segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
E tudo são recordações
“Dez anos é muito tempo… deste tempo inteiro que vos quero dar”, rimas soltas de um poema de Paulo de Carvalho, o cantor da liberdade. Mas 30 anos são “muitos dias, muitas horas” a esperar por um reencontro.
Texto e foto Firmino Paixão
Mais de 30 anos passados sobre essa década de oitenta, um tempo de glória para os escalões de formação do Clube Desportivo de Beja, os jogadores dessa época reviveram o passado. Recordaram-se os golos perdidos e os penaltis por marcar, mas os meninos de ontem, que são os homens de hoje, emocionaram-se na hora de recordar antigos dirigentes e fervorosos adeptos que já não estão entre nós.
As figuras centrais do evento foram os jogadores da equipa que competiu na Taça Nacional de Iniciados em 1980/81 (treinada por Carlos Venâncio “Ildo”) e a equipa (orientada por João Rosa) que, na época de 1984/85, competiu no Campeonato Nacional de Juvenis. Ambas tiveram um denominador comum. Chegaram a fases adiantadas da competição e foram eliminadas pelo Sporting. Como pano de fundo desta vivência esteve o Clube Desportivo de Beja, clube que está à beira de assinalar o seu centenário e que todos foram unânimes em considerar como a sua “grande referência”.
O reencontro da grande parte desses antigos atletas foi promovido por José António Condeça e Carlos Alberto Pereira, uma dupla que promete dinamizar mais evocações, alargando o âmbito a outras equipas. Um sinal de que o Desportivo de Beja não está tão órfão, nem despojado de afectos como, muitas vezes, se pretende fazer crer.
José Condeça, um dos promotores assumiu: “Foi muito importante reunir aqui todos estes amigos, alguns que não se viam há muitos anos, mas não foi fácil, cada um tem a sua vida, o Capela, por exemplo, está no Qatar, o Júlio está em Inglaterra. Foi um momento muito emotivo e esperemos que este tenha sido seja o primeiro de muitos encontros que iremos repetir nos próximos anos, tendo o Desportivo de Beja como âncora desta amizade”. O antigo jogador referiu depois: “O clube está a passar uma fase muito complicada e nós todos temos de começar a pensar se podemos dar um pouco mais ao Desportivo, é um clube da nossa terra, é o clube do nosso coração e estes atos são essenciais para a preservação da sua identidade e dos seus pergaminhos”.
José Condeça reconheceu ainda: “Estamos todos um pouco de costas voltadas para o clube, não são muitas as pessoas que continuam a ir ao futebol e a apoiar de forma efectiva o clube, é a minha opinião e, se calhar, contra mim falo, porque se eu der um pouco mais, se todos nós dermos um pouco mais, o clube do nosso coração e da nossa paixão tomará outro rumo”. Sobre o convívio que reuniu os antigos atletas da década de oitenta, confessou: “Foi fantástico, também recordámos um conjunto de homens com quem convivemos, o dr. Nana, o Yachine, o Peraltinha, o José Rocha, o tio João da Cuba, a Benvinda. Foram pessoas que nos habituámos a ter como referência, uns como adeptos, outros como dirigentes, e ainda estamos a tempo de recordar alguns ainda em vida, o exemplo do Ildo, que aqui esteve connosco e que passou por uma fase complicada”.
Outros eventos ficaram já anunciadas para o futuro: “Podemos tentar alargar esta iniciativa a outras equipas e a outros colegas e amigos que gostam tanto ou mais do que nós do Desportivo de Beja. Este ano, que fique bem claro, este jantar foi dirigido apenas às equipas jovens dos anos oitenta, portanto, ficaram muitos amigos, adeptos e ex-jogadores de fora desta iniciativa, mas para o ano vamos alargar este movimento”.
E porque o futebol jovem tem essa particularidade de criar amizades que perduram para a vida, como sublinhou o antigo defesa central do clube, perante a proximidade do ano do centenário este pode ser um o primeiro impulso na revitalização do clube: “Seria importante que todos nos envolvêssemos no centenário do Desportivo de Beja e que nos empenhemos para que ele continue a existir com sustentabilidade. Todos podemos dar um pouco mais”, sustentou José Condeça.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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