Donos das balizas
Nói Alves, Vaz Lança, Lança e Titão foram altivos donos das balizas que
superiormente defenderam ao largo das várias épocas futebolísticas. Num
momento em que um inimigo invisível que não conhece qualquer tipo de
fronteiras, Covid-19, invade a nossa liberdade social, dou por mim
confinado às paredes de casa, revendo o álbum de recordações e nesse
jocoso observar de memórias, fixei-me numa imagem que muito me
enterneceu: quatro guarda-redes que no auditório da Biblioteca Municipal
José Saramago, em Beja, posaram para a máquina fotográfica do meu amigo
António Fernandes, aquando da apresentação da obra “Glórias do Passado
II”. Os tempos vividos no hemisfério da bola, trazem-nos eloquentes
instantes de alegria onde as lembranças permanecem hermeticamente
concentradas em egos, cujas eras teimam em reavivar zelosas recordações.
Nói Alves foi um dos astros do futebol bejense que a plebe nunca
esquecerá. Iniciou-se, lá para a zona do João Barbeiro em terrenos
baldios, próximos da praça de touros, outras vezes nas eiras, numa
baliza em que duas pedras demarcavam a linha do golo. Um dia, fruto do
acaso, uma equipa popular de Beja foi jogar a Aldeia Nova de São Bento,
sendo que o Zé Rocha, o Sesinando e o Dionísio, que faziam parte da
comitiva, convidaram o Nói para jogar na baliza, uma vez que faltava um
guarda-redes. Rezam as crónicas da época que o rapaz acedeu ao pedido e
no final da jogatana o Alves foi considerado o protagonista da partida,
tendo em conta a sua enorme exibição. O Despertar soube do feito e
endosso-lhe de pronto o convite. Estreou-se, então, pelos despertarianos
transitando depois para o Desportivo, onde permaneceu durante várias
temporadas. O Vaz Lança demonstrou bastante cedo a sua apetência pela
arte da baliza. Começou no Despertar, passou pelo Sporting CP, onde foi
considerado como o segundo Damas, regressou a Beja para defender as
cores do Desportivo no campeonato nacional de juniores, ingressou na
temporada seguinte no Benfica, fez parte dos trabalhos da seleção
nacional de juniores, voltou ao Despertar onde jogou no campeonato da
terceira divisão, como militar esteve em Angola, foi campeão pelo
Benfica de Nova Lisboa, em França atuou na turma do Estrelas de Bayone e
já por terras lusitanas militou no Vasco da Gama de Sines findando a
carreira no União de Santiago do Cacém. Lança iniciou-se no Lusitano de
Lobito, Angola, no regresso a Portugal radicou-se em Beja, sua terra
natal, defendendo a baliza do Desportivo, Despertar e terminou a sua
carreira ao serviço do popular “Ferróbico”. Titão partiu de Beja muito
jovem e o clube de lançamento foi o Alhandra, tendo defendido também o
símbolo do Olivais e Moscavide. Citei quatro referências de antigos
guarda-redes de futebol que, meritoriamente, foram donos das balizas dos
grémios desportivos onde orgulhosamente atuaram com alma e coração. Que
o Nói Alves e o Titão descansem em paz!
Fonte: Facebook de JOse Saude.
Fonte: Facebook de JOse Saude.
Sem comentários:
Enviar um comentário