quinta-feira, 7 de maio de 2015

Juventude Évora. Irmão de dragão quer festejar no campo do rival

(João Tiago Figueiredo e Pedro Jorge da Cunha, in maisfutebol) Nuno Laurentino é irmão de Hugo Laurentino, guarda-redes de andebol do FC Porto. Também é guardião, mas de futebol, e está quase a festejar a subida aos Nacionais. Espera que seja domingo, no campo do Lusitano.
CAMINHOS DE PORTUGAL  é uma rubrica do jornal  Maisfutebol  que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL .
JUVENTUDE SPORT CLUBE: 1º classificado Divisão Elite AF Évora
Nuno Laurentino. À primeira audição, se a pronuncia for rápida e o raciocínio não estiver tão arisco, poderá pensar-se no guarda-redes da equipa de andebol do FC Porto. Mas a verdade é que esse é Hugo Laurentino. Alguma ligação entre os dois? Sim, há. São irmãos.
Para esta história interessa-nos, essencialmente, Nuno, também ele guarda-redes, mas de futebol. Tem 29 anos e está há sete no Juventude Évora, cidade de onde é natural.
Atualmente é professor de Educação Física. Ao contrário do irmão, apesar da ligação forte ao desporto, pratica-o por paixão e não por profissão.
«Começámos os dois no futebol, mas sempre gostamos de desporto. Passamos pelo judo e também pelo andebol. O meu irmão foi para lá por causa da asma e eu também o segui. Depois chateei-me com o treinador, coisas de miúdos, e deixei o andebol», conta Nuno Laurentino, em conversa com o Maisfutebol.
Se o início foi o mesmo, o futuro foi muito diferente. «Ele seguiu no trilho dele com o sucesso que se sabe. FC Porto, seleção nacional…», comenta Nuno. E este?
Assentou, de vez, no futebol. Formou-se no Lusitano de Évora, o grande rival do Juventude, que representa atualmente. Também por isso diz ser alguém com propriedade para comentar a rivalidade entre os dois.
«Festejar frente ao Lusitano? Para mim é ainda mais especial. Fiz toda a minha formação no Lusitano e estou há sete anos no Juventude. Estou à vontade para falar dos dois clubes», comenta.
E, depois, acrescenta: «É uma rivalidade muito grande. É tipo o Benfica-Sporting como se diz aqui. No ano passado eles [Lusitano] festejaram por nós não termos subido. Agora queremos festejar a subida no campo deles.»
Está perto a festa. O Juventude tem seis pontos de avanço para o Sp. Viana a três jornadas do fim. Para festejar no campo do velho rival tem de fazer um resultado melhor do que o clube de Viana do Alentejo na visita ao Perolivense. Se vencerem ambos, ficará a faltar um ponto em dois jogos ao Juventude.
«Há uma ansiedade muito grande na cidade. Os nossos sócios não falham um jogo, temos tido sempre muitos espectadores no estádio. Em média estão sempre 1000 pessoas, o que para o Alentejo são números muito bons», explica.
 
«Nacionais? Este clube não está preparado é para os Distritais!»
O Juventude de Évora caiu para os Distritais há dois anos. «Nunca antes tinha jogado a este nível», comenta Nuno Laurentino. Falhou a subida na época passada (foi terceiro, com o Atl. Reguengos a festejar), mas nem pensa em algo que não seja regressar aos Nacionais.
«Preparado para os Nacionais? Este clube não está preparado é para os Distritais!», atira Nuno Laurentino, sem hesitar.
Sobre o jogo, o guarda-redes acredita no sucesso. «Temos uma equipa boa, um plantel uniforme. A equipa deles é mais jovem, não aguentam a pressão do dérbi. Fizemos quatro jogos com eles este ano. Só perdemos um, por 1-0, e foi no único remate que fizeram à baliza nesse jogo», conta.
«Antigamente o Lusitano tinha muito mais apoio. Agora as coisas são mais divididas. O Lusitano é conhecido pelo clube dos meninos bonitos, das pessoas de dinheiro. O Juventude é o clube das pessoas do trabalho, foi erguido por jovens», acrescenta.
 
«Faltam apoios aos clubes do Alentejo»
Desde a descida do Campomaiorense, em 2001, que não há um clube alentejano na Liga. Nuno Laurentino explica o que falta.

«Falta apoio. O Juventude, por exemplo, vive das rendas, do que consegue produzir, do património que aluga. O apoio das empresas é pouco, da Câmara é pouco ou nenhum», lamenta.
E acrescenta: «O problema é que mesmo que o Juventude suba para o ano o apoio da Câmara Municipal tem de ser o mesmo que é dado ao Lusitano e às outras equipas da cidade. Assim fica difícil. A rivalidade acaba por prejudicar o Alentejo.»
Onde não há rivalidade é na relação de Nuno com o irmão Hugo. Voltamos ao tema de início de conversa para uma questão em jeito de provocação: quem é o melhor guarda-redes?
A pergunta arranca risos. «Cada um na sua área…», começa por dizer Nuno. Mas depois admite: «Eu jogo no Juventude de Évora e ele no FC Porto. Acho que isso já diz tudo…»


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Fonte:  http://alentejoedesporto.blogspot.pt/

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