de ter recebido ameaças de morte pelo telefone, sendo necessária a presença de dois dirigentes do San Lorenzo de Almagro, clube de Monti, para o convencer a tomar parte no encontro.
O resto da história já se sabe. O Uruguai marcou primeiro mas consentiu a reviravolta antes do intervalo. Na segunda parte, 3-0 para os locais. No dia seguinte, enquanto toda a imprensa exultava, os jornais argentinos protestavam contra a violência do adversário - lamentando o grande número de jogadores lesionados -, admitiam o corte de relações desportivas entre os dois países e, claro, acusavam o árbitro de ter favorecido o Uruguai. Foi há 84 anos, mas o retrato podia bem ser de hoje...
Curiosidades
• Jules Rimet viajou da França para o Uruguai de barco e nunca se separou da Taça com o seu nome, esculpida em ouro. Nem para ir à casa de banho!
• A perder por 1-0 com a Argentina, os EUA ficaram privados do médio Tracey e do guardião Douglas por lesão. Como se isso fosse pouco, o jogo esteve parado 15' porque o selecionador Millar inalou clorofórmio, após derrubar a garrafa com o líquido.
• Irritada com a arbitragem nas "meias", a Jugoslávia recusou-se a jogar com os EUA para o 3.º e 4.º lugares. Por isso, em muitas publicações, os americanos aparecem à frente dos europeus com base no critério (não oficial) de diferença de golos.
• Tanto uruguaios como argentinos queriam jogar a final com a sua bola. A FIFA determinou meia parte para cada uma. A Argentina começou e ganhou 2-1 com a sua bola, mais leve. O Uruguai respondeu com 3-0 no segundo tempo.
• No Argentina-França, o árbitro Gilberto de Almeida Rego deu por concluído o jogo aos 84 minutos. A culpa não foi do juiz, mas sim do cronometrista oficial. Os franceses, que perdiam por 1-0, perceberam o engano mas o campo foi imediatamente invadido pelos adeptos. Só meia hora depois é que o árbitro convenceu os argentinos a voltar ao relvado para completar o jogo. Alguns alvi-celestes até já estavam fora do estádio, de banho tomado!
• Antes da estreia, a Bolívia entrou em campo e cada jogador trazia uma letra gigante na camisa para que os sete atletas de pé formassem a palavra "Uruguay" e os quatro agachados "Viva". Um deles ficou indisposto. Resultado: "Urugay".
• O Roménia-Peru entrou na história por três motivos: jogo com menos assistência de sempre (300 espectadores), golo mais rápido do primeiro Mundial (50 segundos) e primeira expulsão (Galindo, que empurrou o árbitro).
• Durante 64 anos, o 2-0 dos EUA ao Paraguai foi atribuído a Gonzalez na própria baliza até a FIFA rever o lance e atribuir o golo a Patenaude, que, assim, passou a ser considerado o primeiro jogador a assinar um hat-trick.
Portugal na qualificação
Não houve. Participantes foram convidados.
RESULTADOS
Grupo A
França-México 4-1
Argetina-França 1-0
Chile-México 3-0
Chile-França 1-0
Argentina-México 6-3
Argentina-Chile 3-1
Classificação
Grupo B
Jugoslávia-Brasil 2-1
Jugoslávia-Bolívia 4-0
Brasil-Bolívia 4-0
Classificação
Grupo C
Roménia-Peru 3-1
Uruguai-Peru 1-0
Uruguai-Roménia 4-0
Classificação
Grupo D
EUA-Bélgica 3-0
EUA-Paraguai 3-0
Paraguai-Bélgica 1-0
Classificação
Meia-finais
Argentina-EUA 6-1
Uruguai-Jugoslávia 6-1
Final
Uruguai-Argentina 4-2
Melhor marcador
Stábile (Argentina) 8 golos
Fonte: http://www.record.xl.pt/
Na verdade, apenas quatro países europeus se prontificaram a atravessar o Atlântico, figurando, naturalmente, de entre eles, a França, para quem o exemplo de tenacidade e entusiasmo de Jules Rimet não poderia ficar esquecido. A este quarteto contrapunha a América do Sul com sete candidatos, aos quais se juntaram México e EUA. Durante 17 dias, a prova decorreu e a final reuniu, como se previra, o anfitrião Uruguai e a Argentina, reeditando assim a decisão dos JO Amesterdão'28. Nessa altura, já havia jogos de bastidores. O central argentino Monti, por exemplo, não quis atuar, depois de ter recebido ameaças de morte pelo telefone, sendo necessária a presença de dois dirigentes do San Lorenzo de Almagro, clube de Monti, para o convencer a tomar parte no encontro.
