sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
A fragilidade dos alicerces
O Grupo Desportivo e Cultural de Baronia é o único representante da Associação de Futebol de Beja no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, em futsal. Mas a competição não tem corrido bem para os alentejanos.
Texto e foto Firmino Paixão
Um rol de lesões que fragilizaram o plantel, a mais-valia dos adversários e, fundamentalmente, a inexistência de uma base sólida e alicerçada na formação, são os problemas que o treinador Miguel Carvalho identifica, ainda que esteja expectante quanto a uma melhor produção da sua equipa durante a segunda volta do campeonato. A equipa ocupa o último lugar, apenas com dois pontos. O técnico referiu mesmo que “a nossa expectativa era que, neste momento, tivéssemos pontos suficientes para chegarmos à fase final e conseguirmos que, pela primeira vez, uma equipa do nosso distrito se mantivesse no nacional. Isso, nesta altura, é praticamente impossível”.
O que tem corrido menos bem ao Baronia?Infelizmente, tem sido uma época completamente atípica. Antes da 1.ª jornada do campeonato já tínhamos um jogador com um pé fraturado, na 2.ª jornada tínhamos outro com uma fratura na perna, à 4.ª ou 5.ª tínhamos outro atleta com uma rutura de ligamentos no joelho, e quando assim é torna-se muito difícil, porque são jogadores fulcrais na equipa. Depois, os que restaram sofreram uma sobrecarga enorme e tornou--se muito difícil o embate com equipas que são de topo e que têm jogadores que competiram sempre nos nacionais.
Fragilidades no plantel? É isso?Com a equipa completa já seria difícil competirmos contra estas equipas. Assim, tem sido ainda mais difícil, embora tenhamos conseguido entrar bem nos jogos. Terá havido um jogo ou outro menos conseguido, nos restantes conseguimos sempre chegar ao intervalo com resultados positivos, mas depois é-nos impossível manter esse ritmo, os jogadores acabam por se ressentir e não conseguimos contrariar o ascendente dos nossos adversários.
Que outras dificuldades identificou, além das lesões?Sabe que estas incidências, estas fragilidades do plantel, afetam todo o grupo. Refletem-se nos treinos, por exemplo, não conseguimos treinar em condições, ao contrário de outras épocas em que tivemos sempre muitos jogadores a treinar, acabámos agora por ter um número normalmente insuficiente. Posso adiantar que, noutras épocas, tivemos dificuldades com os guarda-redes e chegámos a ir para jogos apenas um jogador para esse lugar, neste momento temos três, quase que tenho mais guarda-redes do que jogadores de campo, porque estão cheios de mazelas. A época tem sido anormal em termos de lesões e claro que isso condiciona todo o trabalho.
As equipas adversárias, nesta estreia do Baronia, na 2.ª divisão nacional, também têm outro gabarito?Sem dúvida, temos equipas que já andaram na 1.ª divisão e outras que têm atletas que já competiram a esse nível – todas as equipas tem jogadores com muito valor. Nós jogamos com a prata da casa, temos jogadores aqui da zona, tentamos ombrear com eles mas, como lhe disse, com o plantel completo, tal como ele tinha sido estruturado na pré-época, acho que nos bateríamos praticamente de igual para igual, assim é extremamente difícil.
Já atiraram a toalha ao chão? Ou é possível reverter esta situação?Claro que não! Temos mais dois jogos para disputar antes de uma paragem de três semanas no campeonato, já temos jogadores numa fase de recuperação, inscrevemos mais um atleta para nos vir ajudar, espero que em janeiro os atletas lesionados já estejam a treinar, porque já começaram o seu processo de recuperação. Durante esta segunda volta espero ainda ter o plantel completo para conseguirmos aumentar a nossa competitividade.
Confirma-se a tendência das equipas do distrito não serem bem-sucedidas nas competições nacionais…Sim, continuará a ser muito difícil. Repare que este ano só temos cinco equipas a disputar um campeonato de juniores, depois não temos juvenis. Só o Baronia é que tem uma equipa neste escalão a competir em Évora. Estamos muito atrasados no trabalho de formação. Enquanto os clubes não pensarem em formar jogadores, e quando refiro formar, não é incluir juniores nas equipas seniores. Temos que começar a formação um pouco mais abaixo, no mínimo em juvenis. Se e quando for feito este esforço de formação ao nível dos escalões mais baixos, acredito que em quatro ou cinco anos possamos ter mais jogadores seniores oriundos desse investimento na formação. Nessa altura teremos condições para nos batermos contra estas equipas, até lá manter-se-ão as dificuldades que são conhecidas.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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