sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo, 26 de dezembro de 2018 Manero

José Saúde
Herdou os dotes do seu tio-avô, Artur Manero Gil, a arte para o futebol e o epíteto de Manero. Quem conhece o básico da história da modalidade bejense, sabe que Gil foi um irrepreensível jogador do Luso. Mas falemos de António Gil Palma Aleixo, o popular Manero, um cidadão que nasceu no dia 25 de julho de 1933 na freguesia de São João Batista, em Beja. Seu pai, natural da Corte Pinto, foi secretário de Finança em Mértola e transferido para Vila Real de Santo António, motivo que visou, simultaneamente, salvaguardar o futuro dos seis filhos. O curioso da história é que do clã sairiam craques para o cosmos futebolístico. O irmão, já falecido, também conhecido por Manero, foi um excelente jogador da bola que passou pelo o Benfica e que deu nas vistas no Boavista, onde foi apelidado como o malabarista do Bessa. Manero, o bejense, deu os primeiros passos na bola em jogatanas de rua, seguindo-se os torneios populares naquela urbe algarvia. Mas a vida é, sem dúvida, uma esmerada caixinha de surpresas e ei-lo a estrear-se, oficialmente, como júnior no Oriental. O pai, já reformado, pegou no clã familiar e foi morar para Lisboa, uma vez que o outro descendente tinha ingressado no clube da Luz. Num exercício feito às saudosas memórias, Manero, obra “Glórias do Passado”, volume I, recorda a sua passagem pelo grémio de Marvila: “O meu treinador nos juniores foi Alberto Augusto, depois o antigo internacional Mariano Amaro, um jogador que tinha atuado no Belenenses. Estriei-me na época de 1950/1951 e na temporada seguinte deu-se a minha subida aos seniores. O Oriental militava na primeira divisão nacional e tinha uma excelente equipa”. A estadia em Lisboa foi efémera. Manuel Manso, um poeta natural de Vidigueira, amigo da família, incentivo-o a conhecer a terra do país das uvas e convido-o para jogar na Vasco da Gama. Pedido aceite. Em 1953 instalou-se em Beja. O propósito era concluir o curso comercial e, simultaneamente, jogar futebol. Neste encadeamento de vidas, Manero ingressou no Despertar e teve como companheiros o Manel Ameixa, Mansinhos, Páscoa, “back Lourinho”, ou Marques como era o seu verdadeiro nome, Adelino, Fanga, Maragato, Valadas, Sioga, Passinhas, Zé Elias, entre outros. A sua ida para o Desportivo de Beja soou a traição. Comentou-se, à época, que o Despertar, liderado por Francisco de Assunção, ter-se-ia apressado em solicitar ao Oriental a sua carta que visava a condição de atleta livre, só que pelo meio houve uma conversa com o diretor do Desportivo, de nome Galrito, que lhe propôs a sua ida para o emblemático clube da rua do Sembrano, o que veio a suceder. Mais tarde, e em concordância com a amizade que nutria pelo padre Alcobia, Manero rumou ao Sporting Ferreirense, tendo ali permanecendo por três temporadas. O argentino Juan, o Raposo, o Marcolino, e outros, foram seus condiscípulos no interior das quatro linhas. Hoje, o antigo jogador coabita com o prazer da vida e continua a calcorrear as calçadas da velhinha Pax Júlia.
Fonte: Facebook de Jose saude 

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