sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Bola de trapos, edição de 6 de setembro de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
Barrancos
Gosto de Barrancos! Os misticismos barranquenhos encantam-me e as suas tradicionais festas anuais em honra a Nossa Senhora da Conceição, a padroeira, tornaram-se virais. O evento é também conhecido pela “Fêra de Barranco” onde a proclamação à lide de touros morte, com a presença de toureiros espanhóis, é comum. A vila é hospitaleira e prima pela nobre veracidade em receber os visitantes com enorme dignidade. O forasteiro, mesmo o mais incauto que o seja, sente os prazeres de um povo que convive de paredes meias com a vizinha Espanha. Localizada nas extremidades de um Alentejo quiçá profundo, as suas gentes capricham pela afirmação e mantêm raízes intactas assentes num dialeto próprio. No entanto, não desvirtuam princípios básicos ao arreigamento de costumes que se esmeram pela aproximação com os vizinhos do outro lado da fronteira que confinam com os municípios de Oliva de La Frontera, Valencia del Mombuey e de Encinasola. O desporto é há muito uma porta escancarada para uma juventude que incessantemente ambiciona desenvolver as suas capacidades num mundo onde prolifera o amadorismo. Recorrendo aos anais da história, reza o passado que foi na mina de Aparis, situada a 12 quilómetros, que o primeiro campo de futebol foi erigido. De resto os moços jogavam nas eiras, designadamente na do Carrasco e do Baldio. A 27 de abril de 1982 os jovens lançaram o grito de “Ipiranga”, organizaram-se e fundaram o Futebol Clube de Barrancos. Quem conhece a essência desportiva de Barrancos, sabe que a sua população sempre se associou ao universo da bola de uma forma literalmente desinteressada e obviamente apaixonada. No meu baú, já consumido pelo progredir do tempo, existem inesquecíveis lembranças de um burgo que se entregou de alma e coração à componente desportiva. Os ditos a cada momento em que bola rola no interior do retângulo de jogo, e oriundos de uma extenuante assistência que não dá folgas ao largo de um desafio, afirmam-se simplesmente divinais e a plebe arregala o olho perante a entusiástica barulheira. Barrancos era, e é, uma terra de brandos costumes onde o futebol corre apreciavelmente nas veias daquelas simpáticas gentes. O momento vivido pelo refazer de biografias de um emblema que na época de 1999/2000 se sagrou campeão de II divisão da AF Beja, tendo conquistado a Taça do Distrito em 2009/2010 e uma de Disciplina na temporada de 1986/1987. Para a presente época, 2019/2020, o sintético, atempadamente edificado no antigo pelado do campo do Baldio, será o palco para as escalões de benjamins, iniciados, juvenis e seniores desenvolverem as competições regionais. Resta deixar um convicto “biba o deporto em Barranco”!
Fonte: Facebook de Jose saude.

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