Francisco Agatão voltou aos Açores. Um novo emblema, um novo desafio, a mesma forma de encarar o futebol – com caráter e ambição. O treinador bejense, que já adotou a região, revela orgulho em lá voltar.
Texto e foto Firmino Paixão
O desejo do Praiense em ter Francisco Agatão como treinador já não era novo. Existiu um convite quando o técnico estava comprometido com o seu último projeto desportivo, no Irão. Um segundo convite, nesta época, e depois de o clube ter feito uma grande temporada, foi irrecusável. Depois de um percurso de oito anos no Operário de Lagoa (São Miguel), Agatão voltou a atravessar o Atlântico rumo à cidade de Praia da Vitória (ilha Terceira), onde vai conhecer novas gentes e abraçar compromissos ambiciosos. Esteve sete meses parado, um tempo que gastou a “fazer uma reflexão muito profunda sobre a própria vida e sobre aquilo que pretendia para o futuro”. Com tudo para ter sucesso, espera-se que o técnico bejense, que já viajou para os Açores, tenha ancorado bem a sua ambição na baía desta sua nova “praia de vitória”.
Os alentejanos e os terceirenses são gente que tem algo em comum.
Sim, nós pagamos aqui o preço da interioridade e os açorianos, quer os terceirenses, quer os micaelenses e todos os de outras ilhas, pagam um pouco o preço da insularidade. Vamos conhecer melhor a realidade de uma outra ilha que só conhecemos de visita e por termos lá ido jogar. Agora vamos ter o prazer e o orgulho, certamente, de podermos conviver mais detalhadamente com as pessoas, mostrarmos a nossa personalidade e o nosso caráter e o que pretendemos em termos de trabalho e em termos de objetivos para a época.
O convite para treinar o Praiense surpreendeu-o?
Surpreendeu-me! Em função da época que foi feita, que foi a melhor da história do clube, surpreendeu-me o facto de o Praiense não renovar com o treinador. Mas essas questões não são do meu foro. Logicamente que fiquei surpreendido mas, ao mesmo tempo, extremamente motivado. Recordo que, no ano passado, antes de ir para o Irão, tive essa possibilidade e declinei o convite que me foi feito, porque, de facto, queria ter essa experiência no Irão, mas este ano recebi novo convite do Praiense.
Operário e Praiense, que cumplicidade é essa com o futebol açoriano?
É algo muito gratificante. Costumo dizer que os Açores são a minha segunda terra, sou alentejano de nascimento, mas açoriano por adoção e dada a forma como fui tratado, quer em São Miguel, quer nas outras ilhas, acredito que a ilha Terceira não fugirá à regra e, dada a minha maneira de estar na vida, acredito que as pessoas terão para comigo o mesmo sentimento que vivi em São Miguel. Mas isso passará também por impormos a nossa capacidade, a nossa competência e depois, naturalmente, pela integração na sociedade terceirense, no sentido de percebermos a realidade e também adotarmos um estilo açoriano.
O compromisso é exigente, porque o Praiense esteve prestes a subir de divisão na última época?
Mais do que exigente é extremamente motivador. É importante percebermos que o Praiense, se calhar, era um outsider, não era visto como um sério candidato à subida. Ganhou a série na 1.ª Fase e entrou na fase de subida com aspirações a poder lutar pelos dois primeiros lugares, não o conseguiu mas, naturalmente, que acumulou alguma responsabilidade para esta época. Todos temos a consciência de que neste ano não seremos olhados da mesma maneira que o Praiense foi no ano passado.
O plantel terá idêntica qualidade?
Existe uma grande esperança nesta nova geração de jogadores açorianos e o plantel do Praiense é formado, maioritariamente, por jogadores dos Açores. Neste momento apenas temos três ou quatro jogadores não naturais da região e isso é um aspeto motivador e aglutinador em termos daquilo que nós pretendemos fazer, que é jogar bom futebol e termos a capacidade de enfrentar qualquer adversário de olhos nos olhos, jogando sempre para ganhar. Naturalmente que não vamos prometer mundos e fundos, nem aquilo que não podemos cumprir, mas temos a certeza que podemos prometer dedicação, entrega e profissionalismo.
O também bejense Nelson Silva deixou o Operário e volta a ser seu adjunto no Praiense.
Reconheço ao Nelson muita capacidade, e não é só pela amizade, porque no futebol não deve funcionar muito a amizade. Podemos ser amigos, devemos tê-los, mas a amizade não deve interferir com as escolhas de cada um. Escolhi o Nelson para trabalhar comigo, quer no Operário, quer agora no Praiense, pela sua capacidade, porque lhe reconheço competência mais do que suficiente para, daqui para amanhã, alcandorar-se a ser primeiro treinador e de certeza absoluta que o trabalho que ele tem vindo a fazer será um excelente contributo para que possamos ter um desempenho de qualidade.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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