sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Bola de trapos, Diário do Alentejo edição de 24 de agosto de 2018

José Saúde
Mário Godinho
“Nunca fui moço, já nasci homem”! Uma emblemática frase que identifica um jogador que aos 17 anos se apresentou no velhinho Campo das Minas resolvido a concretizar o sonho de criança que passava pelo envergar a camisola tricolor do Mineiro Aljustrelense. Mário Rodrigues Soares Godinho nasceu em Aljustrel no dia 25 de outubro de 1943 e é uma referência como símbolo de uma classe de jogadores que honradamente pisaram o palco futebolístico onde proliferaram exímios atletas. A sua história encantadora simboliza um tempo em que os ganhos monetários com os chutos na bola se limitavam “a cinco escudos por cada presença nos treinos”. O emprego era, isso sim, uma maneira para salvaguardar o futuro. “O dinheiro ganho na bola vinha por acréscimo”. Mário Godinho sintetiza, por outro lado, esses tempos: “Havia os grupos de bairro. Eu pertencia ao Esperança”. Com o ingresso no Mineiro confirmado, ei-lo a caminho de Beja para se sujeitar ao veredito final onde a obrigatoriedade ditava normas: as inspeções médicas. “Foi o doutor Covas Lima que me inspecionou”. Porém, havia uma outra imposição que se apresentava como impreterível no ato da inscrição: “Como era menor foi necessário uma autorização do meu pai para que eu pudesse jogar”. No Mineiro multiplicavam-se atletas de craveira inexcedível. Larguinho, Zé Luís, Luís Miguel, Chico Pinto, Figueira, Sidónio, Sizudo, Chico Figueira, Manuel Eduardo, Armando Larguinho, Faustino, Gonçalves, Palma, Ramires, Augusto Revés, de entre outros, foram alguns dos seus companheiros de balneário. Possuidor de uma técnica apreciável, a qual interagia com a excelente visão de jogo, Mário Godinho, aos 18 anos, teve um convite do Belenenses, seguindo-se outras duas propostas, uma do Barreirense e outra do Almada. Num recurso a novelas futebolísticas dantes conhecidas, recorda a sua estadia no Barreiro. “No Barreirense estive um mês. Davam-me trabalho como revisor de autocarro, mas motivos familiares levaram-me a regressar a Aljustrel”. O intensivo pulsar de velhas recordações transportam-no para uma inquestionável certeza sobre os astros que, nessa altura, pisavam os relvados do futebol primodivisionário nacional: “O Barreirense tinha uma excelente equipa. Mascarenhas, Silvino, Zé António, Bráulio, Trancas, Vitó, Faneca e Bráulio, eram alguns dos jogadores que faziam parte do onze”. Em 1969 rumou a terras de França. Heme foi o poiso em solo gaulês. Tendo em conta a sua empatia pelo futebol, Mário Godinho fundou o Sport Clube União Aljustrelense. Aos 35 anos regressou à origem e nesse tempo foi treinador do seu estimável Mineiro. Caminhando pelos faustos degraus de uma modalidade que o encheu de infinitos prazeres, termina com uma pequena expressão cujo significado é simplesmente gigantesco: “No futebol fiz grandes amizades e que ainda hoje se mantêm”.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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