Futebol Sub-19
"Penso em tudo o que aconteceu: a minha entrada a frio para substituir o André [Moreira], os incentivos do 'mister' Pedro Roma, o nervosismo inicial, que demorou uns cinco minutos a passar", disse, e os pormenores foram ficando mais nítidos: "O 'mister' Roma voltou a falar comigo antes dos penáltis para dizer como é que os sérvios os batiam. E frisou a confiança nas minhas capacidades, apesar de eu não ter sido opção nos jogos anteriores do Europeu. Depois lembro-me da velocidade a que vinha a bola e da defesa que fiz. Foi instintiva".
Quando a seleção sérvia falhou a primeira grande penalidade, sentiu "que estava a um pequeno passo da final". Aliás, já tinha tido esse pressentimento: "Disse aos meus colegas para marcarem bem os penáltis porque eu iria defender um de certeza".
O jovem guarda-redes luso, que alinha no SC Braga B, também valoriza o apoio dado pelo colega André Moreira. "Saiu por lesão e ficou no banco a gritar como um doido para me apoiar, sobretudo nos penáltis. Não esperava outra coisa dele, pois também o apoiei sempre".
"Só há concorrência saudável na baliza dos Sub-19. Eu e o André lutamos pelo mesmo lugar, mas somos amigos próximos. A união faz parte do ADN desta equipa, qualquer um vê isso. Nunca meteríamos os interesses próprios à frente dos interesses da equipa", reforçou.
Na mente de Tiago Sá já se instalou a grande final do Campeonato da Europa. "Na minha e na dos meus colegas", corrigiu, com uma explicação clara: "Não há tempo para ficar nas nuvens. Já descemos todos à terra porque vem aí o maior desafio de todos".
"Só pensamos em tirar as medidas à Alemanha. Queremos muito ganhar este Europeu e fazer história. Esse é o nosso sonho", acrescentou, sem rodeios.
Os sonhos de Tiago, que se sagrou na época passada campeão nacional de juniores, nem sempre foram os títulos e o futebol. "Queria ser operário da construção civil e o meu sonho era montar um teto falso com pladur", contou, a bom rir, dizendo que o pai trabalhava nessa área e que foi com ele "a muitas obras", durante a infância.
Tudo mudou aos nove anos, quando entrou nas escolinhas do SC Braga, incentivado por um primo: "Comecei como avançado, queria marcar golos como o Ronaldo brasileiro". Um dia, a equipa estava sem guarda-redes, e pediram-lhe para ir à baliza: "Vi que era o jogador com mais jeito para defender. Dias depois, apareci lá com umas luvas para ser guarda-redes".
"Como as coisas mudam na vida. Perdeu-se um péssimo avançado. Se continuasse nessa posição, certamente não estaria aqui em Budapeste", concluiu o jovem guardião, que tem no alemão Manuel Neuer a sua maior referência na arte de defender.
Fonte: FpF.PT
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