O "capitão" da equipa do Mineiro Aljustrelense renovou por mais uma
temporada e mostra-se confiante nas possibilidades da formação tricolor
garantir a manutenção nos nacionais em 2020-2021. Em entrevista ao "CA",
João Nabor passa também em revista a sua carreira e garante que quando
deixar os relvados irá ser treinador.
Acaba de renovar por mais uma temporada com o Mineiro Aljustrelense. Foi um "sim" imediato?
Sim, foi um "sim" imediato! É uma "casa" onde penso terminar a minha
carreira, foi o primeiro convite e como fazia parte dos meus planos
continuar [em Aljustrel] foi um "sim" imediato.
Em 2020-2021 o Mineiro vai manter-se nos nacionais, num campeonato
com um novo modelo. O que lhe parecem as alterações introduzidas pela
FPF na competição?
A meu ver, estas mudanças irão ser positivas
Porquê?
Parece-me que o objectivo é voltar a haver uma divisão intermédia entre a
2ª divisão e os distritais, possibilitando mais equilíbrio e
competitividade entre as equipas, principalmente aquelas que sobem dos
distritais. Porque aquilo que vinha a observar é que existia um fosso
demasiado grande entre o distrital e o Campeonato de Portugal, sobretudo
para as equipas do interior. Era bastante complicado e um nível de
exigência a que não estávamos habituados
Apanhávamos muitas equipas
profissionais e as diferenças eram notórias.
Este novo modelo, na sua opinião, favorece as equipas vindas dos distritais?
Parece-me que sim. E afinal de contas, isto era o que acontecia com a
antiga 3ª divisão, onde havia uma maior facilidade para as equipas da
nossa região garantirem a manutenção.
O Mineiro Aljustrelense terá condições para garantir a manutenção em 2020-2021?
Este ano, como o figurino [do campeonato] é novo, vão existir muitas
opções. Partindo do princípio que não iremos lutar pela subida à 2ª Liga
temos três opções: chegar à 3ª Liga, garantir a manutenção no
Campeonato de Portugal ou descer ao distrital. Mas parece-me até pelas
equipas que deverão ficar na nossa série, pois "fugimos" um pouco
àquelas equipas da zona de Lisboa, com orçamentos que tinham como
objectivos outros voos que vamos ter bastante mais hipóteses de
cumprir os nossos objectivos, neste caso, a manutenção neste campeonato.
Leva já 20 anos de carreira, maioritariamente nos nacionais. Olhando para trás, como é que avalia o seu percurso?
Antes de mais, sinto-me bastante orgulhoso por aquilo que fiz e pelos
clubes aos quais estive ligado. Sinto-me um privilegiado, porque joguei
sempre nos melhores clubes das zonas onde estive, quer aqui no Baixo
Alentejo quer no Alto Alentejo. Joguei maioritariamente nos campeonatos
nacionais e acho que isso reflecte um pouco aquilo que foi a minha
carreira. Por isso, tenho este sentimento de orgulho e de dever
cumprido, porque dei todos os passos que me foram possíveis. Nalguns
casos podia ter aceite alguns convites que me permitissem pisar outros
palcos, mas não sinto arrependimento e estou bastante orgulhoso da
carreira que fiz.
Ou seja, não sente tristeza de ter ido mais além à 2ª Liga, por exemplo , tendo em conta o valor que todos lhe reconhecem?
Não há, até porque à medida que o tempo vai passando nós também nos
vamos apercebendo que este mundo do futebol não é fácil. Apesar de
sentir que até tinha capacidades para lá ter chegado e lá me ter mantido
[na 2ª Liga], o que é certo é que aqui na nossa zona, há uns tempos
atrás, não se tinha a visibilidade que tem agora. Era muito mais difícil
que alguém tivesse os olhos postos na nossa zona! Mas de qualquer das
maneiras, não sinto mágoa
Acho sim que fui até onde foi possível chegar
e, dentro das possibilidades, estive ao melhor nível no nosso contexto.
Nestas épocas todas consegue identificar o momento que foi, para si, mais marcante?
Foi no At. Reguengos [em 2008-2009], quando conseguimos a subida na
altura à 2ª Divisão B com uma equipa que tinha acabado de subir dos
distritais. Fomos a surpresa, porque ninguém estava à espera que uma
equipa vinda do distrital de Évora fizesse este brilharete e subisse
logo no primeiro ano em que chegou aos nacionais. Por todo o contexto
que havia em volta da equipa, pelo ambiente que se criou, acho mesmo que
foi o momento mais marcante da minha carreira.
Já leva oito épocas de Mineiro Aljustrelense
À medida que o tempo vai passando começamos a sentir-nos como parte da
mobília, identificamo-nos cada vez mais com os clubes. O Mineiro é um
clube que me diz muito, é um clube que já faz parte da minha história e
acho que a minha história neste clube não vai ficar por aqui.
O João Nabor vai iniciar a época 2020-2021 com 38 anos (cumpridos
recentemente). Será a sua última temporada ou ainda não pensa na
despedida dos relvados?
Não sei se irá ser a minha última época ou não
Vai depender muito de como irá correr a época em termos físicos.
E depois? Pensa em seguir carreira como treinador, algo que já faz na formação?
Irá passar com certeza, quer seja ligado à formação, quer seja ligado às
equipas seniores. Mas o meu futuro vai passar por aí, isso sim!
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