sexta-feira, 29 de julho de 2016
A pedalar por uma causa
A Taça de Maratonas de BTT é um projeto desportivo tutelado pelo Centro de Paralisia Cerebral de Beja, iniciado em abril, que incluiu um conjunto de provas organizadas por 10 associações de BTT da região.
Texto e foto Firmino Paixão
Salvada, Figueira de Cavaleiros, Trigaches, Cabeça Gorda, Ferreira do Alentejo, Cuba, Beja, Penedo Gordo, Mombeja e Baleizão são os vértices deste movimento de solidariedade para com uma instituição de referência na cidade de Beja, que cuida e reabilita pessoas com deficiência, o Centro de Paralisia Cerebral. O desafio deste ano foi proposto aos concorrentes às diversas maratonas organizadas por 10 clubes e materializado na inscrição simultânea na Taça de Maratonas do CPCB.
“Uma experiência muito gratificante”, como a qualificou a psicóloga Maria Francisco Guerreiro, presidente da direção daquela instituição particular de solidariedade social, que enalteceu sobretudo “a forma como todos os clubes têm recebido os nossos utentes, os nossos meninos, como lhes chamo, para quem esta oportunidade tem sido uma experiência única”.
Pedalar por uma causa. Poderia este ser o lema da Taça de Maratonas do CPC Beja?É uma iniciativa que nos foi proposta pelo Beja Bike Store, a quem temos muito que agradecer porque, efetivamente, entrosámo--nos numa modalidade desportiva que tem muita gente e tem um espírito muito próprio de solidariedade e cooperação. A taça de maratonas, que já perspetivamos organizar anualmente, abre e dá nome ao Centro de Paralisia em grande parte da região. Concordamos que os atletas estão mesmo a pedalar por uma causa, porque têm já um grande carinho pelos nossos utentes, que têm estado presentes em todas as provas para atribuírem os prémios. Penso que uma prova de BTT sem o Centro de Paralisia já não será a mesma coisa.
Já se disputaram oito provas, faltam as de Mombeja e Baleizão. A avaliação é positiva?As expectativas iniciais foram superadas e temos a noção de que se continuarmos com esta taça de maratonas vamos ter cada vez mais inscrições. Começámos pelas provas mais extensas, as maratonas, mas alguns atletas dizem-nos que se fizéssemos também a meia maratona teríamos mais inscritos. Mas como se trata de uma causa, há muitos atletas que se inscrevem e, às vezes, nem fazem a maratona, fazem o percurso mais curto.
A iniciativa tem vertentes de natureza desportiva e financeira, mas também social?Principalmente uma componente social, apesar de ser importante a financeira, porque isto pode dar-nos uma margem para algumas despesas que possamos ter e faz- -nos sempre falta mas, essencialmente, uma componente social que é podermos conviver com outra franja da população, podermos mostrar o nosso trabalho, podermos abrir a casa a outras pessoas. É algo muito importante porque somos uma instituição da comunidade e para a comunidade.
Foi difícil encontrar parceiros para desenvolver este projeto?Foi muito fácil, os nossos parceiros foram convidados e todos eles acederam. Percebi que há um espírito nas equipas de BTT semelhante ao nosso. Senti uma grande proximidade com eles. Numa primeira reunião, um dos clubes estava com algum receio, porque não tinha muita verba disponível e receava entrar nesta taça de maratonas. Mas houve alguém de outro clube que disse “nós ajudamos com 10 euros”, outro repetiu a oferta e todos mostraram intenção de ajudar para não os deixar de fora. Impressionei-me, e eu própria disse que também colaborava com os 10 euros. Acho que é isto a comunidade a unir-se para fazer coisas, em conjunto podemos ter muito mais força.
Têm outras ideias que associem desporto e solidariedade?O centro está empenhado e a proporcionar atividades desportivas e condição física a pessoas com deficiência. Por ora não posso revelar mais nada, mas temos um projeto fantástico sobre esta temática que pode ser pioneiro a nível nacional. Todos falamos muito e sublinhamos a importância de fazer exercício físico e criam-se condições para muita gente o fazer, mas para as pessoas ditas normais. Nós queremos criar condições também para pessoas que tenham mobilidade reduzida. Estamos a construir um parque infantil adaptado, a obra está a decorrer e, provavelmente, será o único no distrito. Se tudo correr bem vamos ter algo mais que, se calhar, será inédito no País.
Gerir uma instituição como esta, com o entusiasmo que demonstra, é uma grande maratona e exige muita pedalada?A pedalada vai-se encontrando nos sorrisos e na satisfação dos nossos utentes. É aí que eu e os meus colegas da direção encontramos força para mantermos essa pedalada. O que nos importa é o olhar de gratidão, o contentamento e a felicidade, quando eles percebem que estamos aqui por eles e para eles, e que o seu bem-estar é a meta desta nossa maratona.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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