José Saúde
“Ferróbico”
Num olhar prudente sobre a
biografia do popular “Ferróbico” constata-se que o seu passado é
preenchido por tardes de bola que geraram descomunais emoções. O passado
leva-nos ao campeonato da antiga FNAT onde a equipa, ao serviço da Casa
do Povo, se afirmou no fenómeno futebolístico. O campo de jogos da
Cabeça Gorda tem o nome de José Agostinho de Matos, um lavrador que doou
uma parcela de terreno para ali se construir o desejado espaço lúdico. A
fundação do Clube Recreativo e Desportivo da Cabeça Gorda ocorreu a 22
de março de 1976, sendo Manuel Sacramento Jacinto, vulgo Manuel
Cascalheira, Manuel Belga, António Pimpão, popularmente conhecido por
Camolas, e José Carlos Dias, de entre outros, os maestros que afinaram
uma orquestra que deu brado no palanque da AF Beja. A alcunha
“Ferróbico” prende-se com o facto da turma “ferrar sempre o bico” em
cada dérbi disputado, ou seja, marcar um golito para memória futura. Na
época de 1979/1980 conquistou o primeiro título de campeão regional o
que valeu a premissa para uma presença no campeonato nacional da
terceira divisão. A curiosidade dessa sonhada comparência remete-nos
para a proeza feita na Taça de Portugal, onde o conjunto, treinado pelo
saudoso António Dionísio, ter eliminado o Penafiel, símbolo que militava
na primeira divisão nacional e orientado pelo antigo internacional
António Oliveira. Esse jogo, repleto de excecionais recordações, teve
lugar no Estádio Dr. Flávio dos Santos, em Beja, e o golo que afastou os
durienses foi apontado por Pepe. Um resultado memorável e que motivou
paragonas na imprensa lusitana. Os holofotes de tamanha reputação
convergiram sobre os rapazes da aldeia que foram considerados como os
“tomba gigantes” no futebol luso. Memórias que ficarão eternizadas num
clube com infraestruturas próprias, campo e sede, mas que paulatinamente
foi perdendo algumas das virtualidades dantes conquistadas. As suas
fileiras, além do futebol, alberga a columbofilia e o BTT. A plebe
sempre se assumiu como inquestionável fã do atraente “Ferróbico”, porém,
observou-se que com o evoluir dos tempos se perderam afinidades. O
volume de assistentes em cada desafio diluiu-se. Houve um pressuposto
divórcio. Seja com for a bola persistiu em rolar sobre o sintético.
Subidas e descidas no escalão sénior são realidades conhecidas.
Aconteceu, agora, a desistência na categoria suprema. O tempo das vacas
gordas já vai longe. Reclama-se, por ora, justiça e dedicação ao mítico
emblema. Acredita-se, ainda, na vontade humana e sobretudo abnegação a
uma coletividade que continuará virada em honrar o seu bélico historial.
Na presente temporada, 2018/2019, as formações de benjamins e infantis
são os jovens que defenderão as cores do carismático “Ferróbico”.
Fonte: Facebook de Jose saude.
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