(João
Tiago Figueiredo e Pedro Jorge da Cunha, in maisfutebol) Nuno
Laurentino é irmão de Hugo Laurentino, guarda-redes de andebol do FC Porto.
Também é guardião, mas de futebol, e está quase a festejar a subida aos
Nacionais. Espera que seja domingo, no campo do Lusitano.
CAMINHOS DE PORTUGAL é uma rubrica do jornal Maisfutebol
que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não
profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá
cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL .
JUVENTUDE SPORT CLUBE: 1º classificado Divisão Elite
AF Évora
Nuno
Laurentino. À primeira audição, se a pronuncia for rápida e o raciocínio não
estiver tão arisco, poderá pensar-se no guarda-redes da equipa de andebol do FC
Porto. Mas a verdade é que esse é Hugo Laurentino. Alguma ligação entre os
dois? Sim, há. São irmãos.
Para
esta história interessa-nos, essencialmente, Nuno, também ele guarda-redes, mas
de futebol. Tem 29 anos e está há sete no Juventude Évora, cidade de onde é
natural.
Atualmente
é professor de Educação Física. Ao contrário do irmão, apesar da ligação forte
ao desporto, pratica-o por paixão e não por profissão.
«Começámos
os dois no futebol, mas sempre gostamos de desporto. Passamos pelo judo e
também pelo andebol. O meu irmão foi para lá por causa da asma e eu também o
segui. Depois chateei-me com o treinador, coisas de miúdos, e deixei o
andebol», conta Nuno Laurentino, em conversa com o Maisfutebol.
Se o
início foi o mesmo, o futuro foi muito diferente. «Ele seguiu no trilho dele
com o sucesso que se sabe. FC Porto, seleção nacional…», comenta Nuno. E este?
Assentou,
de vez, no futebol. Formou-se no Lusitano de Évora, o grande rival do
Juventude, que representa atualmente. Também por isso diz ser alguém com
propriedade para comentar a rivalidade entre os dois.
«Festejar
frente ao Lusitano? Para mim é ainda mais especial. Fiz toda a minha formação
no Lusitano e estou há sete anos no Juventude. Estou à vontade para falar dos
dois clubes», comenta.
E,
depois, acrescenta: «É uma rivalidade muito grande. É tipo o Benfica-Sporting
como se diz aqui. No ano passado eles [Lusitano] festejaram por nós não termos
subido. Agora queremos festejar a subida no campo deles.»
Está
perto a festa. O Juventude tem seis pontos de avanço para o Sp. Viana a três
jornadas do fim. Para festejar no campo do velho rival tem de fazer um
resultado melhor do que o clube de Viana do Alentejo na visita ao Perolivense.
Se vencerem ambos, ficará a faltar um ponto em dois jogos ao Juventude.
«Há
uma ansiedade muito grande na cidade. Os nossos sócios não falham um jogo,
temos tido sempre muitos espectadores no estádio. Em média estão sempre 1000
pessoas, o que para o Alentejo são números muito bons», explica.
«Nacionais? Este clube não está preparado é para os
Distritais!»
O
Juventude de Évora caiu para os Distritais há dois anos. «Nunca antes tinha
jogado a este nível», comenta Nuno Laurentino. Falhou a subida na época passada
(foi terceiro, com o Atl. Reguengos a festejar), mas nem pensa em algo que não
seja regressar aos Nacionais.
«Preparado
para os Nacionais? Este clube não está preparado é para os Distritais!», atira
Nuno Laurentino, sem hesitar.
Sobre
o jogo, o guarda-redes acredita no sucesso. «Temos uma equipa boa, um plantel
uniforme. A equipa deles é mais jovem, não aguentam a pressão do dérbi. Fizemos
quatro jogos com eles este ano. Só perdemos um, por 1-0, e foi no único remate
que fizeram à baliza nesse jogo», conta.
«Antigamente
o Lusitano tinha muito mais apoio. Agora as coisas são mais divididas. O
Lusitano é conhecido pelo clube dos meninos bonitos, das pessoas de dinheiro. O
Juventude é o clube das pessoas do trabalho, foi erguido por jovens»,
acrescenta.
«Faltam apoios aos clubes do Alentejo»
Desde
a descida do Campomaiorense, em 2001, que não há um clube alentejano na Liga.
Nuno Laurentino explica o que falta.
«Falta
apoio. O Juventude, por exemplo, vive das rendas, do que consegue produzir, do
património que aluga. O apoio das empresas é pouco, da Câmara é pouco ou
nenhum», lamenta.
E
acrescenta: «O problema é que mesmo que o Juventude suba para o ano o apoio da
Câmara Municipal tem de ser o mesmo que é dado ao Lusitano e às outras equipas
da cidade. Assim fica difícil. A rivalidade acaba por prejudicar o Alentejo.»
Onde
não há rivalidade é na relação de Nuno com o irmão Hugo. Voltamos ao tema de
início de conversa para uma questão em jeito de provocação: quem é o melhor
guarda-redes?
A
pergunta arranca risos. «Cada um na sua área…», começa por dizer Nuno. Mas
depois admite: «Eu jogo no Juventude de Évora e ele no FC Porto. Acho que isso
já diz tudo…»
Publicado por Alentejo e Desporto
Fonte: http://alentejoedesporto.blogspot.pt/
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