sexta-feira, 26 de maio de 2017
O melhor entre os melhores
Tiago Cordeiro foi eleito “árbitro do ano” pelo conselho regional de arbitragem da Associação de Futebol de Beja e foi indicado para o estágio de formação avançada que o pode projetar ao escalão nacional.
Texto e foto Firmino Paixão
Não foi a primeira vez que este juiz de 31 anos, nascido em A-do-Pinto (Serpa) e profissional da Polícia de Segurança Pública, se classificou em primeiro lugar entre aos árbitros de categoria C3 elite, afinal a condição que lhe granjeou, com a objetividade dos conhecimentos e das avaliações dentro das quatro linhas, ser o melhor entre os melhores. Tiago Cordeiro teve uma passagem efémera pelo escalão nacional na época 2015/2016 depois se ter sido também “árbitro do ano” em 2014/15. Desta vez, mais maduro, melhor árbitro, tentará fixar-se naquele patamar.
Foi a segunda vez que passou por esta vivência de ser eleito o “árbitro do ano”.
É verdade, fiquei mais uma vez em primeiro lugar. Mas trabalhei para isso, e não foi fácil devido à forte concorrência que existiu. Mas esse facto também serve para nos motivar para trabalharmos e sermos cada vez melhores. Não foi fácil, também devido ao facto de ter descido no ano passado nas condições em que desci. Trabalhámos muito, apostámos, mas não conseguimos ficar, este ano vamos voltar de novo.
Qual dos dois momentos teve mais significado? É difícil avaliar, mas todos os momentos têm significado, porque eu quero estar sempre ao pé dos melhores e quanto mais em cima estiver, mais perto estou de atingir o sonho. Para quem trabalha como eu o faço, tem sempre um grande significado, aliás, quando as coisas deixarem de ter algum significado, não fará sentido eu andar cá.
Sente-se melhor árbitro do que em 2014, quando ganhou este mesmo galardão?Todos os dias me vou sentindo melhor árbitro. Todos os dias existem novas aprendizagens. Todos os jogos que fazemos são etapas de aprendizagem em que tentamos melhorar. Mal de mim se, jogo após jogo, não fosse melhor árbitro. Todos os dias tento aprender e tento ser melhor árbitro, melhor ser humano e melhor homem. Se, efetivamente, o tenho conseguido ou não os outros é que me podem julgar.
Continua a ser um árbitro tolerante, dialogante, que privilegia o jogo fluente em vez de constantes interrupções?Essa será sempre a minha forma de estar. Às vezes serei prejudicado por isso, mas eu, antes de ser árbitro, fui jogador, embora não tendo uma carreira brilhante, senão, talvez não estivesse na arbitragem, e é essa a minha forma de ver o futebol. Permitir que quem paga os bilhetes disfrute de cada momento do jogo. No distrito de Beja sente-se muito a falta de adeptos junto ao relvado e se pagarem para verem um jogo com 60 faltas é algo demasiado. Gosto de permitir que se aproveite ao máximo o tempo de jogo e que os protagonistas sejam os jogadores e não o árbitro.
O seu mérito é, necessariamente, partilhado com os assistentes?Como é óbvio, este ano foram o Hugo Simão e o José Silva. O José Silva está comigo desde o nacional, reparto o mérito com todos, mas jamais esquecerei o Joel Salvador. Apesar de este ano não me ter acompanhado é uma pessoa fantástica e ajudou-me bastante.
Quer fixar-se no patamar nacional, porque a idade ainda não limita a ambição?Tem que ser, este ano já levo outra bagagem, mas continuarei a ser a mesma pessoa. No ano passado dei o máximo, mas se calhar era inexperiente e daí a minha descida, ou não, não sei. Só sei que dei o máximo como dei sempre até hoje e em todos os momentos, mas a maturidade agora será outra. Tenho 31 anos, ainda tenho idade para chegar lá acima e se não tivesse essa possibilidade, se calhar, já tinha abandonado, porque o bichinho, às vezes, não é suficiente para superar outros sacrifícios que se fazem.
Reside e trabalha no Algarve, apita no distrito de Beja. Continua a ser possível conciliar a arbitragem com a vida profissional?Vir do Algarve todos os fins de semana, deixar a família, deixar o trabalho, não é nada fácil. Estou em Faro, por opção minha, sou daqui, mas não me vejo a trabalhar em Beja porque a minha mulher tem a vida dela lá em baixo. Podia mudar para o conselho regional do Algarve, mas acho que ainda não será agora. Voltei a estudar, estou a tentar acabar a licenciatura em Desporto, é mais um dos sacrifícios que estou a fazer. Estou a acabar o segundo ano, já estava no terceiro, mas como mudei de faculdade e o curso é diferente, tive que voltar atrás, mas está a correr bastante bem, é mais uma das tarefas que tenho. Polícia, árbitro, estudante, marido e pai, mas esta última é de facto a melhor compensação que a vida já me deu.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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