sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Memórias

José Saúde

Navegando à tona de um mar riçado em memórias, e relatando nacos de histórias de um passado já distante, ouso trazer à liça acontecimentos que marcaram o desporto no distrito de Beja. As calendas desportivas de outrora oferecem ao leitor a oportunidade em conhecer realidades que se entendem no tempo como peças eternamente bíblicas. Existem resquícios desportivos que envolvem as nossas mentes e que nos conduzem para uma indeterminada viagem onde o dissecar de pormenores embelezam peripécias longínquas. O que nos traz hodiernamente a este espaço passa pelo desejo em evocar calendas desportivas que visam em não deixá-las cair no limbo do esquecimento. Existe um cardápio de memórias, passadas de geração para geração, que nos atulham de orgulho. Aproveitando a vaga, divulgamos pequenas lembranças que esbarram inevitavelmente no inolvidável. O mês era o de fevereiro e o ano o de 1924, sendo que a equipa do Aldenovense Foot-Ball Clube foi de abalada até Paimogo, uma povoação fronteiriça de Espanha onde os laços de amizade e familiar entre estes dois povos permanecem, e cujo fim era um jogo de futebol. Os rapazes de Aldeia Nova de São Bento prepararam o desafio e o resultado final foi uma brilhante vitória, 8-0, favorável à equipa portuguesa. O evento careceu de alaridos e a comitiva forasteira foi presenteada com uma banda de música, bailes, beberetes e uma semana de estadia na localidade de Andaluzia. Conta-se que face ao tardio regresso dos jogadores à aldeia, a que acresce o seu silêncio, houve necessidade para um recurso às autoridades oficiais de ambos os países. Tudo porém acabou com um final feliz e dos auratos do êxito sobressai que esse jogo, para além do dote de internacional, resvalou para uma história de amor. Bernardino Assis, guarda-redes do time aldenovense, enamorou-se por uma beldade espanhola que lhe destroçou o coração, encetaram um namoro sério, casaram, construíram uma família unida e foram felizes. Memórias de um cosmos desportivo perpetuamente inigualável. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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