A paixão pelas motos

O Grupo Motard de Vidigueira realizou a sua 17.ª concentração, evento que contou com a presença de cerca de duas mil motos e de mais de cinco milhares de pessoas. Uma adesão que surpreendeu positivamente os organizadores.

Texto e fotos Firmino Paixão

Fundado em maio de 1998, há cerca de 17 anos que o Grupo Motard de Vidigueira faz deste evento o ponto de encontro de todos quanto sentem a paixão pelas motos, referiu o professor Orlando Ferreira, presidente da coletividade: “É um grande esforço que o Grupo Motard de Vidigueira vem fazendo, somos um grupo pequeno, mas com muita vontade de trabalhar, também com muita paixão. Somos uma equipa unida e muito solidária e temos conseguido lutar contra tudo e contra todos e conseguimos crescer”. O dirigente salientou também que o projeto “tem sido construído aos poucos. Presentemente tem uma dimensão que não era esperada e que ultrapassou tudo o que prevíamos, mas cá estamos nós para aguentar o balanço com a pequena estrutura organizativa que temos”.
Tudo se iniciou há 18 anos, conta. “Fizemos três encontros, chamámos-lhe assim, para experimentarmos a adesão e tomarmos o pulso ao que iria acontecer, porque estamos no interior do Alentejo. Será que pegava? Será que não pegava? Fizemos essa avaliação e decidimos que no ano seguinte se faria a primeira concentração”. Hoje, o sucesso é visível: “Temos cerca de 2000 motos, mais os acompanhantes e os visitantes recebemos aqui entre cinco a seis mil pessoas”. E mais, oriundas dos sítios mais diversificados, explica: “Temos aqui motards de todo o País e alguém me dizia já para tornarmos isto numa concentração internacional, porque creio que estão aqui representados à volta de 10 países. Seria uma boa razão para a designar de internacional, mas não estamos interessados, o espaço começa a ser curto e mais vale oferecermos qualidade do que termos uma grande quantidade”.
Durante três dias, o grupo divulga a cultura, os saberes e sabores da sua terra. “Essas são as nossas grandes apostas”, acentuou Orlando Ferreira: “Divulgar este concelho e dar conhecer a gastronomia alentejana, inclusive penso que o comércio local está satisfeitíssimo, claro que isto não agrada a todos, as pessoas durante estes dias são um pouco incomodadas, mas é importante para a economia da região, até para a cidade de Beja e outras terras vizinhas; sabemos que há pessoas instaladas um pouco por todo o lado em redor da Vidigueira, porque a capacidade local esgotou rapidamente”.
À margem das concentrações anuais o grupo tem associados a competir em moto-ralis e campeonatos nacionais, e Orlando Ferreira destacou que “temos o campeão nacional de motocross no escalão de iniciados, um miúdo aqui de Vidigueira, que é o Bruno Charrua. É o nosso campeão, é nosso associado, tem 15 anos e este ano conquistou o título nacional de motocross em 85 cm3”. E lembrou que “não tivemos ninguém no todo-o-terreno, as coisas não estão muito fáceis e isto funciona normalmente em regime de ‘pai-patrocínio’. O grupo não tem condições para apoiar, somos pequenos e as pessoas até nos perguntam como é que fazemos este evento, mas quem nos ajuda a pagar isto são os motards que cá vêm, nós só corremos os riscos do investimento e no final somos compensados pelo êxito da organização”.
E mais uma vez o êxito foi o mote da concentração: “Foi tudo muito pacífico, tivemos espetáculos de cante alentejano, rock nacional e internacional, o striptease, de que o motard tanto gosta, e a eleição da Miss T-Shirt Molhada, um momento alto nestes eventos”. O grupo, fundado à mesa de café, tem cerca de 50 sócios e a expectativa de mudar a sua sede para um espaço de maior dimensão para dinamizar outras atividades. Porque, sublinha Orlando Ferreira, “o motard gosta de tudo, é um cidadão perfeitamente integrado na sociedade, eu, por exemplo, sou professor, outros são advogados, juízes, pedreiros, é um meio muito diversificado, o motard não é um marginal, somos seres humanos como os outros, pessoas de bem que têm em comum a paixão pelas motos”. 
Fonte: http://da.ambaal.pt