Tiago Dionísio
Indagando os etéreos teores sobre o mundo da arbitragem, ouso reavivar
uma conjuntura desportiva onde Beja fora dantes uma imensurável
referência lusitana. Identifico a sumptuosidade de uma chama que ao
longo dos tempos tem trazido para a opinião pública diversificadas
dissertações. Desses velhos distintos catedráticos conhecidos, e que
meticulosamente me surpreenderam com a arte de bem apitar, evoco Tiago
Dionísio. O antigo barbeiro, cujo estabelecimento se localizava na rua
Capitão João Francisco de Sousa, em Beja, quase defronte ao lendário
Café Luiz da Rocha, era uma enciclopédia em leis do jogo, sendo que cada
lance ocorrido no interior do retângulo tinha, para ele, uma explicação
crível, não obstante os pareceres, quiçá estrábicos, de pessoas que se
assumiam como profetas da complexada temática. Homem atirado para o
baixo na sua estatura física, o Tiago Dionísio era mesmo um sábio e as
suas teses roçavam a perfeição. Os fregueses, curiosos das justificações
no desenrolar de um lance por ele julgado e que levava normalmente os
sabichões à discórdia, faziam corrupio em redor da barbearia, só que as
suas explanações eram ajustadas pela sua plausível veracidade. Em campo
não lhe olhassem ao tamanho. Enérgico, disciplinador e determinado, o
homem não dava abébias seja a quem quer que o fosse. Tiago Dionísio, um
árbitro que pisou os palcos do futebol primodivisionário nacional,
deixou escola. Veiga Trigo, ex-internacional no deslumbrante cosmos da
arbitragem, foi um dos seus ilustres seguidores, sucedendo que ele
próprio chegou a integrar uma equipa liderada por aquele ilustre senhor
com o qual, aliás, manteve uma amizade próxima. Nessas épocas a
arbitragem bejense estava em alta. Mário Alves foi o primeiro a usar as
insígnias da UEFA ao peito e o segundo Rosa Santos. Nesses tempos Beja,
apesar da diminuta dimensão nacional no que concerne ao fator
competitivo, assumia-se como um potencial berço fazedor de juízes de
campo de gabarito. Rosa Santos e Veiga Trigo atingiram o auge ao serem
justamente considerados como árbitros da FIFA. Com o evoluir do tempo a
nossa arbitragem regional foi perdendo fervor no contexto nacional, mas,
por outro lado, lá fomos descortinando talentos. Examinando as escolhas
pátrias, assistimos, coerentemente, a escrutínios pormenorizados onde
os deuses da mui nobre causa não olham a meios para atingir os fins.
Tudo se remete para a singularidade de nefastas decisões onde proliferam
poderes superiores. O pormenor qualitativo deu lugar a perniciosas
alusões para aqueles que têm o mando na mão. Hoje, o Conselho de
Arbitragem da AF Beja conta com cinco árbitros no Campeonato de
Portugal. Bem-haja a vossa presença! Resta recordar, com saudade, a
imensa rendição de Tiago Dionísio a uma razão à qual se entregou de
corpo e alma.
Fonte: Facebook de JOse Saude
Fonte: Facebook de JOse Saude
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