sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Uma saudável teimosia
Quatro anos após a sua fundação, o Beja Basket Clube mantém a atividade em várias frentes nacionais e regionais, com atletas nas seleções e o lançamento do jogador Pedro Lança para o Benfica.
Texto e foto Firmino Paixão
Numa região onde o basquetebol tinha pouca, ou nenhuma, tradição, isto é obra. Mas é também trabalho, perseverança e espírito de sacrifício dos seus atletas e dirigentes. Com as dificuldades comuns às modalidades de pavilhão, a que acrescem as financeiras e de recrutamento em recursos humanos, o Beja Basket Clube, com o acrónimo de BBC, conta, atualmente, com equipas de seniores, sub/18, sub/16 e mini basket. Luís Caramba, atleta, treinador e presidente do clube, ajuda-nos a perceber como surgem estes milagres que superam as contrariedades de uma crise latente no associativismo desportivo.
O Beja Basket Clube mantém esta saudável teimosia de incrementar o basquetebol na região competindo em provas nacionais?
É mesmo uma saudável teimosia, as coisas estão cada vez mais difíceis e nós continuamos a participar, todos os anos, ao mais alto nível, num campeonato nacional que, à semelhança do ano passado, resultou da junção da primeira e segunda divisões, com 12 equipas e 22 jogos, o que não sucedia há muitos anos. Este ano, por opção, temos o plantel ligeiramente mais curto, porque as inscrições são muito caras e só inscrevemos jogadores que nos davam garantias de jogar tranquilamente a época inteira.
E que objetivos traçaram?
Os objetivos são modestos, passámos por uma reestruturação na equipa, saíram atletas mais velhos, houve muitas alterações, quer em termos de equipa e clube, quer em termos de campeonatos. Eu fiquei como treinador/jogador e este ano passou a ser permitido acumular as duas funções, mas teríamos que arranjar um treinador com o nível II. Contactámos o engenheiro João Margalha e ele acedeu, de bom grado, a reiniciar a sua carreira como treinador. Estamos muito contentes, ele ajuda-nos muito, é sempre importante termos uma pessoa mais experiente, porque estamos a falar de uma equipa que só tem um jogador acima dos 30 anos, os restantes estão abaixo dos 25.
Esta missão tem outras metas, para além dos objetivos desportivos?
O importante é promover a modalidade e permitir que alguns atletas que ficam a estudar em Beja continuem a praticá-la. Este desporto está cada vez mais caro, mas nós arranjamos formas milagrosas para continuarmos a praticá-lo, para que os miúdos que, este ano, temos no mini basket tenham continuidade no clube e interiorizem o objetivo de chegarem aos seniores. O nosso grande sonho é termos equipas em todos os escalões e mantê-las em atividade nos campeonatos regionais.
As dificuldades serão muitas, no recrutamento, no financiamento do clube e nos espaços para treino…
Hoje em dia, todos temos dificuldades financeiras, quer na vida pessoal, quer nos desportos individuais ou coletivos, portanto, cada um vive da forma que pode e, por isso, as ambições não podem ser elevadas. O plano financeiro é importante mas, felizmente, estamos numa fase em que temos pouco, mas ajudamo-nos muito uns aos outros. Temos o apoio dos pais, dos atletas, dos treinadores, todos contribuímos. Mas sentimos dificuldade no recrutamento de dirigentes e treinadores, não conseguiremos ter atletas se não tivermos quem os enquadre.
Ainda assim conseguem títulos regionais e colocam atletas nas seleções…
Neste momento temos três jogadores em Elvas num estágio da seleção regional sub/14 e cinco pré-convocados para os treinos da seleção sub/16. Este ano perdemos um jogador, embora seja muito bom para nós como clube e para o atleta, mas o Pedro Lança foi jogar para o Benfica. Queríamos ter mais atletas que, como ele, conseguissem concretizar o sonho de jogar no maior clube português nesta modalidade.
O BBC, em quatro anos de existência, tem obra feita?
A partir do momento em que o basquetebol continua em Beja é porque a obra foi feita. Mas tivemos um início de época muito complicado, os seniores treinam duas horas e meia por semana, os outros clubes treinam quatro vezes. Temos falta de espaços para treinar, uns treinam na Escola D. Manuel I, felizmente a Câmara de Beja arranjou-nos uns cestos para darmos treino aos pequeninos na Escola Mário Beirão. São as condições que temos.
Apesar de tudo conseguem afirmar e enraizar o basquetebol e o clube no quadro do associativismo desportivo regional?
A nossa continuidade é, só por si, uma vitória. Somos a única equipa do distrito de Beja filiada na Associação de Basquetebol do Alentejo e a que está mais distante das outras. Para qualquer jogo que façamos, temos, à partida, uma deslocação de 160 quilómetros. Lamentamos a inexistência de mais equipas no distrito, aumentaria a competitividade e atenuaria os gastos com deslocações.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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