sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo em 2 de novembro de 2018

José Saúde
“Ferróbico”
Num olhar prudente sobre a biografia do popular “Ferróbico” constata-se que o seu passado é preenchido por tardes de bola que geraram descomunais emoções. O passado leva-nos ao campeonato da antiga FNAT onde a equipa, ao serviço da Casa do Povo, se afirmou no fenómeno futebolístico. O campo de jogos da Cabeça Gorda tem o nome de José Agostinho de Matos, um lavrador que doou uma parcela de terreno para ali se construir o desejado espaço lúdico. A fundação do Clube Recreativo e Desportivo da Cabeça Gorda ocorreu a 22 de março de 1976, sendo Manuel Sacramento Jacinto, vulgo Manuel Cascalheira, Manuel Belga, António Pimpão, popularmente conhecido por Camolas, e José Carlos Dias, de entre outros, os maestros que afinaram uma orquestra que deu brado no palanque da AF Beja. A alcunha “Ferróbico” prende-se com o facto da turma “ferrar sempre o bico” em cada dérbi disputado, ou seja, marcar um golito para memória futura. Na época de 1979/1980 conquistou o primeiro título de campeão regional o que valeu a premissa para uma presença no campeonato nacional da terceira divisão. A curiosidade dessa sonhada comparência remete-nos para a proeza feita na Taça de Portugal, onde o conjunto, treinado pelo saudoso António Dionísio, ter eliminado o Penafiel, símbolo que militava na primeira divisão nacional e orientado pelo antigo internacional António Oliveira. Esse jogo, repleto de excecionais recordações, teve lugar no Estádio Dr. Flávio dos Santos, em Beja, e o golo que afastou os durienses foi apontado por Pepe. Um resultado memorável e que motivou paragonas na imprensa lusitana. Os holofotes de tamanha reputação convergiram sobre os rapazes da aldeia que foram considerados como os “tomba gigantes” no futebol luso. Memórias que ficarão eternizadas num clube com infraestruturas próprias, campo e sede, mas que paulatinamente foi perdendo algumas das virtualidades dantes conquistadas. As suas fileiras, além do futebol, alberga a columbofilia e o BTT. A plebe sempre se assumiu como inquestionável fã do atraente “Ferróbico”, porém, observou-se que com o evoluir dos tempos se perderam afinidades. O volume de assistentes em cada desafio diluiu-se. Houve um pressuposto divórcio. Seja com for a bola persistiu em rolar sobre o sintético. Subidas e descidas no escalão sénior são realidades conhecidas. Aconteceu, agora, a desistência na categoria suprema. O tempo das vacas gordas já vai longe. Reclama-se, por ora, justiça e dedicação ao mítico emblema. Acredita-se, ainda, na vontade humana e sobretudo abnegação a uma coletividade que continuará virada em honrar o seu bélico historial. Na presente temporada, 2018/2019, as formações de benjamins e infantis são os jovens que defenderão as cores do carismático “Ferróbico”.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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