sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 5 de janeiro de 23018 UDC Beringelense

José Saúde
A olaria de Beringel é um dos ex-libris de um burgo situado a cerca de 11 quilómetros de Beja e que teve o condão de ostentar o título de sede do concelho entre 1519 e 1839. Este resumidíssimo trecho histórico resvala, contemporaneamente, para o azimute desportivo numa freguesia que chegou a andar na ribalta no contexto futebolístico regional. Observando notícias que dão conta de que o jogo da bola terá chegado ao povoado em finais da década de 1930, constata-se, pelas já raras vozes de gentes que conheceram essa veracidade, que um grupo de rapazes que se defrontavam no largo do Rossio e na praça Miguel Bombarda, atreveu-se em erigir um campo, em formato triangular, assimetria rara, e fundaram “Os Onze Unidos”. Nos anos de 1940 o passatempo começou a ter lugar nas eiras, sendo uma delas a de Luís Galvão, a outra de Felício Mira e ainda uma outra de Manuel Cabeça. A curiosidade remete-nos para um dado que refere que o local onde se localizava o último malhadouro, foi o palco escolhido para o Beringelense construir o seu atual campo de futebol e que surgiu na sequência implícita de um pedido de Rogério do Ó ao agrário José de Oliveira Lança, proprietário do terreno, sendo que este anuiu de pronto a tal solicitação. Nos anos de 1950 Martinho Ferro, Sebastião Valente, Rogério do Ó, José Ramos, Afonso Camilo, Joaquim Aguiã, Jorge Rodeia, António Ramos, Manuel Faustino, Francisco Maldonado, Isidoro Maldonado, Florival Maldonado, Eduardo Raposo e António Coelho formaram um grupo coeso que ditou, de forma organizada, a fundação de uma coletividade denominada “União Desportiva Cultural Beringelense”, cujo desígnio foi da autoria do saudoso professor Martinho Marques. Sabe-se que a primeira sede do novel clube situou-se na casa da azeitona no Rossio, transitando, mais tarde, para a rua Nova. Agora, constata-se que a equipa sénior regressou, esta época, à competição oficial. Atua no escalão secundário, série A, da AF Beja com um grupo de trabalho que humildemente tenta levar a água ao moinho. Reconhecesse que o plantel é reduzido e antevêem-se, jornada após jornada, as naturais dificuldades. Dificuldades que recaem com o número de atletas disponíveis. Ainda assim, fica a boa nova que a bola já rola no Campo dos Unidos. Numa revisão à temática futebolística regional, puxo a fita cinéfila atrás e viajo até aos anos de 1980 aonde o Beringelense fez furor no futebol primodivisionário distrital. De terras do milagroso barro surgiram alvíssaras de excelentes equipas onde pontificavam notáveis jogadores que empolgavam um público que, imperiosamente, não faltava ao espetáculo. Resta romper com as adversidades amiúde deparadas e soltar um bem-haja à voluntariedade dos bravos aventureiros que lá vão equilibrando uma locomotiva que roda, por ora, sob linhas literalmente delicadas.
Fonte: Facebook de Jose saude 

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