José Saúde
Respeito os hilariantes holofotes que
sempre honraram a Mina de São Domingos. Conheci os cheiros a enxofre que
o material extraído das profundezas da mina emitia aos povoados
vizinhos. A luta titânica imprimida pelos ancestrais mineiros
apresentava-se como motivo primário para uma conversa com o pessoal mais
velho. O seu saber invocava uma explicação consentânea sobre os odores a
enxofre vindos daquele lugarejo. Uma alteração meteorológica do tempo
parecia inevitável. A Mina de São Domingos, naqueles tempos, era uma
referência ímpar na região. A firma inglesa Mason and Barry detinha a
laboração mineira. O gosto pelo futebol expandiu-se. À estampa surgiram o
São Domingos e o Guadiana, clubes rivais que reivindicavam a sua
própria afirmação. Todavia, o tempo encarregar-se-ia em eleger o São
Domingos Foot-Bal Clube, fundado em 15 de agosto de 1922, como a
agremiação do povoado. Entretanto a ousadia inglesa ditava lei. Assim
sendo, ao campo de jogos então construído foi atribuído o nome de Cross
Brown. Nos anos 30, 40 e 50 o clube atingiu o auge. Por lá passaram
verdadeiros craques. Era o tempo de um corrupio constante à Mina. A
estrada alcatroada da pequena urbe apresentava-‑se como uma passerelle
onda as moças passeavam os seus esbeltos corpos. Tempos que já lá vão.
Hoje, a Mina modificou-se. O mundo aquático alterou o perfil da dinâmica
desportiva. A praia fluvial da Tapada Grande da Mina de São Domingos é,
indiscutivelmente, uma gentil anfitriã para gentes que fazem da água a
sua diversão. Neste contexto, no passado sábado a Câmara Municipal de
Mértola testou as capacidades dos veraneantes presentes na praia e a
rapaziada, agrupada em equipas, desfrutaram da excelente iniciativa
autárquica. Houve diversão e alegria. Outros tempos e outros argumentos
que honram uma mítica população humana que sempre soube dizer presente
no exato momento em que o desporto apela à sua singela entrega.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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