José Saúde
Mário Godinho
“Nunca fui moço, já nasci
homem”! Uma emblemática frase que identifica um jogador que aos 17 anos
se apresentou no velhinho Campo das Minas resolvido a concretizar o
sonho de criança que passava pelo envergar a camisola tricolor do
Mineiro Aljustrelense. Mário Rodrigues Soares Godinho nasceu em
Aljustrel no dia 25 de outubro de 1943 e é uma referência como símbolo
de uma classe de jogadores que honradamente pisaram o palco
futebolístico onde proliferaram exímios atletas. A sua história
encantadora simboliza um tempo em que os ganhos monetários com os chutos
na bola se limitavam “a cinco escudos por cada presença nos treinos”. O
emprego era, isso sim, uma maneira para salvaguardar o futuro. “O
dinheiro ganho na bola vinha por acréscimo”. Mário Godinho sintetiza,
por outro lado, esses tempos: “Havia os grupos de bairro. Eu pertencia
ao Esperança”. Com o ingresso no Mineiro confirmado, ei-lo a caminho de
Beja para se sujeitar ao veredito final onde a obrigatoriedade ditava
normas: as inspeções médicas. “Foi o doutor Covas Lima que me
inspecionou”. Porém, havia uma outra imposição que se apresentava como
impreterível no ato da inscrição: “Como era menor foi necessário uma
autorização do meu pai para que eu pudesse jogar”. No Mineiro
multiplicavam-se atletas de craveira inexcedível. Larguinho, Zé Luís,
Luís Miguel, Chico Pinto, Figueira, Sidónio, Sizudo, Chico Figueira,
Manuel Eduardo, Armando Larguinho, Faustino, Gonçalves, Palma, Ramires,
Augusto Revés, de entre outros, foram alguns dos seus companheiros de
balneário. Possuidor de uma técnica apreciável, a qual interagia com a
excelente visão de jogo, Mário Godinho, aos 18 anos, teve um convite do
Belenenses, seguindo-se outras duas propostas, uma do Barreirense e
outra do Almada. Num recurso a novelas futebolísticas dantes conhecidas,
recorda a sua estadia no Barreiro. “No Barreirense estive um mês.
Davam-me trabalho como revisor de autocarro, mas motivos familiares
levaram-me a regressar a Aljustrel”. O intensivo pulsar de velhas
recordações transportam-no para uma inquestionável certeza sobre os
astros que, nessa altura, pisavam os relvados do futebol
primodivisionário nacional: “O Barreirense tinha uma excelente equipa.
Mascarenhas, Silvino, Zé António, Bráulio, Trancas, Vitó, Faneca e
Bráulio, eram alguns dos jogadores que faziam parte do onze”. Em 1969
rumou a terras de França. Heme foi o poiso em solo gaulês. Tendo em
conta a sua empatia pelo futebol, Mário Godinho fundou o Sport Clube
União Aljustrelense. Aos 35 anos regressou à origem e nesse tempo foi
treinador do seu estimável Mineiro. Caminhando pelos faustos degraus de
uma modalidade que o encheu de infinitos prazeres, termina com uma
pequena expressão cujo significado é simplesmente gigantesco: “No
futebol fiz grandes amizades e que ainda hoje se mantêm”.
Fonte: Facebook de Jose saude.
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