O resto da história já se sabe. O Uruguai marcou primeiro mas consentiu a reviravolta antes do intervalo. Na segunda parte, 3-0 para os locais. No dia seguinte, enquanto toda a imprensa exultava, os jornais argentinos protestavam contra a violência do adversário - lamentando o grande número de jogadores lesionados -, admitiam o corte de relações desportivas entre os dois países e, claro, acusavam o árbitro de ter favorecido o Uruguai. Foi há 84 anos, mas o retrato podia bem ser de hoje...
Curiosidades
• Jules Rimet viajou da França para o Uruguai de barco e nunca se separou da Taça com o seu nome, esculpida em ouro. Nem para ir à casa de banho!
• A perder por 1-0 com a Argentina, os EUA ficaram privados do médio Tracey e do guardião Douglas por lesão. Como se isso fosse pouco, o jogo esteve parado 15' porque o selecionador Millar inalou clorofórmio, após derrubar a garrafa com o líquido.
• Irritada com a arbitragem nas "meias", a Jugoslávia recusou-se a jogar com os EUA para o 3.º e 4.º lugares. Por isso, em muitas publicações, os americanos aparecem à frente dos europeus com base no critério (não oficial) de diferença de golos.
• Tanto uruguaios como argentinos queriam jogar a final com a sua bola. A FIFA determinou meia parte para cada uma. A Argentina começou e ganhou 2-1 com a sua bola, mais leve. O Uruguai respondeu com 3-0 no segundo tempo.
• No Argentina-França, o árbitro Gilberto de Almeida Rego deu por concluído o jogo aos 84 minutos. A culpa não foi do juiz, mas sim do cronometrista oficial. Os franceses, que perdiam por 1-0, perceberam o engano mas o campo foi imediatamente invadido pelos adeptos. Só meia hora depois é que o árbitro convenceu os argentinos a voltar ao relvado para completar o jogo. Alguns alvi-celestes até já estavam fora do estádio, de banho tomado!
• Antes da estreia, a Bolívia entrou em campo e cada jogador trazia uma letra gigante na camisa para que os sete atletas de pé formassem a palavra "Uruguay" e os quatro agachados "Viva". Um deles ficou indisposto. Resultado: "Urugay".
• O Roménia-Peru entrou na história por três motivos: jogo com menos assistência de sempre (300 espectadores), golo mais rápido do primeiro Mundial (50 segundos) e primeira expulsão (Galindo, que empurrou o árbitro).
• Durante 64 anos, o 2-0 dos EUA ao Paraguai foi atribuído a Gonzalez na própria baliza até a FIFA rever o lance e atribuir o golo a Patenaude, que, assim, passou a ser considerado o primeiro jogador a assinar um hat-trick.
Portugal na qualificação
Não houve. Participantes foram convidados.
RESULTADOS
Grupo A
França-México 4-1
Argetina-França 1-0
Chile-México 3-0
Chile-França 1-0
Argentina-México 6-3
Argentina-Chile 3-1
Classificação
| Pontos | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Golos | |
| ARGENTINA | 6 | 2 | 2 | 0 | 0 | 10-4 |
| Chile | 4 | 3 | 2 | 0 | 1 | 5-3 |
| França | 2 | 3 | 1 | 0 | 2 | 4-3 |
| México | 0 | 3 | 0 | 0 | 3 | 4-13 |
Jugoslávia-Brasil 2-1
Jugoslávia-Bolívia 4-0
Brasil-Bolívia 4-0
Classificação
| Pontos | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Golos | |
| JUGOSLÁVIA | 4 | 2 | 2 | 0 | 0 | 6-1 |
| Brasil | 2 | 2 | 1 | 0 | 1 | 5-2 |
| Bolívia | 0 | 2 | 0 | 0 | 2 | 0-8 |
Roménia-Peru 3-1
Uruguai-Peru 1-0
Uruguai-Roménia 4-0
Classificação
| Pontos | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Golos | |
| URUGUAI | 4 | 2 | 2 | 0 | 0 | 5-0 |
| Roménia | 2 | 2 | 1 | 0 | 1 | 3-5 |
| Peru | 0 | 2 | 0 | 0 | 2 | 1-4 |
EUA-Bélgica 3-0
EUA-Paraguai 3-0
Paraguai-Bélgica 1-0
Classificação
| Pontos | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Golos | |
| EUA | 4 | 2 | 2 | 0 | 0 | 6-0 |
| Paraguai | 2 | 2 | 1 | 0 | 1 | 1-3 |
| Bélgica | 0 | 2 | 0 | 0 | 2 | 0-4 |
Meia-finais
Argentina-EUA 6-1
Uruguai-Jugoslávia 6-1
Final
Uruguai-Argentina 4-2
Melhor marcador
Stábile (Argentina) 8 golos
Fonte: http://www.record.xl.pt/
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