A inflexível realidade do passado conduz-nos a surpreendentes histórias que nos transportam aos tempos de uma juventude que sonhava com o universo desportivo. O desporto encarregou-se de juntar crianças de rua que tinham como primazia o gosto pelo futebol, modalidade que sempre causou legitimados ímpetos. Recordo quando dei os primeiros pontapés na bola, oficiais, no Despertar, em Beja. Desses tempos existem imagens que jamais se apagarão em férteis memórias que insistem em recordá-las com saudade. O Despertar, na década de 1960, era já uma agremiação onde a formação impunha apreço. Ao balneário da coletividade chegavam candidatos a deuses da bola, sendo que o “tio” Cambado, velho e matreiro, logo alvitrava o futuro dos presumíveis astros. Nesse tempo, aquele que partilhei e que tenho a honra de evocar com seguridade, o Despertar era um alforge de jogadores que faziam cobiça a emblemas de alta-roda nacional. Lembro o Teixeira, oriundo da Mina de São Domingos e que aportou, muito novo, na Casa Pia de Beja, como aluno. O Teixeira cedo evidenciou engenho e arte pelo cosmos do futebol. O seu estatuto em campo mereceu a honradez de o Benfica o contratar, como júnior, para as suas fileiras. Neste escalão o rapaz alentejano sagrou-se internacional e transitou para o plantel sénior encarnado com os seus condiscípulos Pavão, Tomás e Raúl Águas. Na época 1966/1967 o guardião Vaz Lança ingressou no Sporting e dois anos depois transferiu-se para o Benfica. Na temporada de 1967/1968 Cano Brito ingressou no Benfica e o escriba desta narrativa no Sporting, como juvenis, ficando, pelo meio, uma passagem pelo clube da Luz. Nesta fase de distinta emoção, o Desportivo de Beja enviou para o Belenenses uma das suas valiosas pérolas: o Caetano. Um jogador que chegou à equipa principal de Belém, perdurando nos anais da história um célebre jogo contra o Benfica em que o jovem, numa marcação direta a Eusébio, “secou” o pantera negra. Tempos que já lá vão e onde a essência futebolística bejense esteve ao rubro.
Fonte. http://da.ambaal.pt
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