sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Um plantel jovem


Um plantel jovem enquadrado por um treinador com mais de três décadas de experiência na modalidade. Eis a equipa sénior do Centro de Cultura Popular de Serpa, um baluarte do andebol naquela cidade.

Texto e foto Firmino Paixão


Há três épocas consecutivas que a equipa sénior do Centro de Cultura Popular de Serpa falha, por pequenos detalhes, o acesso à 2.ª fase do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão de Andebol. António Baião, o técnico da formação da Terra Forte, acredita que nesta época o clube tem margem para o conseguir, não obstante a juventude do plantel e a reconhecida qualidade dos adversários. O treinador perspetiva o dérbi de amanhã na cidade de Beja, frente à Zona Azul, e deixa algumas dicas para que a modalidade se desenvolva no Alentejo.


Quais as novidades com que o CCP Serpa se apresenta em mais um Nacional da 3.ª Divisão?Cá estamos, mais um ano, sem muitas novidades. Mantivemos, mais ou menos, os mesmos jogadores da época passada, com exceção de dois que saíram, um que abandonou a modalidade e outro que saiu por motivos académicos, mas fomos buscar dois atletas à Vidigueira e o grosso do plantel é o mesmo.


O plantel apresenta-se com mais maturidade, mais experiência e capaz de dar melhor resposta aos desafios?Temos um plantel muito jovem, o jogador mais velho tem 23 anos e esse é o problema, porque nesta competição encontramos equipas mais maduras, mais experientes. Lembro-me, por exemplo, do Vela de Tavira, da Zona Azul, do Lagoa, equipas com outro traquejo, com jogadores que têm tido um percurso sempre na 3.ª Divisão e, às vezes, na 2.ª. Obviamente que isso lhes dá mais maturidade.


Mais ambição e muita vontade em dignificar o CCP Serpa?Esse pensamento de dignificar o clube está sempre presente. Mas existe a ambição de nos qualificarmos para a 2.ª fase do campeonato. O andebol em Serpa já tem algumas décadas, tem tido altos e baixos, mais altos do que baixos, e não falo propriamente só dos resultados, já que o clube manteve sempre atividade ao nível na formação. No ano passado, no início da época, fomos às escolas, tivemos algumas intervenções para podermos potenciar os escalões cá de baixo e conseguimos alguns resultados nos bâmbis e nos minis, onde temos já cerca de 20 miúdos a jogar. Não sei se eles serão o futuro, é muito cedo para estar a afirmar isso, mas uma coisa é certa: também é importante que existam seniores no clube, porque a referência dos atletas está no topo da pirâmide, que é a equipa sénior, e esse é um esforço que a direção tem mantido e que é de louvar.


As metas são moderadas, o clube tem uma visão pragmática da sua capacidade?Os objetivos são idênticos aos do ano passado e passam por conseguirmos o apuramento para a segunda fase, essa é a meta principal da equipa. Temos consciência de que não será fácil, porque temos do outro lado adversários difíceis, adversários experientes, com equipas mais rotinadas. Andamos há três anos a falhar o acesso à 2.ª fase por um lugar na classificação, temos consciência de que existem equipas com outro potencial, mas nós cá estamos para a luta, com o nosso trabalho no dia a dia e com a dedicação destes jovens.


Os dois próximos jogos serão em Beja com a Zona Azul, amanhã para o campeonato, a 1 de novembro para a Taça de Portugal…Serão jogos em que a Zona Azul tem um normal favoritismo, contudo os jogadores, nessas circunstâncias, também vão um pouco mais além e superam-se só pelo facto de jogarem um dérbi. É assim em todas as modalidades, às vezes as equipas mais fracas superiorizam-se. Será um jogo difícil, a Zona Azul manteve a espinha dorsal, trocou apenas de treinador, mas será um jogo em que tentaremos dar o melhor. Tentaremos ganhar, sabendo que será difícil, mas temos a consciência de que no campeonato temos que traduzir o nosso valor em pontos, porque se não os conseguirmos começamos a ficar para trás, a equipa é nova e psicologicamente também pode ser afetada por esse fator.


O andebol alentejano precisa de um forte impulso para a modalidade crescer e valorizar-se?Estou aqui há mais de 30 anos e estou a ficar cansado. Sinto que há dificuldades com os jogadores para potenciar a formação, há dificuldades de dirigentes e treinadores, e não se tolera que um treinador tenha que possuir o Grau 2 para treinar uma equipa de infantis. Olhamos para o futebol e um treinador de seniores tem o Grau 1. As exigências que a federação faz são enormes, já fiz este apelo anteriormente, mas não chega lá acima, mas é importante que pensem que se querem andebol no interior têm de mudar alguma coisa. Isto tem de mudar algum dia, porque os clubes andam há muitos anos a fazer um esforço enorme, mas um dia vão parar.

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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